Lilian Monteiro

A primeira rea��o foi mesmo a surpresa. Depois, num misto de espanto e alegria, argentinos que vivem em Belo Horizonte ficaram contentes com a escolha de Jorge Mario Bergoglio como o novo l�der da Igreja Cat�lica, o papa Francisco. Alguns esperam dias de bem-aventuran�a e j�bilo na caminhada do jesu�ta, outros se confessam c�ticos quanto a grandes mudan�as no rumo do catolicismo. No entanto, todos concordam que a mudan�a de comando � um passo, no m�nimo, ousado. O c�nsul da Argentina na capital mineira, Jose Antonio Cacieiro, diz que mais importante que um papa argentino � o fato de ele ser latino-americano. “E por ser jesu�ta, vai agregar e lutar pelos pobres, por aqueles que est�o em situa��o social cr�tica, n�o s� da Igreja Cat�lica, mas do mundo todo”, acredita.
Para Cacieiro, a mudan�a de dire��o no Vaticano com o primeiro papa n�o europeu em mais de mil anos � positiva e interessante, mas ele refor�a que “o papa transcenda a nacionalidade. Ao ser eleito, ele passa a ser um cidad�o do mundo, o l�der dos cat�licos em qualquer l�ngua, em qualquer parte”. A professora de espanhol do Instituto Cervantes Andrea Morini de Emeli diz n�o ter se impressionado com a nacionalidade do novo papa. Sentiu uma “pequena cota de orgulho, mas o impactante foi por ele ser jesu�ta. Algo incr�vel porque a ordem sempre foi criticada profundamente pelo Vaticano, diante das atitudes de ostenta��o e s�mbolos mon�rquicos. Para mim, era algo imposs�vel. No entanto, acho que a Santa S� deu conta que � imprescind�vel uma reforma profunda. Confio que ele ter� for�as”.EMO��O O estudante de fisioterapia e enfermagem Rafael Bryan Oliva, h� 12 anos em BH, n�o escondeu a felicidade. “Sou cat�lico, acompanhei tudo e esse � um momento muito importante para n�s. Fiquei emocionado, ainda mais por ele ser jesu�ta e pelo compromisso de trabalhar pelos pobres. O papa vai resgatar a f� dos cat�licos, que andavam desgarrados. O nome Francisco � de grande respeito e o mundo est� precisando de pessoas simples e humildes. Minha fam�lia em Buenos Aires vibrou. � uma felicidade, assim que ouvi seu nome comecei a sorrir.”

H� 13 anos em Minas, Santiago Calonga, dono do bar e cafeteria Arc�ngelo, no Edif�cio Maleta, no Centro, lembra que em 2005 sabia da for�a de um cardeal argentino (era Jorge Mario Bergoglio), mas agora pensava na elei��o do representante brasileiro ou talvez um africano. “Foi uma surpresa e acredito numa decis�o estrat�gica. A igreja tem perdido fi�is e por ter sangue italiano � um conservador. Por isso, acho que n�o vai mudar nada na trajet�ria do catolicismo.” Por outro lado, Calonga destaca o perfil carism�tico e o estilo cr�tico do papa que, “como todo argentino n�o fica calado e, desculpe o trocadilho, n�o tem papas na l�ngua. � um homem humilde, jesu�ta, de comportamento simples e humilde. Mas essas s�o caracter�sticas que dizem respeito a ele. N�o sei se ele conseguir� transferi-las para a Igreja”.