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Estado de Minas

Morre Winnie, ex-mulher de Nelson Mandela

A causa da morte n�o foi informada. O porta-voz anunciou apenas que foi em decorr�ncia "de uma longa doen�a"


postado em 02/04/2018 12:53 / atualizado em 02/04/2018 13:28

Winnie Mandela(foto: ALEXANDER JOE)
Winnie Mandela (foto: ALEXANDER JOE)

Morreu nesta segunda-feira (2), Winnie Mandela, de 81 anos, ex-mulher do l�der e ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, em decorr�ncia "de uma longa doen�a",  anunciou seu porta-voz.

"� com grande tristeza que informamos ao p�blico que a Sra. Winnie Madikizela Mandela faleceu no hospital Milkpark de Joanesburgo na segunda-feira, 2 de abril", declarou Victor Dlamini em um comunicado.

 

Carism�tica e pol�mica

 

Indom�vel e carism�tica, Winnie Madikizela-Mandela, que faleceu aos 81 anos nesta segunda-feira (2), tornou-se um importante rosto da luta anti-Apartheid ao assumir a bandeira de seu marido Nelson Mandela na pris�o, antes de derrapar e ser acusada de tortura.

O percurso de Nomzamo Winifred Madikizela Zanyiwe, conhecida sob o nome de "Winnie", � indissoci�vel do primeiro presidente negro da �frica do Sul, com quem foi casada por 38 anos, incluindo os 27 que ele esteve na cadeia.

Nascida em 26 de setembro de 1936, na prov�ncia de Cabo Oriental (sul), de onde Nelson Mandela tamb�m � natural, obteve diploma universit�rio em Servi�o Social, uma exce��o para uma mulher negra na �poca.

Seu casamento em junho de 1958 com Nelson Mandela - ela com 21 anos e ele, divorciado e pai, com quase 40 - foi rapidamente perturbado pelo engajamento pol�tico de seu marido.

"Nunca tivemos uma vida familiar (...) n�o pod�amos tirar Nelson de seu povo. A luta contra o Apartheid, pela Na��o, vinha primeiro", escreveu ela em suas mem�rias.

Logo depois do casamento, Nelson Mandela passou � clandestinidade. Deixada sozinha com suas filhas ap�s sua pris�o em agosto de 1962, Winnie manteve viva a chama da luta contra o regime racista branco.

A jovem assistente social foi, ent�o, alvo de intimida��es e press�es. Viu-se presa, for�ada a ficar em casa, banida em um vilarejo distante do mundo, onde sua casa foi alvo de dois ataques a bomba.

 'Passional'


Mas nada abalava sua resist�ncia. Contra todas as probabilidades, tornou-se uma das principais figuras do Congresso Nacional Africano (CNA), a ponta de lan�a da luta contra o Apartheid.

Em 1976, convocou os estudantes de Soweto revoltados a "lutar at� o fim".

Com o tempo, a radical "paix�o dos townships" se revelou, por�m, uma desvantagem e um constrangimento para o CNA.

Enquanto supostos traidores da causa anti-Apartheid eram queimados vivos com um pneu no pesco�o, ela dizia que os sul-africanos deveriam se libertar com "caixas de f�sforos". Um verdadeiro chamado ao assassinato.

Winnie se cercou de um grupo de jovens, formando sua pr�pria guarda, o "Mandela United Football Club" (MUFC), com m�todos particularmente brutais.

Em 1991, foi considerada culpada de cumplicidade no sequestro do jovem ativista Stompie Seipei. Winnie foi condenada a seis anos de pris�o, uma senten�a mais tarde comutada para uma multa simples.

Em 1998, a Comiss�o da Verdade e Reconcilia��o (TRC) encarregada dos crimes pol�ticos do Apartheid declarou Winnie "culpada pol�tica e moralmente pelas enormes viola��es dos direitos humanos" cometidas pelo MUFC.

"Grotesco", repete aquela apelidada de "M�e da Na��o", mesmo que testemunhas a acusassem de tortura.

- 'Algo deu terrivelmente errado' -
"Ela foi uma formid�vel defensora da luta, um �cone da liberta��o", disse Desmond Tutu, vencedor do Pr�mio Nobel da Paz, presidente da TRC e amigo de Nelson Mandela.

"E, ent�o, algo deu terrivelmente errado", reconhece.

Nomeada vice-ministra da Cultura ap�s as primeiras elei��es multirraciais de 1994, Winnie foi demitida por insubordina��o pelo governo de seu marido um ano depois.

Banida pela lideran�a do CNA, sentenciada novamente em 2003 por fraude, Winnie ainda retornou � pol�tica quatro anos depois, juntando-se ao Comit� Executivo do partido, o corpo administrativo do CNA.

Multiplicam-se as contradi��es. Deputada desde 1994 e reeleita em cada elei��o, sua aus�ncia no Parlamento chama aten��o.

Ela critica severamente o acordo hist�rico assinado por seu marido com os brancos para p�r fim � segrega��o. "Mandela nos abandonou", afirmava. "O acordo que ele fez � ruim para os negros", insistia.

A imagem do casal Mandela, marchando de m�os dadas ap�s a liberta��o do her�i anti-Apartheid em 1990, viajou pelo mundo. Mas os c�njuges nunca se encontraram. Eles finalmente se divorciaram em 1996 ap�s um processo s�rdido que revelou as infidelidades de Winnie.

A animosidade continuou mesmo ap�s a morte de Nelson Mandela em 2013. Ele n�o deixou nenhuma heran�a para a ex-mulher.

Furiosa, Winnie iniciou uma batalha para recuperar a casa da fam�lia em Qunu (sul). Recentemente, a Justi�a rejeitou seus pedidos. (Por B�atrice Debut)

(foto: MUJAHID SAFODIEN / AFP)
(foto: MUJAHID SAFODIEN / AFP)
 

Tutu

 

O ex-arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu afirmou nesta segunda-feira que Winnie Mandela, a ex-esposa de Nelson Mandela, falecida aos 81 anbos, foi um grande s�mbolo da luta contra o regime racista do apartheid.

"Ela se negou a ceder ante a pris�o do marido, a persegui��o cont�nua a sua fam�lia por parte das for�as de seguran�a, as pris�es, as proibi��es", afirmou.

"Sua atitude de desafio me inspirou profundamente, assim como gera��es de lutadores", acrescentou o Pr�mio Nobel da Paz em um comunicado.

Winnie Mandela faleceu em decorr�ncia "de uma longa doen�a" nesta segunda-feira em um hospital de Joanesburgo, anunciou seu porta-voz.

"� com grande tristeza que informamos ao p�blico que a Sra. Winnie Madikizela Mandela faleceu no hospital Milkpark de Joanesburgo na segunda-feira, 2 de abril", declarou Victor Dlamini em um comunicado.


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