O governo da L�bia pode estar contendo o fluxo de refugiados, ao manter dentro do pa�s milhares de pessoas que tentam cruzar a fronteira com a Tun�sia, afirmou nesta sexta-feira uma autoridade brit�nica.
Em visita � Tun�sia, o secret�rio brit�nico para desenvolvimento internacional, Andrew Mitchell, afirmou que imagens feitas por sat�lite indicam que milhares de pessoas que tentam sair do pa�s est�o sendo mantidas a alguma dist�ncia da fronteira.
Mitchell visitou um campo de refugiados localizado na fronteira entre a Tun�sia e a L�bia, onde est�o cerca de 18 mil pessoas.
Um correspondente da BBC na fronteira afirma que houve uma grande queda no n�mero de refugiados que deixam a L�bia. Ag�ncias internacionais de ajuda humanit�ria j� se mostram incertas se devem manter ou diminuir o ritmo de suas opera��es.
Os combates na L�bia, entre for�as pr� e contra o l�der do pa�s, coronel Muamar Kadhafi, levaram a uma grande crise humanit�ria na fronteira do pa�s com a Tun�sia. Entre 80 e 90 mil pessoas j� fugiram para a Tun�sia desde o in�cio da viol�ncia.
Helic�ptero
Os tr�s tripulantes de um helic�ptero da marinha holandesa foram capturados depois de tentar evacuar dois cidad�os estrangeiros da L�bia. A televis�o estatal l�bia exibiu imagens da tripula��o, assim como do helic�ptero e de armamentos.
A emissora afirmou que o aparelho entrou no espa�o a�reo l�bio "descumprindo a lei internacional". Autoridades da Holanda afirmam que o helic�ptero foi capturado no domingo perto da cidade de Sirte, no centro do pa�s, onde iria resgatar dois cidad�os europeus.
Os indiv�duos que seriam evacuados - um holand�s e outro de nacionalidade n�o confirmada - foram capturados junto da tripula��o. Todos passam bem. O governo da Holanda diz estar negociando a liberta��o de todos com autoridades l�bias.
O helic�ptero deveria ter atuado em uma opera��o contra pirataria na Som�lia, mas foi deslocado para a L�bia em 24 de fevereiro. A cidade de Sirte � considerada a principal �rea controlada por Kadhafi no centro da L�bia.
Tuaregues
Centenas de integrantes da comunidade tuaregue de Mali teriam partido em dire��o � L�bia para se unir �s for�as leais a Kadhafi, segundo afirmou uma autoridade malinesa.
Os tuaregues s�o um povo n�made que vive na regi�o do Saara, em pa�ses como N�ger e a Arg�lia, al�m de Mali. Uma alta autoridade do norte de Mali disse a um correspondente da BBC que entre 200 e 300 tuaregues sa�ram do pa�s na semana passada. Eles teriam recebido cerca de US$ 10 mil (R$ 17 mil) para lutar, al�m de US$ 1 mil (R$ 1,7 mil) por dia.
A autoridade afirmou que o governo ficou impotente para conter os tuaregues por n�o ter controle sobre as suas �reas de fronteira, onde predomina o deserto. Mali e L�bia n�o fazem fronteira: para chegar de um pa�s a outro por terra, � necess�rio cruzar a Arg�lia ou N�ger.
H� diversos relatos de que Kadhafi estaria usando mercen�rios estrangeiros para combater os opositores de seu regime, que enfrentam diariamente as for�as do governo e controlam diversas cidades l�bias.
Bombardeio
Nesta sexta-feira, a TV eg�pcia Nile News TV informou que avi�es militares bombardearam galp�es de muni��o no leste da L�bia, mas n�o acertaram o alvo.
O incidente teria ocorrido pr�ximo de uma base militar na cidade de Ajdabiya.
Opositores do regime pediram que novos protestos sejam realizados ap�s as preces da sexta-feira na capital, Tr�poli, que continua um basti�o do governo.
Na semana passada, o regime reprimiu duramente protestos na capital. Testemunhas disseram que as for�as de Khadafi receberam a bala manifestantes que foram �s ruas ap�s as cerim�nias religiosas.
Desde ent�o a pol�cia do regime tem sido acusada de uma s�rie de pris�es, assassinatos e desapari��es contra membros da oposi��o.
Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que Khadafi "perdeu a legitimidade e deve deixar o poder". "As exig�ncias do povo l�bio de liberdade, democracia e dignidade t�m de ser atendidas", disse Obama em Washington. Em uma das declara��es mais fortes que faz at� agora contra o regime da L�bia, Obama afirmou que a sa�da de Khadafi � "melhor para seu povo e para seu pa�s" e que seus colaboradores "devem entender que eles ser�o monitorados e responsabilizados" por atos de viol�ncia contra a popula��o.
Na Europa, Gr�-Bretanha e Fran�a indicaram que apoiam o plano de criar uma zona de exclus�o a�rea sobre a L�bia para impedir que as for�as leais a Khadafi lancem ataques a�reos em �reas tomadas pelos rebeldes.
Impasse
O rep�rter da BBC Kevin Connolly, que est� na cidade tomada pela oposi��o, disse que as for�as rebeldes e do governo parecem ter chegado a um "impasse".
Nem um nem outro lado demonstram capacidade de mobilizar grandes recursos militares ou b�licos na vasta extens�o do deserto l�bio, diz o rep�rter. "Isto eleva a amargo prospecto de um impasse militar e um v�cuo pol�tico, no qual negocia��es a fundo seriam dificultadas pelo objetivo �nico de Khadafi de permanecer no poder e o objetivo �nico dos rebeldes de remov�-lo", afirmou Connolly.
Na cidade de Brega, p�lo petrol�fero no leste do pa�s, os rebeldes est�o se preparando para novos confrontos, entre especula��es de que o l�der l�bio recrutou mais de 300 mercen�rios do Mali.
Na quinta-feira, as tropas de Khadafi bombardearam a cidade, mas n�o conseguiram atingir alvos petrol�feros. N�o houve relatos de fatalidades.
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For�as leais a Khadafi bateram em retirada ap�s enfrentar os rebeldes em Brega na quarta-feira, estacionando em outro p�lo petrol�fero, Ras Lanouf.
No oeste do pa�s, os rebeldes tamb�m evitaram que o governo retomasse o controle de Zawiya e Misrata.
A viol�ncia j� fez com que 200 mil pessoas deixassem o pa�s em dire��o ao Egito, Tun�sia e N�ger, estima a Organiza��o Internacional para Migra��es.
Na quarta-feira, o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, Luiz Moreno Ocampo, anunciou que investigar� Khadafi, seus filhos e seus principais assessores por crimes contra a humanidade.
A Corte disse ter identificado pelo menos nove incidentes que poderiam constituir crimes contra a humanidade, incluindo a suposta matan�a de 257 pessoas em Benghazi.
Em declara��es � BBC, um porta-voz do governo libio, Moussa Ibrahim, chamou o processo de "piada" e disse que o caso � constitu�do puramente a partir de reportagens na imprensa.