
A declara��o foi dada por ele nessa quarta-feira (16/8), durante audi�ncia na Comiss�o de Educa��o, Ci�ncia e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sobre a vacina, que � finalista do 2° Pr�mio Euro Inova��o na Sa�de, da Eurofarma.
Garcia, que � coordenador do Centro Regional de Refer�ncia em Drogas da UFMG, ressaltou que nos testes em ratos, por exemplo, foi observada a produ��o de anticorpos anticoca�na no organismo dos animais.
A subsecret�ria de Pol�ticas sobre Drogas da Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp), Cl�udia Leite, anunciou que o Estado investir� R$ 10 milh�es para pesquisas cl�nicas da Calixcoca em humanos.
"A vacina � a esperan�a de milh�es de pessoas e suas fam�lias", disse ela, ao citar dados de 2019 da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) que apontam que 35 milh�es de pessoas no mundo sofrem de depend�ncia qu�mica e que somente uma em cada sete recebem tratamento.
Na Am�rica Latina, a coca�na � a droga il�cita mais relevante, j� a depend�ncia em crack afeta mais de um milh�o de pessoas no Brasil. O pa�s lidera o ranking mundial de usu�rios dessa droga. Segundo a subsecret�ria, a produ��o de crack dobrou entre 2014 e 2019 e a droga � apontada como a causa mais prevalente de interna��es. O dependente em crack ainda teria sete vezes mais chances de mortalidade do que o restante da popula��o.
Objetivo � tratar depend�ncia
Garcia destacou que a ideia do projeto de desenvolvimento da vacina surgiu em 2012, e traz um novo conceito: � uma vacina terap�utica, e n�o de preven��o. Nesse sentido, ele ressaltou que o objetivo n�o � ter uma vacina que seja distribu�da em espa�os urbanos como em cracol�ndia, e nem se sobrepor a outras formas de aten��o ao problema.
"A vacina vai ser testada dentro das melhores pr�ticas e, sendo aprovada, ser� usada em pessoas que estejam engajadas num programa de tratamento, com o objetivo de que possam prosseguir na abstin�ncia. O intuito nunca foi o de usar ou distribuir a vacina de forma indiscriminada", explicou.
Garcia ainda afirmou que o desenvolvimento da vacina nasceu de uma necessidade cl�nica, quando o Minist�rio P�blico adotou a postura de retirar beb�s das m�es usu�rias de drogas logo ap�s o parto.
"O que para n�s � uma trag�dia", frisou. A medida do MP, segundo o pesquisador, causou como��o na universidade. Diversas mulheres chegavam ao centro coordenado por ele "pedindo pelo amor de Deus" algo para conseguirem vencer a depend�ncia antes do nascimento de seus beb�s.
Garcia ainda observou que o projeto da vacina parte do desenvolvimento de uma mol�cula inovadora, que pode servir tamb�m no desenvolvimento de outros produtos.
Mais recursos para continuidade
Para o pr�-reitor de Pesquisa da UFMG, Fernando dos Reis, a vacina traz um imenso grau de inova��o e pioneirismo na forma de seu desenvolvimento. Segundo ele, isso j� chamou aten��o tamb�m de outros pa�ses, o que pode gerar uma nova era no enfrentamento da depend�ncia de drogas.
Apesar de todo o avan�o, Reis tamb�m frisou a necessidade de novos aportes de recursos para que o projeto tenha garantia de continuidade.
Luiz Cl�udio Barbosa, chefe do Departamento de Qu�mica da UFMG, acrescentou que o desenvolvimento da vacina � um projeto multidisciplinar dentro da universidade.
Ele lembrou que a Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig)
teve um papel essencial na capacita��o de pessoal e na montagem de infraestrutura para os estudos em torno da vacina. Por�m, tamb�m frisou que a funda��o precisaria investir mais nas pr�ximas fases.
