
Paris acolhe nesta quinta-feira os funerais de Wolinski e Tignous, dois dos chargistas mais importantes da Charlie Hebdo, em meio ao clima de forte popular apoio � revista sat�rica, cuja primeira edi��o depois dos atentados se esgotou em quest�o de minutos nas bancas.
Ap�s o enterro na quarta-feira de Cabu, o pai do conceito "beauf", (estere�tipo do franc�s conservador de classe m�dia), Wolinski ser� cremado nesta quinta-feira no famoso cemit�rio de P�re-Lachaise. Tignous ser� enterrado no mesmo cemit�rio parisiense, depois de uma cerim�nia na prefeitura de Montreuil, uma localidade a leste da capital.
Na sexta-feira ser� realizada uma homenagem ao desenhista Charb, diretor da Charlie Hebdo, em Pontoise, perto de Paris, e ele ser� enterrado em uma cerim�nia �ntima no cemit�rio da cidade. O formid�vel esp�rito de solidariedade em rela��o � revista, uma semana depois do massacre na reda��o, seguia vivo nesta quinta-feira.

Gra�as a doa��es que chegam de toda parte, �s receitas das vendas e �s ajudas prometidas pelo governo, o seman�rio receber� mais de 10 milh�es de euros. O que significa um seguro de vida para v�rios anos e uma nova chance para esta pequena publica��o que estava � beira da quebra. "O Charlie Hebdo estava amea�ado h� tempos pela falta de leitores, e hoje reviveu. � poss�vel assassinar homens e mulheres, mas nunca � poss�vel matar suas ideias, pelo contr�rio", disse na quarta-feira o presidente Fran�ois Hollande.
Tens�o no mundo mu�ulmano
O enorme �xito da Charlie Hebdo nas bancas beneficiou seus pares, a tamb�m revista sat�rica Le Canard Enchain�, onde Cabu publicava seus desenhos h� 30 anos, e o jornal Lib�ration, que acolheu em sua sede os sobreviventes do massacre. O Canard Enchain� publicou na quarta-feira quase um milh�o de exemplares, o dobro do habitual.
Em um discurso no Instituto do Mundo �rabe em Paris, Hollande declarou nesta quinta-feira que os mu�ulmanos s�o "as primeiras v�timas do fanatismo e da intoler�ncia", ap�s os ataques sofridos por esta comunidade na Fran�a h� uma semana. No exterior, a charge de Maom� continua provocando tens�o nos pa�ses mu�ulmanos, mas as cr�ticas at� agora foram moderadas.
O Al-Azhar, principal autoridade do Isl� sunita, com base no Egito, convocou os mu�ulmanos a ignorar esta "frivolidade odiosa". Na Turquia, a justi�a proibiu a divulga��o pela internet da charge do profeta publicada na capa da Charlie Hebdo que, no entanto, foi reproduzida pelo jornal Cumhuriyet, advers�rio do regime islamita-conservador do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Foi o �nico jornal de um pa�s mu�ulmano que ousou publicar em papel a pol�mica caricatura. O primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, declarou nesta quinta-feira que "a publica��o da charge � uma grave provoca��o" e que "a liberdade de imprensa n�o significa liberdade de insultar". Davutoglu foi al�m e acusou seu colega israelense, Benjamin Netanyahu, de ter cometido em Gaza crimes contra a humanidade compar�veis aos dos terroristas islamitas que mataram 17 pessoas na semana passada em Paris.
Os dois l�deres participaram da grande marcha de rep�dio aos atentados, realizada no �ltimo domingo na capital francesa. Do Afeganist�o, os talib�s condenaram a publica��o da charge e felicitaram os irm�os Said e Cherif Kouachi, autores do massacre na Charlie Hebdo, por terem feito "justi�a com os autores destes atos obscenos".
Dois pa�ses se posicionaram oficialmente contra a revista: o Senegal, que proibiu a difus�o da Charlie Hebdo e do jornal Lib�ration, e o Ir�, que classificou a capa da revista de insultante, embora tamb�m tenha condenado o terrorismo. Os parlamentares paquistaneses denunciaram de forma un�nime a publica��o da nova charge do profeta. O Paquist�o, o segundo pa�s mu�ulmano mais populoso do mundo, com 200 milh�es, chegou a condenar o ataque contra a revista, mas nos �ltimos dias o tom mudou.
Houve uma manifesta��o em Peshawar (noroeste) em homenagem aos irm�os Kouachi. O ataque que deixou 12 mortos foi reivindicado na quarta-feira pela Al-Qaeda no I�men, que disse que a a��o teve por objetivo vingar Maom�. Na Fran�a, as lideran�as mu�ulmanas convocaram os im�s a transmitir em sua prega��o de sexta-feira "a ess�ncia da mensagem cor�nica e seus valores universais e humanistas".