
"Evidentemente", respondeu Richard Malka ao ser perguntado sobre a possibilidade de haver desenhos do profeta no n�mero que estar� dispon�vel a partir de quarta-feira nas bancas. "N�o cederemos em nada, sen�o tudo isto n�o faria sentido", acrescentou.
O Charlie Hebdo "dos sobreviventes", elaborado na sede do jornal Lib�ration, ter� uma tiragem de 3 milh�es de exemplares e ser� "traduzido para 16 idiomas", informou nesta segunda-feira o m�dico e cronista Patrick Pelloux.
No dia seguinte �s manifesta��es que levaram para as ruas de v�rias cidades francesas quase quatro milh�es de pessoas, em rep�dio aos atentados e em defesa da liberdade de express�o, os autores do pr�ximo n�mero mant�m firmemente sua linha editorial. "Rimos de n�s mesmos, das pol�ticas, das religi�es, � um estado de �nimo", disse o advogado.
Em 2006, o Charlie Hebdo reproduziu as caricaturas de Maom�, cuja publica��o no jornal dinamarqu�s JyllandsPosten desencadeou violentos protestos. A partir de ent�o, o jornal sat�rico franc�s sofreu um inc�ndio criminoso e v�rias amea�as. Os dois jihadistas que mataram 12 pessoas na sede do jornal, na semana passada, sa�ram gritando, "Vingamos o profeta! Matamos o Charlie Hebdo!".
Para Richard Malka, "nunca temos o direito a criticar um judeu por ser judeu, um mu�ulmano por ser mu�ulmano, um crist�o por ser crist�o, mas podemos dizer tudo o que quisermos, as coisas mais horr�veis, e as dizemos sobre o cristianismo, o juda�smo e o Isl�, porque al�m da unidade dos belos lemas, esta � a realidade do Charlie Hebdo".
O n�mero de quarta-feira est� sendo preparado exclusivamente por membros da equipe do jornal e n�o incluir� desenhos de cartunistas externos que publicaram incont�veis esbo�os em homenagem �s v�timas depois do atentado.
Nos Estados Unidos, o Clube de Imprensa de Los Angeles anunciou que o jornal receber� este ano o pr�mio Daniel Pearl � coragem e � integridade jornal�stica. O an�ncio foi feito na presen�a dos pais do jornalista americano, assassinado em 2002 no Paquist�o.
"Nenhum ato terrorista deve frear a liberdade de express�o. Dar o pr�mio Daniel Pearl ao Charlie Hebdo � uma forte mensagem neste sentido", anunciou em um comunicado o presidente do clube de imprensa local e apresentador do canal NBC4, Robert Kovacik.
O editor-chefe do jornal, Gerard Biard, disse se sentir "profundamente honrado" em receber este tributo. "Evidentemente, vamos aceit�-lo", afirmou. O pr�mio ser� entregue pelos pais de Pearl, Ruth e Judea, em 28 de junho, durante um jantar no hotel Biltmore de Los Angeles.
Nas �ltimas edi��es, o pr�mio recompensou o correspondente da emissora NBC Richard Engel pela cobertura em conflitos no Oriente M�dio; Bob Woodruff, ferido em 2006 quando fazia reportagens sobre a guerra no Iraque, e a jornalista russa assassinada Anna Politkovskaya.
"Choramos e estamos unidos ao povo franc�s e com as fam�lias das v�timas do massacre de Paris", afirmaram Ruth e Judea no mesmo comunicado. "Os cora��es valentes do Charlie Hebdo protegeram nossa liberdade durante v�rias d�cadas. Agora, nosso dever � proteger sua vis�o para as pr�ximas gera��es", acrescentaram.