
O Hospital Jo�o XXIII divulgou um alerta sobre o risco de acidentes com animais pe�onhentos e insetos. Os profissionais do Centro de Informa��o e Assist�ncia Toxicol�gica de Minas Gerais (CIATox MG), da institui��o de sa�de gerida pela Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), est�o atentos, por exemplo, ao aumento no n�mero de atendimentos a envenenamentos por abelhas, que � quase o dobro do que foi aferido em 2022. O servi�o � uma das principais refer�ncias no acolhimento a situa��es mais severas, e, entre janeiro e agosto de 2023, foram 104 pessoas atendidas, crescimento de mais de 40% se comparado aos 61 pacientes recebidos na unidade, no mesmo per�odo do ano passado, em decorr�ncia desse tipo de acidente.
Em rela��o �s abelhas, uma �nica ferroada pode levar uma pessoa com alergia ou problemas no cora��o � morte, sendo que situa��es de m�ltiplas picadas s�o extremamente graves, seja qual for a condi��o de sa�de, em alguns casos inclusive podendo gerar comprometimento de �rg�os como f�gado e rins.
O m�dico e coordenador da Toxicologia do Hospital Jo�o XXIII, Adebal Andrade Filho, explica que 10% dos casos s�o considerados moderados e graves. "Entre os sintomas est�o a rea��o al�rgica - com dor, edema local e de glote - insufici�ncia respirat�ria, v�mitos, dor de cabe�a, queda da press�o arterial, convuls�es, insufici�ncia renal e destrui��o de fibras musculares", informa.
O coordenador refor�a que esse tipo de ocorr�ncia, relativamente comum durante o ano e menos incidente no inverno, � subnotificado. "Uma boa parte das abelhas no Brasil � africanizada. S�o mais agressivas e podem reagir a est�mulos, com libera��o de grande n�mero de abelhas das colmeias. S�o atra�das por ru�dos, cores fortes e odores. Os acidentes ocorrem tanto no meio rural quanto na zona urbana e, apesar de potencialmente graves, tendem a ser subestimados pela popula��o", aponta.
Por que os ataques de abelhas aumentaram?
A bi�loga especialista em Gest�o Ambiental e professora do Centro Universit�rio Una, Fernanda Raggi, explica que o desmatamento � um dos principais motivadores para o aumento no n�mero de ataques de abelhas registrados ao longo do ano. De acordo com ela, a derrubada de um grande n�mero de �rvores ocasionada pela expans�o urbana faz com que as abelhas saiam em busca de outros lugares onde possam estabelecer as colm�ias.
“Os ataques aumentam em lugares que s�o mais arborizados. Como Belo Horizonte tem um grande n�mero de �rvores, se a gente tem uma press�o pela expans�o urbana e desmatamento das �reas preservadas, as abelhas tendem a vir para a zona urbana que � onde elas encontram �rvores que est�o seguras e que tem flores para elas poderem se alimentar e at� mesmo se reproduzir.”, explica. Segundo Fernanda, essa movimenta��o � vista n�o s� na capital mineira, mas tamb�m na Regi�o Metropolitana e em outras cidades de Minas Gerais.
Al�m disso, os epis�dios tamb�m s�o influenciados pelas esta��es do ano. A bi�loga explica que mais ataques s�o esperados � medida que a primavera e o ver�o chegam, j� que as abelhas saem do per�odo de reclus�o ocasionado pelo inverno e se tornam mais ativas.
“Nessa �poca, acontece um aumento da reprodu��o de flores e, consequentemente, da produ��o do n�ctar e dos gr�os de p�len, utilizado pelas abelhas para produ��o de alimento.”, explica Fernanda. Com a alta disponibilidade de alimento, aumenta tamb�m uma maior disponibilidade de reprodu��o para a abelha rainha.
“Ent�o agora nessa �poca de primavera e de ver�o � o per�odo que a gente vai ter mais ataques. Na primavera � quando elas saem em busca de flores para produ��o de alimento e no ver�o elas saem em busca de lugares seguros para estabelecimento de colm�ias que comportem os novos indiv�duos.”, conta.
Ainda de acordo com Fernanda, essa �poca de maior atividade das abelhas vem sendo antecipada com as mudan�as clim�ticas observadas no mundo todo. “As mudan�as clim�ticas fizeram com que a temperatura aumentasse, as �rvores antecipassem a flora��o e mesmo ainda no finalzinho do inverno voc� j� tem esse aumento dos ataques, porque elas entendem que a primavera j� chegou, mesmo n�o tendo chegado ainda.”, explica.
Em geral, barulhos intensos, perfumes fortes e cores escuras podem desencadear o comportamento agressivo e, consequentemente, o ataque de abelhas. “O ataque acontece quando as abelhas se sentem amea�adas. Quando escutar o barulho da abelha, n�o chegar perto, n�o fazer sons altos e nem movimento brusco pr�ximo dessas colmeias porque ali o instinto delas � de prote��o.”, afirma a bi�loga. Caso as abelhas cheguem perto, � importante se retirar rapidamente do local.
Para evitar problemas maiores, a retirada de col�nias deve ser feita por profissionais treinados e equipados. Vestu�rio e equipamentos como macac�o, luvas, m�scara, botas e fumigador s�o essenciais. Em caso de picadas e ataques mais graves � importante se direcionar imediatamente � uma unidade de sa�de.
“Muitas pessoas s�o al�rgicas e n�o sabem. O veneno da abelha pode causar dor de cabe�a, n�usea e v�mito, mas tamb�m edema de glote que � quando a garganta tampa. Ent�o pode ter uma parada respirat�ria, uma parada card�aca. Os sintomas s�o leves mas podem evoluir para algo maior.”, finaliza Fernanda.
Outros perigos
Acidentes com picadas de escorpi�es e cobras tamb�m s�o recorrentes em tempo de calor e chuva. � nesse per�odo do ano que os animais saem � procura de abrigo em locais secos e acabam aparecendo dentro de casas. Com a presen�a humana em �reas verdes, seja por lazer ou trabalho, aumenta a incid�ncia.
Os acidentes com escorpi�es s�o os mais comuns no estado. At� o �ltimo m�s de agosto, foram 1.051 atendimentos no CIATox, sendo que, em todo o ano de 2022, esse registro foi de 1.654 casos. Em rela��o �s serpentes, o centro recebeu 725 v�timas no ano passado e 492 at� agosto de 2023.
Sobre os primeiros socorros em caso de acidentes mais graves, a primeira provid�ncia � afastar a v�tima do animal pe�onhento, orienta Adebal. "Se poss�vel, fotograf�-lo, em v�rios �ngulos, para que possa ser identificado pela equipe que atender� o paciente. Caso seja capturado, � importante lev�-lo, em seguran�a, para o local de atendimento. Tais procedimentos tornam o tratamento mais �gil e seguro", esclarece, salientando a necessidade de avalia��o m�dica imediata. "Em algumas situa��es, a evolu��o para um quadro grave pode ser r�pida".
Preven��o
Condi��es de risco podem ser evitadas. Segundo o profissional, os acidentes com serpentes ocorrem geralmente em jardins, quintais e planta��es, e as partes do corpo mais vulner�veis s�o m�os, bra�os, p�s e pernas. Assim, Adebal refor�a que o uso de equipamentos de prote��o, como botas e luvas de raspas de couro, � importante e previne 80% dos casos.
"J� os escorpi�es s�o mais comuns em �reas urbanas e o cuidado deve ser intensificado para que n�o entrem na resid�ncia. � recomendado usar telas met�licas nos ralos, manter a limpeza de �reas externas e utilizar rodo vedador de portas", diz.
Crian�as menores de sete anos e idosos est�o mais suscet�veis a complica��es por acidentes com animais pe�onhentos. Dessa maneira, � importante sempre balan�ar cal�ados e roupas antes da utiliza��o, pois escorpi�es podem estar escondidos nas pe�as.
Em caso de acidentes, o CIATox pode ser acionado para orienta��es sobre os primeiros socorros at� o encaminhamento � unidade de sa�de. Os telefones s�o (31) 3224-4000, 3239-9390, 3239-9308 ou 0800-7226001.