
Apesar do caos que toma conta da cidade japonesa de Sendai, a mais afetada pelo grande terremoto da �ltima sexta-feira, seus moradores e os de localidades vizinhas tentam levar uma vida normal enquanto esperam o sinal verde do governo para voltar para suas casas.
As escolas e gin�sios p�blicos se transformaram em abrigos seguros para quem teve a moradia comprometida pelo tremor.
A senhora Matsuda, de 70 anos, passa o dia caminhando em volta da escola e fazendo origami. "Temos de nos exercitar e tamb�m ocupar a mente. N�o podemos ficar s� pensando em coisas tristes", afirma.
Ela puxa conversas animadas com duas outras senhoras, todas vi�vas morando sozinhas.
"Caiu muita coisa em casa e h� cacos de vidro por toda parte. Estou preparada para ficar aqui no abrigo por muito tempo, at� dizerem que posso voltar para casa", disse � BBC Brasil.
Rie Takano, sua filha, e seu marido tamb�m se alojaram em um dos diversos abrigos montados pelo governo local. Levaram muita roupa de frio, alguns objetos de cozinha e colchonetes para forrar o ch�o frio.
"A melhor op��o � ficar aqui no abrigo, que nos fornece comida e �gua. Em casa h� o perigo de o pr�dio desabar, caso ocorra outro tremor", disse a japonesa.
Educa��o e solidariedade
O caos poderia ser pior se n�o fosse a cultura dos moradores locais, que fazem fila e aguardam pacientemente por sua vez, seja para fazer compras, abastecer o carro ou simplesmente obter um bolinho de arroz.
Mesmo abalados, muitos ainda t�m for�a para ajudar outros desabrigados, cuidando da organiza��o dos abrigos e dividindo-se em tarefas de limpeza, prepara��o de comida, recep��o de desalojados e distribui��o de doa��es.
A volunt�ria Eiko Sato contou � BBC Brasil que, na sexta-feira, dia do terremoto, sua primeira atitude foi sair pelo bairro para ver se todos estavam bem.
Depois, foi correndo para a escola prim�ria do bairro, pois ela � a chefe dos volunt�rios, tarefa para a qual foi treinada durante anos.
No Jap�o, � comum haver treinamentos, pelo menos duas vezes ao ano, para que as pessoas saibam se proteger em casos de terremoto e outros desastres naturais.
Os volunt�rios aprendem ainda como preparar alimentos sem utilizar g�s ou energia el�trica, al�m de outros truques para economizar o m�ximo poss�vel, como utilizar �gua da piscina para as descargas dos banheiros.
"Nem tive tempo de voltar para casa ainda. H� muito servi�o e precisamos ajudar a todos", disse. A escola em que Eiko est� trabalhando recebe em m�dia 800 pessoas por noite. "Todos temos de fazer nossa parte."

