
A obra “O Voo”, que mostra uma ‘escada humana’ de 65m de altura, completaria cinco anos no m�s que vem sem altera��es, mas, por quest�es t�cnicas e estruturais, o pr�dio passa reformas, e o condom�nio n�o poderia arcar com os custos de manuten��o da obra de arte.
Para manter sua arte exposta em um pr�dio no Centro da capital mineira, Comum resolveu buscar recursos para cobrir os custos por meio de uma campanha de arrecada��o on-line. “Eu tinha muito pouco tempo para conseguir esse dinheiro. Na minha planilha, o custo estava saindo em R$ 15 mil. Eu tinha seis dias para arrecadar esse dinheiro e, para a minha grata surpresa, a gente conseguiu arrecadar o valor em menos de 24 horas”, comemora.
Comum conta que entrou em contato com as pessoas respons�veis pelo condom�nio na tentativa de pedir alguma ajuda para executar a repintura da empena. “Fui correr atr�s de negociar com o condom�nio, saber o que eles poderiam fazer por mim. O condom�nio disponibilizou a estrutura de ‘balancinho’, que � aquele elevador que sobe e desce na fachada do edif�cio, uma das partes mais caras do processo de pintura”, explica.
Sobre a reforma, a previs�o de Comum � de que seja um trabalho relativamente r�pido, em torno de cinco a seis dias. No entanto, as condi��es clim�ticas precisam ajudar. Por quest�es de seguran�a, o processo de restauro deve acontecer apenas em tempo seco, sem chuvas.
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“� preciso tomar algumas precau��es. A principal delas � a aplica��o de verniz e o uso de tinta linha premium. A qualidade da tinta conta muito nessa hora. Ent�o, usar um material de qualidade � uma forma de garantir uma longevidade maior. Inclusive, nessa repintura, eu vou usar um verniz mais eficiente. Mas, de forma geral, essa luta contra o tempo � muito ingrata”, enfatiza.
Por fim, o artista agradece a todas as pessoas que contribu�ram para que os recursos fossem levantados para cobrir os custos do restauro.
“� como se a empena come�asse do zero a vida �til dela. Queria manifestar minha gratid�o pelo apoio das pessoas, eu tinha confian�a que a gente ia conseguir juntar esse dinheiro, mas n�o que fosse t�o r�pido. Vejo isso como uma forma que a cidade est� legitimando esse trabalho, as pessoas est�o apoiando e compreendendo esse tipo de arte”, diz.

Apoio do Cura
Esse projeto de restauro da arte exposta na empena do pr�dio na Rua da Bahia tamb�m contou com o apoio do Cura, o Circuito Urbano de Arte, respons�vel por edi��es de festivais e cria��o de mirantes de arte urbana desde 2017.Em entrevista, a diretora art�stica do festival, Juliana Flores, explica que o Cura entra em contato com os pr�dios e atua nas pinturas junto aos artistas, por�m, eles n�o possuem recursos para realizar os reparos nas obras de arte.
“O Cura, por ser um festival que depende de captar recurso, aprovar projeto e tudo mais, a gente n�o tem esse or�amento de manuten��o das pinturas. A gente at� gostaria de fazer um projeto s� dessas repinturas das empenas, porque, com o passar dos anos, as pinturas v�o se deteriorando, e a gente queria muito que ficasse de forma mais permanente”, afirma.
A equipe do festival, ent�o, apoiou o projeto de Comum na parte mais t�cnica, com rela��o a contratos e quest�es burocr�ticas e tamb�m com a divulga��o nas redes sociais da campanha de arrecada��o que o artista estava realizando. Juliana elogiou as pessoas que puderam ajudar nas doa��es e falou sobre a import�ncia da manuten��o dessa arte para a cidade.
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“Estou muito feliz com o quanto a cidade se mobilizou para apoiar essa repintura do Comum e isso mostra a import�ncia dessas obras de arte p�blica e como elas criam v�nculos afetivos com as pessoas. A gente ficou bem feliz com a repercuss�o e isso trouxe um alerta para a gente pensar sobre a preserva��o dessas obras.”
A diretora art�stica revela que, para este ano, o Cura estava concentrando seus esfor�os em um projeto na capital amazonense, Manaus. Levando a arte urbana para o Norte do pa�s, em agosto de 2023, eles produziram o Cura Amaz�nia.
A expectativa, segundo ela, � que haja uma edi��o em Belo Horizonte em meados de 2024, com um mirante 360° na Pra�a Raul Soares, �rea de atua��o do Cura desde 2021. Mas ainda existem algumas pend�ncias na capta��o de recursos para serem resolvidas.
“A gente j� aprovou o projeto nas leis de incentivo e estamos buscando patroc�nio com as empresas. � um projeto caro e a gente tem estudado tamb�m essa coisa de fazer campanha de arrecada��o, at� porque a gente sabe que o Cura � muito querido e que as pessoas t�m um carinho muito grande com as obras. Mas a gente ainda n�o definiu isso”, afirma.
*Estagi�riosob supervis�o do subeditor Edu Oliveira