Em frente a uma sinagoga em Jerusal�m Ocidental onde, algumas horas antes, dois palestinos entraram armados com machados e armas, matando quatro judeus, o clima era de luto e perplexidade. Um judeu ultraortodoxo usando um longo xale preto e branco rezava, enquanto, em torno dele, uma multid�o de curiosos e mulheres aos prantos observam de tr�s do cord�o de isolamento da pol�cia a sinagoga do bairro ultraortodoxo de Har Nof, abalado pelo ataque desta ter�a-feira, o mais mort�fero em anos em Jerusal�m.
�s 7h00, os agressores tiveram tempo de matar quatro fi�is antes de serem mortos pela pol�cia. Sarah Abrahams, uma judia ortodoxa, come�ava a sua caminhada matinal quando teve que interromp�-la de repente: "As pessoas corriam para fora da sinagoga. Um homem estava sentado na cal�ada, sangrando. Ele parecia ter sido esfaqueado". "A pol�cia j� estava no local e quando um terrorista saiu, eles atiraram nele nas escadas", relata essa moradora de Har Nof, uma �rea conhecida por ser um reduto do partido nacionalista religioso Shass.
"Duas pessoas sa�ram com a metade do rosto lacerado", contou, enquanto os m�dicos carregavam em macas os corpos dos quatro judeus mortos no ataque, tr�s deles de dupla nacionalidade americana e um brit�nica. Esse. ataque foi um dos poucos a terem como alvo uma sinagoga e suscita temores de uma explos�o do barril de p�lvora religioso que � Jerusal�m.
'Somos um c�ncer'
Moshe Eliezer, um ortodoxo falando em ingl�s com forte sotaque americano, fala de um milagre. "Acordei 15 minutos atrasado. Normalmente, j� deveria estar na sinagoga para a ora��o da manh�", relata. Para ele, os agressores erraram o alvo ao atacar essa sinagoga ultraortodoxa: "Noventa por cento de nossos fi�is se recusam a servir no Ex�rcito israelense, n�s n�o somos violentos", disse ele em l�grimas. Os judeus ultraortodoxos recusam o servi�o militar obrigat�rio e conquistaram o direito de serem dispensados. "Conhecia um dos jovens (mortos). Ele era um excelente aluno do talmude e nunca faria mal a uma mosca", jura ele.
Enquanto muitas autoridades israelenses criticaram duramente a lideran�a palestina poucos minutos ap�s o ataque, Moshe Eliezer tamb�m acusa os l�deres palestinos de incitar a viol�ncia h� anos: "Eles dizem que n�s (os judeus) somos um c�ncer".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e v�rios de seus ministros acusaram diretamente o presidente palestino, Mahmud Abbas, e seus rivais do movimento radical Hamas. Abbas condenou "o assassinato de fi�is que rezavam em uma sinagoga", pedindo ao mesmo tempo que o Estado judeu "pare os ataques, as provoca��es dos colonos e a incita��o � viol�ncia por parte de alguns ministros israelenses."
O Hamas viu o ato como uma "resposta ao assassinato" de um motorista de �nibus palestino, encontrado enforcado na segunda-feira em seu ve�culo em Jerusal�m Ocidental. "Talvez a culpa seja nossa", disse Moshe Eliezer, acrescentando enigmaticamente: "N�o pelas raz�es que os esquerdistas argumentam, mas por raz�es espirituais".