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Estado de Minas

Mandela � lembrado como exemplo de resili�ncia

Essa foi uma das palavras mais usadas pelas pessoas que discursaram durante o funeral do maior l�der da �frica negra, como forma de descrev�-lo, em sua luta contra o apartheid e as desigualdades


postado em 15/12/2013 12:47 / atualizado em 15/12/2013 11:50

Resili�ncia � originalmente um conceito f�sico, que representa a capacidade de alguns materiais de acumular energia quando submetidos a tens�o, sem sofrer ruptura ap�s o estresse sofrido. Nas pessoas, representa a capacidade de, ap�s momentos de adversidade, se adaptar, ou at� mesmo evoluir ap�s a experi�ncia. Essa foi uma das palavras mais usadas pelas pessoas que discursaram durante o funeral do maior l�der da �frica negra, como forma de descrev�-lo, em sua luta contra o apartheid e as desigualdades. Mandela dizia que a luta era sua vida, e ele lutou, sobretudo, por um mundo melhor.

Em 1944, com 26 anos, criou com outros amigos a Liga Juvenil do Congresso Nacional Africano (CNA), partido pelo qual se tornaria presidente do pais cinco d�cadas depois. Lan�aram o manifesto Um homem, um voto, no qual mostravam que 2 milh�es de brancos dominavam 8 milh�es de negros. Em um regime que considera o negro uma sub-ra�a, sem direitos e que deve ser reprimida, Mandela abriu, em 1952, em sociedade com Oliver Tambo, um escrit�rio de advocacia.

J� considerado uma lideran�a, Mandela e o CNA tiveram o princ�pio da n�o-viol�ncia como norteador de sua luta at� 21 de mar�o de 1960, hoje reconhecido pela ONU como Dia Internacional Contra a Discrimina��o Racial, quando aconteceu o Massacre de Sharperville. Cerca de 5 mil negros protestavam pacificamente contra a Lei do Passe, que os obrigava a andar com uma caderneta que informava os lugares que poderiam frequentar.

De repente, quando se aproximaram de uma delegacia onde estavam cerca de 70 policiais, antes de qualquer alerta das autoridades, come�aram a ser atingidos por tiros de metralhadora. Mais de 60 morreram, a maioria com tiros nas costas, enquanto tentavam fugir, e pelo menos 200 ficaram feridos, incluindo mulheres e crian�as. A partir dai, Mandela e o partido decidiram que, apenas pela via pac�fica n�o seria poss�vel mudar a situa��o grave de segrega��o do pa�s e buscam treinamento militar.

Apesar de j� ter sido preso antes por sua luta, a mudan�a de postura leva Mandela a ser condenado a pris�o perp�tua em 1964. Em sua defesa, falou por quatro horas durante o julgamento. Sua conclus�o � usada como uma das principais mensagens do ex-presidente: "Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a domina��o branca, lutei contra a domina��o negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democr�tica na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. � um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, � um ideal pelo qual estou disposto a morrer".

A partir de ent�o, Mandela ficou 27 anos preso, muitos deles em uma cela de 2,5 metros por 2,1 metros com uma pequena janela de 30 cm de largura, na pris�o da Robben Island. Durante a reclus�o, percebeu que seria importante aprender o afric�ner, a l�ngua dos brancos. Mesmo na cadeia, se tornou conhecido internacionalmente como s�mbolo da luta contra o regime segregacionista.

Em meados da d�cada de 1980, o regime busca di�logo com Mandela, que recusa a liberdade condicionada ao ex�lio. Com o aumento da press�o internacional, e com o pr�prio comando do regime vendo em Mandela um interlocutor na negocia��o com o CNA, aquele que veio a se tornar, posteriormente, o maior l�der do s�culo 20, na opini�o de v�rios especialistas, foi finalmente solto em 11 de fevereiro de 1990.

Apesar de terem lhe tirado 27 anos de contato com sua fam�lia e com seu pa�s, os discursos de Mandela ao sair da pris�o eram mais conciliadores e menos inflamados. Apesar de decepcionar, de in�cio, os setores mais radicais do CNA, a mudan�a foi fundamental para a refunda��o do pa�s, quando foi eleito presidente, em 1993, sem dom�nio de brancos sobre negros, nem o contr�rio. "Nossa marcha para a liberdade � irrevers�vel. N�o devemos permitir que o medo fique em nosso caminho", disse ap�s ser libertado.

Mandela, que se incomodava com a imagem de santo que tentavam qualificar, ensinou o dom da resili�ncia ao seu povo, fundamental para uma democracia consistente na �frica do Sul. Seu governo buscou reconciliar oprimidos e opressores. Como ele mesmo dizia, "ningu�m nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou o seu passado, ou sua religi�o. As pessoas aprendem a odiar, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao cora��o humano do que o seu oposto".

Com toda a experi�ncia de vida que teve em 95 anos, encerrada no dia 5 de dezembro, Mandela n�o pode ser considerado um santo. Alguns o chamam de "heroi de carne e osso". O dia de seu nascimento, 18 de julho, foi decretado pela ONU, em 2009, o Dia Internacional Nelson Mandela, com o objetivo de valorizar a luta pela liberdade, justi�a e democracia.


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