
Bras�lia – Desde a Segunda Guerra Mundial, a Europa n�o lidava com tamanho fluxo de refugiados. Ontem, 10 mil desembarcaram na �ustria, sendo 7 mil a caminho da Alemanha. Os dois pa�ses aceitaram os imigrantes, que t�m recebido negativas por onde passam, principalmente na Hungria. “Depois de in�meros exemplos de tratamento vergonhoso aos refugiados e aos imigrantes por parte de alguns governos da Europa, � um al�vio ver enfim um pouco de humanidade. Mas isso est� longe de ter acabado, na Hungria e na Europa”, alertou um funcion�rio da Anistia Internacional.
Depois de uma reuni�o de ministros das Rela��es Exteriores da Uni�o Europeia (UE) em Luxemburgo, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherin, destacou ontem que o continente passa por um momento “dram�tico”. “N�o � uma emerg�ncia, � algo que vai durar. Quanto antes aceitarmos, mais r�pido poderemos responder de maneira efetiva”, acrescentou. No encontro, o ministro das Rela��es Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, insistiu na necessidade de a UE d� uma resposta unificada � crise imigrat�ria. “N�o h� outra resolu��o que n�o a distribui��o justa dos refugiados pela Europa. Essa tem de ser parte da solu��o para a crise”, disse Steinmeier.
De acordo com o ministro, apesar dos muitos debates controversos, “h� uma disposi��o em participar de uma resposta comum da Uni�o Europeia”. Na ter�a-feira, a Comiss�o Europeia vai apresentar uma proposta para redistribuir os mais de 100 mil refugiados que entraram no continente. Uma das vozes contr�rias � o chanceler h�ngaro, Peter Szijjarto.”Os �ltimos dias provaram que as cotas foram interpretadas pelos imigrantes e por contrabandistas como um convite. A realidade � que a Europa n�o est� pronta para acomodar dezenas de milhares de imigrantes econ�micos”, afirmou.
Boas-vindas Durante todo o dia de ontem, na esta��o ferrovi�ria de Munique, no Sul da Alemanha, os imigrantes de origem S�ria, Paquistanesa e Afeg� n�o paravam de chegar: apenas na parte da tarde, foram 12 trens lotados. Os refugiados foram recebidos com faixas de boas-vindas e donativos recolhidos por volunt�rios. “N�s podemos ajud�-los e estamos ansiosos para come�ar a fazer isso”, disse um cidad�o de Munique ao site do jornal Abendzeitung.
Na madrugada de ontem, a Hungria fretou uma centena de �nibus para transportar os imigrantes que estavam na principal esta��o de trem de Budapeste. O premi� h�ngaro, Viktor Orban, disse que, se o Parlamento aprovar uma proposta do governo, o Ex�rcito se mobilizar� nas fronteiras do pa�s a partir do dia 15, para evitar a chegada de mais imigrantes.
Na contram�o do criticado Orban, o primeiro-ministro finland�s, Juha Sipil�, anunciou pela televis�o que dar� abrigo aos refugiados em sua casa de campo, onde raramente vai devido a suas fun��es em Helsinki. Localizada em Kempele, a mais de 500 quil�metros ao norte da capital, “minha casa me serve muito pouco hoje em dia”, disse Sipil�, um centrista que j� convidou repetidamente seus concidad�os a mostrar solidariedade com os imigrantes que chegam ao pa�s. “Espero que isso se torne uma esp�cie de movimento popular que fa�a com que muitos assumam suas responsabilidades nessa crise dos refugiados”, afirmou. Na sexta-feira, o governo elevou para entre 25 mil e 30 mil sua estimativa do n�mero de pedidos de asilo em 2015, ou seja, sete a oito vezes mais do que em 2014.
De portas e cora��es abertos
Diante da incapacidade dos governos em acolher todos os refugiados que est�o na Europa, muitos cidad�os europeus decidiram abrir as pr�prias casas para ajudar. Na Isl�ndia, mais de 11 mil se ofereceram para receber refugiados. Na Alemanha, um jovem casal de Berlim criou o Refugees Welcome, um site para volunt�rios de mais de 20 pa�ses se cadastrarem. Na semana passada, a iniciativa francesa Comme a La Maison (“Como em casa”, na tradu��o literal) comemorou mais de 300 inscritos em 24 horas. Alice Barbe, cofundadora da Singa, associa��o respons�vel pela iniciativa, disse � r�dio France Info que muitas fam�lias ficam com quartos vazios depois que seus filhos saem de casa e
est�o dispostos a auxiliar.