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Estado de Minas

Papa argentino assume papel importante no relacionamento entre a Igreja e o Estado

Ao ser entronizado no dia 19 perante 200 delega��es oficiais, o papa Francisco assume chefia de comunidade de 1,2 bilh�o de fi�is e de uma institui��o com foro de na��o teocr�tica, o que j� levou o Vaticano a enfrentar s�rios conflitos


postado em 15/03/2013 00:12 / atualizado em 15/03/2013 07:32

Otac�lio Lage

 

Papa Francisco enfrentará dificuldades na conciliação de Igreja e Estado(foto: OSSERVATORE ROMANO / AFP)
Papa Francisco enfrentar� dificuldades na concilia��o de Igreja e Estado (foto: OSSERVATORE ROMANO / AFP)

 Em entrevista recente, o diretor da Sala de Imprensa da Santa S�, padre Federico Lombardi, explicou as diferen�as entre a Igreja e o Estado Vaticano, entre a Igreja “comunidade de fi�is” e a Igreja Estado. “O essencial � entender que Jesus continua a existir no tempo gra�as � funda��o da Igreja, ou seja, da comunidade que vive de f�, de esperan�a e de caridade, encontrando na figura de Cristo o caminho para encontrar o Senhor”, disse ele. Segundo o sacerdote, essa comunidade � liderada pelo papa, sucessor de Pedro, e pelos bispos, sucessores dos ap�stolos.

 Neste contexto, o que mais conta � a “comunidade da Igreja”. “O fato de o papa ser o chefe de um Estado certamente ajuda, mas poderia tranquilamente n�o o ser”, acentua Lombardi, para o qual a exist�ncia do Estado pontif�cio n�o � uma condi��o fundamental para o ser da Igreja: “A institui��o respeita completamente a autonomia do Parlamento, e os leigos crist�os oferecem sua contribui��o pol�tica e civil de acordo com suas responsabilidades. Ela se limita a fornecer indica��es para que seus fi�is vivam tais responsabilidades de modo correto, sempre de acordo com a doutrina social da Igreja”.

 VALORES Quando surgem quest�es relacionadas a valores importantes, prezados pela f� crist�, a Igreja manifesta sua palavra e faz as considera��es necess�rias. “�s vezes, para a dignidade da pessoa, a justi�a e a paz, a Igreja local, ou at� o papa, faz avalia��es ou expressa publicamente sua preocupa��o.” Em rela��o ao exterior, o chefe da Sala de Imprensa afirma que a Santa S� mant�m embaixadores – n�ncios – junto a governos de todo o mundo. “Por interm�dio deles, o papa interv�m na tutela dos direitos da Igreja, indicando os caminhos morais a seguir para o bem da pessoa do ponto de vista crist�o, no papel de “autoridade moral internacional.”

 

Vale dizer que um Estado secular (laico) � um conceito do secularismo em que o Estado � oficialmente neutro em rela��o a quest�es religiosas, n�o apoiando nem se opondo a nenhuma religi�o. Um Estado secular trata todos os seus cidad�os igualmente, independentemente de sua escolha religiosa, e n�o deve dar prefer�ncia a indiv�duos de certa religi�o. Por sua vez, o Estado teocr�tico � aquele em que h� uma �nica religi�o oficial, como ocorre no Vaticano e no Ir�. A institui��o Estado, desde o seu surgimento na Gr�cia Antiga, onde os propriet�rios de terras eram os detentores do poder estatal, vem passando por mudan�as. Em Roma, na Idade M�dia, o poder pol�tico era atribu�do aos nobres. Vieram os Estados modernos e contempor�neos, cuja finalidade � estabelecer o bem-estar social e o bem p�blico. � preciso lembrar, contudo, que esse modelo est� em crise diante da globaliza��o.

 Quanto � institui��o Igreja, igualmente desde o seu nascimento e o advento do cristianismo, surgiram diferen�as em rela��o a dogmas religiosos praticados anteriormente. Jesus Cristo inovou ao desunir o Estado e a religi�o. Do s�culo 1 ao 7, a Igreja foi fortalecida, tornando-se a institui��o mais influente da Idade M�dia. O decl�nio ocorreu com a perda de poder dos papas. Apenas entre os s�culos 19 e 20 houve a separa��o te�rica do Estado da Igreja. Com isso foi estudada a separa��o efetiva e pr�tica das duas institui��es, de suma import�ncia para a constru��o de valores sociais e morais, fundamentadas na lei maior de um Estado, a Constitui��o.

 CI�NCIA JUR�DICA Nos �ltimos tempos, o Estado vem tentando valorizar a ci�ncia jur�dica e principalmente tutelar todos os direitos e deveres dos cidad�os, por mais que eles sejam pol�micos. Mas tem esbarrado em fortes barreiras religiosas. Temas como utiliza��o de embri�es congelados para fins cient�ficos com c�lulas-tronco, aborto de fetos anenc�falos, uni�o homossexual e ado��o de m�todos contraceptivos s�o combatidos pela Igreja de Roma, que nos �ltimos anos enfrentou esc�ndalos pontuais, como a pedofilia, envolvendo padres, bispos e religiosos de alta cepa.

 A elei��o do novo papa passou por tudo isso. Do Vaticano, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, de perfil conservador, foi o escolhido para suceder Bento 16, se alcunhando Francisco. Ele vai comandar 1,23 bilh�o de fi�is, quase 20% da popula��o mundial. O 266º pont�fice da hist�ria da Igreja Cat�lica, o primeiro latino-americano, ter� que ser plural e ter bastante f�lego para viajar e conviver com as diferen�as. A �poca do Estado Vaticano absolutista n�o tem mais vez.


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