As companhias a�reas se esfor�am para tentar detectar qualquer falha f�sica, mental ou comportamental de sua tripula��o, sem que possam antecipar um ato imprevis�vel, tal como o que aconteceu com o co-piloto que voluntariamente conduziu o A320 da Germanwings � queda.
A queda na ter�a-feira nos Alpes franceses de um Airbus da companhia a�rea alem� de baixo custo da Lufthansa, resultou de um ato deliberado do copiloto, segundo afirmou na quinta-feira o procurador de Marselha, Brice Robin. O jovem copiloto aproveitou a sa�da do piloto da cabine para se trancar no local e mudar de altitude, fazendo com que a aeronave se chocasse com as montanhas, matando todos os 144 passageiros e cinco colegas a bordo.
Estas revela��es chocaram a opini�o p�blica que constata uma mudan�a de paradigma. "Passamos de um mundo em que confi�vamos no piloto, nossa primeira garantia de seguran�a, a um mundo onde precisaremos ser cautelosos", resume um ex-investigador do Instituto franc�s de Investiga��o e An�lise (BEA).
No entanto, as tripula��es das companhias a�reas, compostas por pilotos e comiss�rios de bordo, s�o estritamente acompanhadas clinicamente e psicologicamente. E, desde o seu recrutamento. "Todos os pilotos aspirantes passam por testes psicom�tricos, testes psicomotores e testes comportamentais em grupos. Assim, os fatores humanos s�o levados em conta j� no processo de recrutamento inicial", explica Eric Pr�vot, comandante de bordo da da Air France.
Durante as sele��es, "tudo � examinado, como eles ir�o se comportar em um grupo", afirma. "Ser� que eles t�m confian�a demais ou de menos neles mesmos? Muito ou pouco lideran�a? Ser� que eles t�m a capacidade de an�lise? Eles s�o rigorosos? Ser� que eles t�m uma falha de audi��o ou comunica��o?" E, uma vez contratados e ao longo de sua carreira, os pilotos devem se apresentar regularmente a uma junta m�dica o que permite � empresa "acompanhar as disposi��es f�sicas e mentais", acrescenta.
A Federa��o Nacional de Avia��o Mercante (FNAM) lembra que o certificado de aptid�o f�sica e mental (a licen�a de voo) deve ser validado a cada ano. Sistema de alerta de casos suspeitos. Nesta ocasi�o, o piloto � questionado sobre as dificuldades encontradas no ambiente profissional e pessoal: luto, div�rcio ou separa��o em andamento, filho doente, gest�o de diferen�as de hor�rio, para detectar os pontos fracos que podem interferir na seguran�a do voo.
"Quatro sess�es de simulador espalhadas por todo o ano permitem controlar (...), sob alto fator de estresse e press�o de tempo, se as suas disposi��es psicol�gicas s�o consistentes com as responsabilidades exercidas", observa Eric Pr�vot. "Sob estresse, pressionados, n�o temos muito tempo para criar ilus�es", diz o comandante.
Guy Tardieu, delegado-geral da FNAM acrescenta que, desde o final de 2008, na Europa, as companhias a�reas aplicam o sistema de gest�o de seguran�a de voo (SMS em ingl�s para "safety manegement system"). "Isso imp�e �s empresas, mas tamb�m para �s estruturas internas, prevenir todos os tipos de riscos, incluindo os relacionados com o comportamento", diz ele. Certos desvios comportamentais podem levar um voo ao desastre. Este sistema de informa��o e avalia��o de risco ajuda a construir um dossier que, se necess�rio, leva a um afastamento do funcion�rio em causa.
O SGS � aplicado aos pilotos, comiss�rios de bordo, mec�nicos e todo o pessoal que trabalha com opera��es a�reas. "Este sistema est� em vigor h� mais de 20 anos nos Estados Unidos", diz Tardieu. No entanto, apesar do acompanhamento m�dico regular e meticuloso, comportamentos como o suic�dio s�o dif�ceis de evitar. Assim como a radicaliza��o dos funcion�rios, observam v�rios analistas do setor.
"� quase uma reflex�o filos�fica sobre o respeito pela vida humana", ressalta o ex-investigador do BEA. "Se as pessoas n�o respeitam a vida humana, como os jihadistas, n�o h� limite". "J� houve casos isolados na Fran�a de exclus�o entre os pilotos e controladores de tr�fego a�reo que apresentaram comportamentos que poderiam p�r em risco a seguran�a de voo", admitiu um funcion�rio de uma companhia a�rea francesa.