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Estado de Minas

Estrangeiros que deixaram Jap�o enfrentam hostilidade no retorno


postado em 24/03/2011 07:43



Isaac e seu filho, Matheus: brasileiro não pensa em deixar o Japão(foto: arquivo pessoal )
Isaac e seu filho, Matheus: brasileiro n�o pensa em deixar o Jap�o (foto: arquivo pessoal )


Muitos estrangeiros e japoneses residentes em T�quio que voltaram ao trabalho nesta semana, depois do terremoto e do tsunami que assolaram o Jap�o no �ltimo dia 11, lidam agora com a rejei��o de quem se manteve em atividade no �pice da crise. “Percebi que h� uma tens�o entre os japoneses e os estrangeiros que est�o voltando ao trabalho”, disse � BBC Brasil Mark Pink, fundador da empresa de recrutamento TopMoneyJobs.com, de T�quio.

Com o risco do terremoto e da contamina��o radioativa, muitos japoneses deixaram a capital e se refugiaram em cidades do interior. No entanto, foram os estrangeiros que mais lotaram voos e trens em busca de lugares seguros.

Uma nova corruptela foi criada para designar estes estrangeiros que deixaram o Jap�o: flyjin (soma de fly, “voar” em ingl�s, e gaijin, “estrangeiro” em japon�s).

A “fuga” ocorreu, em boa parte, pelos apelos dram�ticos de algumas embaixadas, como a norte-americana, a alem�, a chinesa e a francesa, que aconselharam seus cidad�os a deixar o pa�s frente � amea�a de uma crise nuclear fora de controle.

Quest�o cultural

A decis�o de “abandonar o navio”, segundo Pink, est� diretamente ligada � quest�o cultural. “No Jap�o, h� uma cultura de que o trabalho � t�o ou mais importante do que a fam�lia”, disse. “J� para os estrangeiros, a seguran�a est� em primeiro lugar.”

Para o executivo, a m�dia estrangeira tamb�m colaborou para aumentar o desespero das pessoas. “Houve ainda uma press�o de amigos e familiares para que eles voltassem para seus pa�ses ou fossem para outro lugar longe do Jap�o.”

Atsushi Saito, diretor da Bolsa de Valores de T�quio, disse em entrevista que est� desapontado com os estrangeiros. “Temos de acabar com esses rumores e mostrar o quanto o Jap�o � um pa�s maravilhoso”, disse.

Em rela��o ao trabalho, Pink diz que ainda � cedo para fazer uma an�lise mais profunda. “Mas h� esposas e familiares de gerentes que n�o querem mais voltar para o pa�s. Ent�o, a menos que haja uma altera��o na responsabilidade desses funcion�rios dentro da empresa, muitos ter�o de pedir as contas.” “Entendo que isso tudo � muito frustrante para os japoneses, mas como dizem os franceses: ‘c’est la vie’ (� a vida)”, afirma.

Opini�es diversas

O japon�s Hiroyuki Yasuda diz que entende a decis�o dos estrangeiros e lembra que muitos japoneses tamb�m foram para outro lugar. “Eles t�m essa alternativa e, quando voltarem, n�s os receberemos de bra�os abertos”, disse.

O brasileiro Julio Cesar Caruso, 35 anos, � outro dos que respeita a decis�o de quem partiu. “Eu mesmo n�o fui para outro lugar por ter uma filha que vive com a m�e em T�quio e sabendo que elas permaneceriam aqui”, disse. “Jamais me sentiria tranquilo em qualquer parte do Jap�o ou do mundo.”

Para Caruso, as pessoas fora do Jap�o est�o mais apavoradas do que as que vivem aqui. “Mas n�o creio que isso se deve somente ao exagero cometido pela m�dia, mas tamb�m pela falta de conhecimento da geografia do Jap�o. Era preciso mostrar que n�o foi o Jap�o todo que foi atingido pelo maremoto ou pelo terremoto.”

Isaac Almeida Silva J�nior, 39 anos, tamb�m acha que houve um exagero da m�dia. “Minha m�e chegou a pedir para n�o comer, n�o beber �gua da torneira e nem tomar banho”, afirma o brasileiro, que n�o pensa em voltar ao Brasil por causa dos filhos que vivem com a ex-mulher.

No entanto, Silva J�nior n�o deixa de criticar os japoneses. “Na crise econ�mica de 2008/09, os estrangeiros foram os primeiros a serem mandado embora. At� pagaram para os brasileiros deixar o pa�s. Ent�o, agora eles n�o podem criticar quem tem a op��o de ir para um lugar mais seguro”, falou.

J� a japonesa Mai Mizuno diz que a vontade � de deixar T�quio. “N�o entendo porque os escrit�rios continuam funcionando. Isso tudo � uma loucura”, disse. O namorado, espanhol, j� fugiu do pa�s. “Ele foi para Taiwan e vive agora outra realidade.”


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