Depois de uma longa jornada marcada por medo, humilha��o, perigos de toda sorte e muitas portas fechadas, 10 mil refugiados chegaram ontem � Alemanha, vindos da Hungria, e foram acolhidos com entusiasmo pela popula��o local. Eles se somam a outros 7 mil que desembarcaram no s�bado, principalmente na regi�o sul do pa�s. Batalh�es de volunt�rios se mobilizaram nas esta��es de trem de Frankfurt e Munique para acolher os imigrantes com cartazes de boas-vindas e oferecer a eles comida, roupa e agasalhos. “As pessoas est�o nos tratando muito bem, como seres humanos, n�o como ocorre na S�ria”, disse, emocionado, Mohamad, um s�rio de 32 anos que teve que deixar a cidade de Quseir, devastada pela guerra.
Em uma Europa dividida sobre a resposta a ser dada para a pior crise migrat�ria desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha flexibilizou suas normas de acolhida aos refugiados. A maior economia da Europa, com uma popula��o cada vez mais velha e carente de m�o de obra, se tornou tamb�m destino para iraquianos, afeg�os e eritreus.
Proposta
A grande preocupa��o dos l�deres europeus, contudo, � com a celeridade de uma solu��o que v� al�m do abrigo imediato dos refugiados. O chanceler austr�aco, Werner Faymann, alertou que, apesar de facilitar a entrada e o tr�nsito dos imigrantes at� a Alemanh, a medida tem car�ter tempor�rio, e pediu uma solu��o europeia em conjunto. A �ustria defende a aplica��o das cotas de recep��o de imigrantes, e que os pa�ses da Uni�o Europeia (UE) adotem padr�es comuns para a concess�o do estatuto de refugiado a pessoas que fogem de conflitos em pa�ses como Iraque, S�ria e Afeganist�o. A Comiss�o Europeia deve propor dividir 120 mil refugiados entre os estados-membro. Em Estocolmo, capital da Su�cia, o primeiro-ministro, Stefan L�fven, pediu um sistema de cotas permanente e obrigat�rio.
Na Gr�-Bretanha, uma pesquisa de opini�o indicou, ontem, que 29% dos brit�nicos n�o querem que o pa�s receba nenhum refugiado. Para 15% da popula��o, o pa�s poderia acolher 10 mil pessoas. A enquete sinaliza para a sa�da da Inglaterra da UE: 43% dos entrevistados disseram sim, 40% preferem continuar no bloco e 17% est�o indecisos. Dos que s�o a favor da perman�ncia, 22% afirmaram que podem mudar de opini�o, caso a atual crise migrat�ria se agrave.
Enquanto isso, no Mediterr�neo, centenas de milhares de imigrantes continuam chegando �s ilhas gregas do mar Egeu pela costa da Turquia. Na noite de s�bado, mais de 100 refugiados s�rios foram resgatados no Chipre. O pesqueiro onde viajavam 114 pessoas teve um problema, mas nenhum passageiro ficou ferido. Ontem, a Marinha eg�pcia parou tr�s barcos de pesca no Mediterr�neo com 228 imigrantes a bordo e prendeu 17 membros da tripula��o. Os ocupantes eram de diferentes nacionalidades. Por terra, milhares de migrantes tentam atravessar a fronteira entre a Gr�cia e a Maced�nia.