
Por Esteban ROJAS, con Rodrigo ALMONACID en C�cuta
Cargas de ajuda humanit�ria para a Venezuela, geridas pelo l�der opositor Juan Guaid�, tiveram que recuar neste s�bado (23) diante do bloqueio ferrenho imposto pelos militares, em meio a dist�rbios que deixaram dois mortos e dezenas de feridos nas fronteiras com o Brasil e a Col�mbia.
Ao menos duas pessoas morreram, um adulto e um adolescente de 14 anos, atingidos por disparos, em santa Eleta de Uiar�n, no estado de Bol�var (sul), segundo a ONG F�rum Penal, cr�tica ao governo, pela "repress�o militar". Na sexta-feira, uma mulher havia morrido em confrontos na mesma regi�o.
Na fronteira com a Col�mbia, os militares impediram, com bombas de g�s lacrimog�neo e balas de borracha, a entrada de centenas de manifestantes e furg�es carregados com alimentos e medicamentos pelas pontes que ligam as cidades venezuelanas de Ure�a e San Antonio � colombiana C�cuta, maior centro de armazenamento de ajuda.
Dois dos caminh�es que transportavam ajuda foram incendiados na ponte fronteiri�a Francisco de Paula Santander, entre C�cuta e Ure�a, e dezenas de pessoas tiravam sacos e caixas para evitar que as chamas consumissem a carga. Os seguidores de Guaid� acusaram civis armados apoiadores de Maduro. O governo, por sua vez, responsabilizou o opositor e o presidente colombiano, Iv�n Duque, pela viol�ncia.
"Esta a��o pac�fica e de car�ter humanit�rio foi interrompida a partir da Venezuela sob o regime usurpador de Maduro com uma repress�o violenta e desproporcional", disse o chanceler Carlos Holmes Trujillo, ao anunciar o recuo dos caminh�es.
Guaid� anunciou mais cedo que a ajuda havia passado a fronteira com o Brasil, mas os caminh�es levando ajuda humanit�ria precisaram voltar � cidade fronteiri�a de Pacaraima na tarde deste s�bado, ap�s ter permanecido dias estacionados na fronteira, comprovou a AFP.
A mobiliza��o para fazer entrar a ajuda foi "impressionante" e "enfraqueceu ainda mais Maduro, mas n�o foi o golpe de miseric�rdia", avaliou Michael Shifter, de Di�logo Interamericano, em Washington.
O l�der opositor, reconhecido como presidente interino por uns 50 pa�ses, est� em C�cuta desde a sexta-feira, desafiando uma ordem judicial que o impede de deixar o pa�s. Dali, responsabilizou o "regime usurpador de Maduro" pelo ocorrido.
Em meio aos confrontos em T�chira, desertaram pelo menos 60 membros das for�as armadas venezuelanas, militares e policiais, que passaram para o lado colombiano, informou a Migra��o da Col�mbia.
Em Caracas, milhares de opositores, vestidos de branco e agitando bandeiras venezuelanas, protestaram em frente ao aeroporto militar La Calota, enquanto Maduro presidia uma marcha multitudin�ria de simpatizantes, durante a qual anunciou o rompimento de rela��es com a Col�mbia.
- Deser��es -
A Pol�cia colombiana deu prote��o aos membros das for�as de seguran�a desertores e um deles, vestindo uniforme da Guarda Nacional Bolivariana, chorou com as m�os para o alto, ap�s agradecer por ter podido cruzar a fronteira.
Guaid� ofereceu anistia aos membros das for�as de seguran�a, base de sustenta��o do governo, que romperem com Maduro.
"Os soldados com os quais conversei responderam ao seu desejo de vida e futuro para seus filhos, que o Usurpador n�o lhes garante", declarou Guaid�, ap�s se reunir com v�rios deles em C�cuta.
Para o analista David Smilde, especialista em Venezuela do Escrit�rio de Washington na Am�rica Latina (WOLA), "a oposi��o buscou p�r os militares na mira e estimular deser��es significativas". No entanto, destacou, "s� teve �xito em uma escala muito pequena".
As fronteiras da Venezuela com a Col�mbia e com o Brasil foram fechadas por ordem de Maduro, que considera a ajuda um pretexto para uma interven��o militar dos Estados Unidos.
"Presidente (Maduro), esta � a sua For�a Armada, veja como atiram em n�s!", denunciou Jos� David Morales, de 45 anos, enquanto mostrava restos de proj�teis disparados em El Salto, Bol�var, onde moradores exigiam a passagem da ajuda pela fronteira com o Brasil.
- Ruptura com a Col�mbia -
O lan�amento da opera��o humanit�ria provocou o an�ncio de Maduro do rompimento de rela��es com a Col�mbia, que reconhece Guaid� como presidente encarregado.
"Decidi romper todas as rela��es pol�ticas e diplom�ticas com o governo fascista da Col�mbia e todos os seus embaixadores e c�nsules devem sair em 24 horas da Venezuela. Fora daqui, oligarquia!", disse Maduro neste s�bado a uma multid�o em Caracas.
Mas a Col�mbia diz que n�o reconhece o governo "usurpador", nem seu an�ncio de rompimento de rela��es.
Para lan�ar a opera��o humanit�ria, acompanharam Guaid� os presidentes da Col�mbia, Iv�n Duque; do Chile, Sebasti�n Pi�era; e do Paraguai, Mario Abdo, assim como o secret�rio-geral da Organiza��o de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
Maduro, apoiado, entre outros pa�ses, pela R�ssia e a quem o alto comando militar reitera frequentemente sua "lealdade irrestrita", assegurou que nunca renunciar� � Presid�ncia.
"Estou mais firme do que nunca, firme, de p�, governando nossa p�tria agora e por muitos anos", clamou Maduro, dirigindo-se aos chavistas que marcharam por Caracas sob o lema "Hands off Venezuela" (Tirem as m�os da Venezuela).
"Nunca vou me dobrar, nunca vou me render. Sempre defenderei a nossa p�tria com a minha pr�pria vida, se for necess�rio", assegurou Maduro, insistindo em que o presidente americano, Donald Trump, quer se apropriar das riquezas do pa�s que tem as maiores reservas de petr�leo do mundo.
H� outro centro de armazenamento na ilha caribenha de Cura�ao, onde volunt�rios venezuelanos esperam um barco sair apesar de o governo de Maduro ter suspendido as partidas e os voos para esse territ�rio.
O navio, que zarpou neste s�bado de Porto Rico, territ�rio americano no Caribe, levando carga de ajuda humanit�ria para a Venezuela "recebeu amea�a direta de fogo por parte de navios venezuelanos", informou o governador porto-riquenho, Ricardo Rossell�.