
No inqu�rito, a Pol�cia Civil tamb�m indiciou o investigador Celso Trindade de Andrade pelo crime de inj�ria. O processo contra ele ser� descontinuado e arquivado, j� que o prazo para que se d� entrada judicial em crimes contra a honra, como a inj�ria, � de seis meses. A investiga��o apontou que os fatos ocorridos entre Celso e Rafaela aconteceram em 2022.
Raquel n�o � mais representante da fam�lia, mas atuou em grande parte do processo e tamb�m � advogada de outras mulheres que denunciaram casos de ass�dio dentro da Pol�cia Civil do estado.
Em entrevista ao Estado de Minas, a advogada diz que enxerga com preocupa��o os crimes imputados aos dois investigados. “Chega a ser rid�culo, diante de todas as provas que foram constitu�das nos autos, bem como todos os �udios e v�deos que vieram a circular na m�dia.
N�o restou d�vidas que o inspetor Celso praticou os crimes de ass�dio sexual e moral, diante de todas as provas que foram circuladas na grande m�dia e foram vistas por toda a sociedade, de forma perplexa”, disse.
“A impress�o que se d� � que tudo foi arquitetado e planejado para poder isent�-los das puni��es corretas e, que assim a justi�a n�o fosse feita da maneira que deveria ser feita, dando satisfa��o � sociedade, na forma de puni��o correta aos assediadores da Rafaela e de tantas outras mulheres”, completou a advogada.
O crime em que o delegado foi indiciado se aplica quando “deixa de responsabilizar o subordinado que cometeu alguma infra��o no exerc�cio do cargo” ou quando n�o comunica “o fato ao conhecimento da autoridade competente”. Raquel entende que ele tamb�m deveria ter sido responsabilizado pelos ass�dios atribu�dos � Rafaela. “Ele pode at� ter praticado esse crime sim, mas ele, tamb�m, assediou moralmente a Rafaela, pois isso restou comprovado por todos os �udios, v�deos e mensagens que ela deixou como prova. Mas teria que ser responsabilidade por ass�dio moral, tamb�m, j� que era superior dela”, explicou.
“Nossa luta por justi�a, perde muito com o final deste inqu�rito, pois mais uma vez estamos vendo a justi�a ficar de lado em detrimento de machismo institucional e condescend�ncia da pr�pria pol�cia em rela��o a homens que cometem crime dentro da institui��o, ao passo que servidoras mulheres s�o assediadas sexualmente e moralmente todos os dias”, finalizou Raquel.
Fam�lia tamb�m ficou insatisfeita com a conclus�o do inqu�rito
O pai de Rafaela, Aldair Drumond, conversou com a reportagem e tamb�m disse estar insatisfeito com o resultado final do inqu�rito. Para ele, tanto o delegado quanto o investigador deveriam ter sido inclu�dos na den�ncia de ass�dio. “No meu ponto de vista, a pol�cia pegou leve. Eles deveriam ter inclu�do o ass�dio. Foi comprovado que houve o ass�dio. Como pai, vejo que deveriam ter sido indiciados pelos ass�dios”, disse.
“Acontece que eles investigaram como indu��o ao suicidio. O que teve mesmo foi o ass�dio.
Eu entreguei minha filha 100% para a pol�cia. Esse indiciamento comprova que ela sofreu algo l� dentro. Abaixou a auto estima dela, afetou toda a vida, n�o s� na pol�cia, mas tamb�m fora da vida profissional dela”, completou Aldair.
Confira a nota da Pol�cia Civil
A Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que devido ao sigilo decretado nos autos, e a tramita��o da sindic�ncia, n�o � poss�vel a divulga��o de informa��es mais detalhadas. Seguem as informa��es poss�veis de serem repassadas no momento: A Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que concluiu o inqu�rito policial que apurou as circunst�ncias da morte da escriv� de pol�cia Rafaela Drumond. O procedimento foi relatado e remetido, dentro do prazo legal, nesta quarta-feira (13/9), � promotoria de justi�a na comarca de Caranda�/MG. Tratou-se de uma investiga��o minuciosa e complexa, em que foram realizadas diversas dilig�ncias, destacando-se as oitivas de testemunhas e de envolvidos, a extra��o e an�lise dos dados do aparelho telef�nico da escriv�, al�m da elabora��o de outros laudos periciais. O inqu�rito policial, que tramitou sob sigilo, ser� analisado pelo Minist�rio P�blico, �rg�o de fiscaliza��o e controle externo da atividade policial, a quem cabe propor eventual a��o penal. A PCMG esclarece que tramita na Corregedoria-Geral de Pol�cia Civil sindic�ncia administrativa com o objetivo de apurar poss�veis infra��es disciplinares por parte de seus servidores.
Relembre o caso
A escriv� Rafaela Drumond, de 31 anos, tirou a pr�pria vida em 9 de junho, na casa de seus pais no distrito de Ant�nio Carlos, na Regi�o do Campo das Vertentes. Ela trabalhava em uma delegacia em Caranda� e, meses antes do fato, enviou �udios para a fam�lia e amigos relatando situa��es de abuso e ass�dio por parte de colegas. O caso ainda est� sendo apurado pela Corregedoria-Geral da Pol�cia Civil de Minas Gerais. Os suspeitos de assediar a mulher foram transferidos da unidade em que trabalhavam, mas permanecem trabalhando.
Tanto o celular de Rafaela quanto v�deos enviados por ela aos amigos come�aram a ser periciados pela Pol�cia Civil. Nos �udios obtidos pela investiga��o, Rafaela relata situa��es de ass�dio moral e sexual, persegui��o, boicote e at� uma tentativa de agress�o f�sica por parte de um colega de trabalho. Em uma das mensagens, ela explica que n�o queria tomar provid�ncias em rela��o aos fatos por medo.
"N�o quis tomar provid�ncia porque ia me expor. Isso � Caranda�, cidade pequena. Com certeza ia se voltar contra quem? Contra a mulher. Eu deixei, prefiro abafar. Eu s� n�o quero olhar na cara desse bo�al nunca mais", narra.
Em outra grava��o, a escriv� disse estar cansada dos epis�dios, que se mostravam recorrentes. Os �udios teriam sido enviados em fevereiro, quatro meses antes da morte de Rafaela. "Eu nem contei para voc�s, porque, sabe, umas coisas que me desgastam. Quanto mais eu falo, mais a energia volta. Fiquei calada. Fiquei quieta, na minha, achando que as coisas iriam melhorar. Eu n�o incomodo muita gente, mas, enfim, agora chega", diz Rafaela, na grava��o.