
Em seu terceiro dia de visita aos Estados Unidos, o papa Francisco esteve no Congresso do pa�s na manh� desta quinta-feira, onde fez um discurso hist�rico. Esta foi a primeira vez na hist�ria que um papa discursou no local.
Em seu discurso o papa pediu uma vigil�ncia global contra o fundamentalismo de todos os tipos, mas alertou para o "equil�brio delicado" entre lutar contra extremistas e preservar as liberdades religiosas.
"Sabemos que nenhuma religi�o est� imune a formas de del�rios individuais ou extremismo ideol�gico. Isso significa que devemos ficar especialmente atentos a qualquer tipo de fundamentalismo, seja religioso ou de qualquer outro tipo", afirmou o papa ante os congressistas reunidos nas duas c�meras.
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O papa pregou o fim da venda de armas e pediu aos parlamentares a��es para o combate do aquecimento global. Sem mencionar Cuba de maneira expressa, tamb�m elogiou o di�logo entre pa�ses para supera��o de "diferen�as hist�ricas".
Com exce��o da cr�tica ao aborto, do recha�o ao extremismo e da defesa da fam�lia, a maioria dos temas abordados pelo pont�fice coincidem com a agenda do Partido Democrata do presidente Barack Obama, o que se refletiu na rea��o dos congressistas que lotaram o plen�rio da C�mara dos Deputados.
Al�m dos parlamentares, estavam na plateia o vice-presidente da Rep�blica, Joe Biden, quatro ministros da Suprema Corte e v�rios integrantes do gabinete de Obama, entre os quais o secret�rio de Estado, John Kerry.
Prioridade do presidente, a reforma do sistema de imigra��o foi barrada por oposi��o dos conservadores no Congresso. Na atual campanha eleitoral, a defesa de deporta��o dos 11 milh�es de indocumentados que vivem no pa�s ajudou a levar Donald Trump � lideran�a nas pesquisas entre os pr�-candidatos republicanos.
Citando Martin Luther King e a luta pelos direitos civis nos anos 60, Francisco afirmou que os Estados Unidos continuam a ser para muitos a terra dos "sonhos". Lembrou ainda que o pa�s foi constru�do com a ajuda de imigrantes e filhos de imigrantes, como ele pr�prio e v�rios dos congressistas. "N�s, que pertencemos a esse continente, n�o nos assustamos com os estrangeiros, porque muitos de n�s fomos estrangeiros no passado".
O papa fez refer�ncia tamb�m � crise de refugiados na Europa e ao movimento de pessoas que saem da Am�rica Latina em dire��o ao norte em busca de uma vida melhor para si e seus filhos. "N�o devemos nos intimidar pelos n�meros, mas olhar para as pessoas, seus rostos, escutar suas hist�rias, enquanto lutamos para dar a melhor resposta � sua situa��o. Uma resposta que sempre ser� humana, justa e fraterna", disse. O papa reconheceu que os direitos dos que ocupavam as Am�ricas antes da chegada dos imigrantes nem sempre foram respeitados e transmitiu sua "estima" aos povos e na��es nativas. "Quando o estrangeiro nos interpela, n�o podemos cometer os pecados e os erros do passado".
Falando a uma maioria republicana que se op�e a regula��es ambientais estritas, o papa lembrou que fez um chamado a esfor�os "corajosos e respons�veis" de combate � mudan�a clim�tica na enc�clica Laudato Si. "Estou convencido de que podemos fazer a diferen�a e n�o tenho d�vidas de que os Estados Unidos - e este Congresso - t�m um papel importante a desempenhar".
Republicanos rejeitam a no��o de que o aquecimento global � resultado da atividade humana e veem com desconfian�a medidas que limitam emiss�es de gases poluentes. O combate � mudan�a clim�tica � uma das prioridades de Obama, que pretende deixar um legado nessa �rea quando concluir seu mandato, no in�cio de 2017.

Tamb�m sem citar Obama nominalmente, o papa elogiou de maneira contundente sua lideran�a na negocia��o com Havana, que requereu "coragem e ousadia", segundo sua avalia��o. "Um bom pol�tico � aquele que, tendo em mente os interesses de todos, aproveita o momento com um esp�rito de abertura e pragmatismo".
Em outro ponto de diverg�ncia com os republicanos, o papa fez um apelo contundente pela aboli��o global da pena de morte. Os Estados Unidos s�o um dos �nicos pa�ses desenvolvidos que mant�m a pena capital, aplicada principalmente em Estados governados por republicanos. "Cada vida � sagrada, cada pessoa humana � dotada com uma dignidade inalien�vel e a sociedade s� pode se beneficiar da reabilita��o daqueles condenados pela pr�tica de crimes", disse.
Sua cr�tica ao fundamentalismo religioso encontrou eco dos dois lados do espectro pol�tico americano. "N�s sabemos que nenhuma religi�o � imune a formas de desilus�o individual ou extremismo ideol�gico. Isso significa que devemos estar especialmente atentos a todo tipo de fundamentalismo, religioso ou de outro tipo", afirmou Francisco. "Um equil�brio delicado � requerido no combate � viol�ncia perpetrada em nome de uma religi�o, de uma ideologia ou de um sistema econ�mico, ao mesmo tempo em que preservamos a liberdade religiosa, a liberdade intelectual e as liberdades individuais", afirmou o papa
O papa ainda fez uma apari��o em frente ao Capit�lio, onde h� milhares de pessoas. Medidas estritas de seguran�a foram tomadas e diversas ruas foram fechadas. (Com Ag�ncia Estado e AFP)
