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Estado de Minas

Ex-mulher do atirador que matou 49 na boate em Orlando d� entrevista ao EM

Na entrevista, feita por e-mail, a ex-mulher n�o citou o nome do atirador e enviou uma mensagem emotiva aos feridos e aos familiares dos mortos na boate Pulse. "Rezo por voc�s todos os dias, para que sua dor n�o seja em v�o."


postado em 19/06/2016 06:00 / atualizado em 19/06/2016 10:35

Hoje, casada com um brasileiro, Sitora admite que Omar Mateen tinha tendências homossexuais(foto: Reprodução/SBT)
Hoje, casada com um brasileiro, Sitora admite que Omar Mateen tinha tend�ncias homossexuais (foto: Reprodu��o/SBT)
Do namoro que teve in�cio na internet, no mesmo ano veio a uni�o, celebrada em 22 de abril de 2009. Sitora Ali YuSufi, natural do Uzbequist�o, e o afeg�o naturalizado norte-americano Omar Mateen ficaram casados por cerca de quatro meses. O conto de fadas e as promessas de felicidade deram lugar a uma rela��o conturbada. Em entrevista ao Estado de Minas, Sitora contou que jamais imaginou que o ex-marido fosse capaz de invadir uma boate voltada para o p�blico LGBT (l�sbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transg�neros), em Orlando (Fl�rida), e disparar um fuzil AR-15 contra os frequentadores, matando 49 pessoas e ferindo 53. "Ele, realmente, nunca deu qualquer indica��o de qualquer tipo de radicalismo." Hoje, casada com um brasileiro, Sitora admite que Omar Mateen tinha tend�ncias homossexuais. Na entrevista, feita por e-mail, a ex-mulher n�o citou o nome do atirador e enviou uma mensagem emotiva aos feridos e aos familiares dos mortos na boate Pulse. "Rezo por voc�s todos os dias, para que sua dor n�o seja em v�o."

Quais foram as primeiras impress�es que a senhora teve de Omar Mateen ao conhec�-lo?
Ele parecia um cara perfeitamente normal... Voc� sabe... Charmoso, agrad�vel, engra�ado... Eu realmente jamais poderia pensar no que ele se tornou.

Por quanto tempo estiveram casados? E quais foram os primeiros sinais de que havia algo errado?
Estivemos casados por cerca de quatro meses. Em um primeiro momento, apenas percebi qu�o possessivo ele era e, de alguma forma, opressor. Eu era muito jovem, tinha apenas 20 anos. Honestamente, pensei que fosse algo normal. E que o casamento era aquilo mesmo. Mas, ent�o, ele come�ou a se tornar agressivo, depois de um m�s. Ele ficava chateado e me batia. Tamb�m n�o permitia que eu conversasse com minha fam�lia. Definitivamente, poderia dizer que existia uma bipolaridade aparente.

Que tipo de maus-tratos ele cometeu? Chegou a denunci�-lo?
Olha... Ele era um cara agressivo. Ele me agarrou e, umas duas vezes, bateu em mim pelo simples fato de a roupa n�o ter sido lavada. N�s o denunciamos quando ele me deixou ir. Ele tentou me fazer ref�m, e meu pai me salvou. Sinto-me muito aben�oada e grata por ter sobrevivido. Agora, estou aqui com meu marido, que, como voc� sabe, � brasileiro.

Alguma vez ele lhe transmitiu uma indica��o de radicaliza��o? A senhora se recorda de ele falar sobre os atentados de 11 de setembro, sobre a Al-Qaeda ou o jihadismo?
N�o, n�o mesmo. Ele ficou chocado, assim como todo o mundo, com o que ocorreu em 11 de setembro de 2001. Ele gostava de beber muito, o que n�o era bem aceito por sua fam�lia. Definitivamente, ele n�o teve qualquer conex�o com essas organiza��es enquanto eu estava l�.

A senhora suspeita que ele fosse homossexual?
Bem, agora que as pessoas est�o falando sobre isso, sim. Aparentemente, ele tinha algum aplicativo de namoro gay no celular e visitava, com frequ�ncia, uma boate gay. Mas isso � algo que ouvi da m�dia. Realmente procurei ignorar isso e nunca pensei tanto nisso, at� agora. Voc� sabe... Ele era excessivamente narcisista. Ele se olhava no espelho por horas e eu pensava que aquilo era meio bizarro.

Sitora contou que jamais imaginou que o ex-marido fosse capaz de invadir uma boate voltada para o público LGBT (foto: Reprodução internet/Twitter)
Sitora contou que jamais imaginou que o ex-marido fosse capaz de invadir uma boate voltada para o p�blico LGBT (foto: Reprodu��o internet/Twitter)
Com base no tempo que voc�s viveram como casal, a senhora j� o ouviu criticar ou depreciar os homossexuais?
Sim. Definitivamente, ele tinha sentimentos muito fortes sobre homossexuais. Mas esse � o tipo de coisa que era esperado de sua cultura. Assim como o pai dele. Voc� sabe, � uma coisa maluca... pensar que � mais honroso morrer como ele morreu, matando “infi�is”, do que se assumir gay. Isso � definitivamente algo que espero que mude. Todas as religi�es est�o mudando. O papa dos cat�licos saiu e pediu desculpas... Por que n�o podemos apenas fazer o mesmo?

Que mensagem a senhora deixaria para as v�timas do massacre da boate Pulse e para os familiares?
A �nica raz�o pela qual decidi falar com a m�dia foi por causa de voc�s. Sinto tanto sua dor. � uma trag�dia. Incr�vel que ainda sejamos v�timas desse tipo de loucura. � dif�cil encontrar palavras que possam acalmar a dor. Imposs�vel. O que precisamos � criar um di�logo entre todas as na��es do mundo. Mas rezo por voc�s todos os dias, para que sua dor n�o seja em v�o. Para que, por um milagre ou por o que quer que seja, a humanidade possa aprender a se abra�ar, a abra�ar as diferen�as de nossas culturas e a aprender a fazer a paz entre si. Nossos cora��es est�o ainda muito pesados. Tenho chorado muito, e nossa fam�lia tem orado por sua cura. N�o existe jihad aqui... H� apenas um garoto confuso, que nunca poderia ser aceito e, realmente, n�o se encaixava em lugar algum. A paz vem de dentro. N�s podemos fazer a paz conosco mesmo. Aprender a nos aceitar. Nos amar. Dessa forma, talvez possamos curar esses traumas, perdoar o passado e ter esperan�a para o futuro. N�o parece que h� muito que possamos fazer. Mas, se apenas fizermos nossa parte, mudando n�s mesmos, talvez possamos ajudar o mundo a mudar. � um longo caminho, mas, por que n�o tentar?


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