
Com poderes econ�micos delegados pelo presidente venezuelano, Hugo Ch�vez, antes de sua hospitaliza��o em Cuba h� um m�s, aliados as fun��es de seu cargo, o vice-presidente Nicol�s Maduro tem caminho livre para assumir a lideran�a do governo, que deve se tornar mais coletivo, sem se afastar do caminho tra�ado pelo governante, acreditam os analistas.
Pela "Constitui��o, o vice-presidente executivo possui poderes muito amplos e a eles se somam as atribui��es concedidas por Ch�vez. Isso permite um gest�o bastante ampla", comentou � AFP o cientista pol�tico Ricardo Sucre.
Maduro recebeu na quinta-feira o apoio de mais de 20 representantes de governos da regi�o, incluindo o dos presidentes da Bol�via, Evo Morales, do Uruguai, Jose Mujica, e da Nicar�gua, Daniel Ortega, durante uma cerim�nia nas ruas de Caracas, no dia em que Ch�vez tomaria posse.
Maduro j� havia recebido o apoio do Tribunal Supremos de Justi�a, que determinou na quarta-feira a manuten��o do governo, com base no "princ�pio da continuidade administrativa", e que Ch�vez n�o deve ser substitu�do na presid�ncia.
A Organiza��o dos Estados Americanos (OEA) declarou seu respeito � decis�o "dos poderes constitucionais da Venezuela".
Mas este ex-sindicalista de Caracas, que foi presidente do Parlamento, assegura que seu tempo � frente do pa�s vai durar apenas enquanto o presidente se recupera em Cuba de um quadro de "insufici�ncia respirat�ria", ap�s ter sido submetido a uma quarta cirurgia contra o c�ncer h� um m�s.
"Na Venezuela, temos um �nico presidente e se chama Hugo Ch�vez, temos apenas um comandante-em-chefe, somos simples homens e mulheres do povo que est�o aqui para acompanh�-lo e trabalhar com ele", declarou Maduro aos partid�rios de Ch�vez na quinta-feira.
Analistas concordam que o s�mbolo de Ch�vez como presidente servir� para manter a unidade dentro do chavismo, onde coexistem militares nacionalistas e membros da esquerda alinhados com a revolu��o cubana.
At� o momento, Maduro tentou imitar a ret�rica do presidente, com ataques verbais contra a oposi��o, acusando-a de tentativa de golpe.
"A estrat�gia do partido � a de manter o status quo at� que Ch�vez desapare�a completamente, com a morte, ou, por algum milagre, at� que volte para a pol�tica", considerou o analista pol�tico Angel Alvarez.
Para Alvarez, professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), quem "diz que governa em nome de Ch�vez alcan�a maior legitimidade no Partido" Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) e nas bases chavistas.
Ainda assim, Maduro precisar� defender a sua posi��o nas elei��es fixadas em 30 dias pela Constitui��o, caso a aus�ncia absoluta de Ch�vez seja confirmada, por ren�ncia ou morte, entre outros fatores.
Mas, na aus�ncia da figura carism�tica de Ch�vez, Maduro ter� que contar com uma lideran�a mais coletiva, apoiada pelos ministros, o PSUV e os 20 governadores do partido governista eleitos regionalmente.
"Ser� um governo menos personalista, porque (Maduro) n�o tem o carisma de Ch�vez. Ser� um governo do partido e das for�as armadas, mais empresarial e menos pessoal", aponta Alvarez.
"A doen�a de Ch�vez leva a uma lideran�a mais coletiva e partilhada", concorda Alexander Luzardo, doutor em direito pol�tico e professor da UCV.
Este ano trar� outros grandes desafios. Especialistas consideram que o d�ficit fiscal obrigar� o governo a desvalorizar o bol�var e a cortar gastos p�blicos, o que pode afetar o apoio das classe mais pobres, acostumadas aos subs�dios do governo, em meio � problemas recorrentes, como a escassez de alguns alimentos.
Apesar disso, os analistas acreditam que ser� dif�cil Maduro mudar a dire��o estrat�gica do governo, mantendo as medidas econ�micas, nacionaliza��es e pesados gastos com programas sociais financiados pelas receitas do petr�leo.
"Maduro era de esquerda quando Ch�vez n�o era", ressalta �lvarez.
Apesar de no in�cio deste m�s ter confirmado os contatos com os Estados Unidos e afirmar que as rela��es diplom�ticas bilaterais podem ser regularizadas com o tempo, o vice-presidente deixou claro que os dois pa�ses t�m "crit�rios absolutamente conflitantes".
O l�der da oposi��o Henrique Capriles, que perdeu a elei��o presidencial para Ch�vez em outubro, desafiou Maduro a "governar imediatamente".
Mais cedo, em sua conta no Twitter, Capriles afirmou que Maduro "n�o aguentaria muitos rounds em uma corrida presidencial", referindo-se ao desejo de Ch�vez de que seja o candidato oficial.
Neste cen�rio, os especialistas tamb�m dizem que, se a aus�ncia de Ch�vez for prolongada, a posi��o de Maduro poderia desmoronar.
"Em alguns meses as pessoas v�o voltar a perguntar o que est� acontecendo com Ch�vez (...) e a elei��o pela aus�ncia completa de Ch�vez vai acontecer", afirma Sucre.
A porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Nuland, afirmou na quinta-feira: "Como todos, estamos esperando qual ser� o pr�ximo passo no processo pol�tico venezuelano".