
Segundo ele, as decis�es "priorizam o uso das reservas internacionais para preservar a estabilidade monet�ria e financeira, mesmo que isso implique adiar o pagamento aos grandes investidores da d�vida p�blica".
Sandleris diz que as medidas anunciadas pelo governo devem reduzir a press�o sobre o mercado cambial, "reduzindo a eventual demanda por moeda estrangeira e garantindo a disponibilidade de recursos para reduzir a volatilidade".
De acordo com ele, as medidas evitam tr�s erros cometidos em outros casos de "s�bita interrup��o do acesso ao mercado de cr�dito". O primeiro erro � "tentar ganhar tempo estimulando artificialmente o sistema banc�rio para tomar mais d�vida p�blica". "A Argentina tem um sistema banc�rio l�quido, solvente, sem falta de moedas e com baixa exposi��o ao setor p�blico. O problema no financiamento p�blico de curto prazo n�o deve contamin�-lo", argumenta.
Outro erro, segundo o presidente do BC, � o "uso imprudente das reservas internacionais do Banco Central para atender os pagamentos de d�vida p�blica", o que limitaria as ferramentas do BC para garantir a estabilidade monet�ria. Um terceiro erro comum seria imprimir pesos para fazer frente a necessidades de financiamento em moeda local. "Aumentar a base monet�ria acima do demandado pelo p�blico leva, em definitivo, a uma maior infla��o e a press�o cambial", afirma a nota.
As medidas anunciadas por Lacunza "garantem que o Banco Central conte com recursos para moderar a volatilidade no mercado cambial e preservar a estabilidade" do sistema financeiro. O BC ainda diz que continuar� a utilizar uma "pol�tica monet�ria restritiva e as interven��es cambiais como instrumentos centrais para moderar a volatilidade nominal".
O maior calote da hist�ria
Em meio a uma grave crise econ�mica e social e sem conseguir um novo acordo com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI), a Argentina declarou em 23 de dezembro de 2001 a maior morat�ria da hist�ria, de US$ 102 bilh�es, somados d�bitos, juros e corre��es.
A paridade d�lar-peso, institu�da em 1991 pelo Plano Cavallo (elaborado pelo ministro da Economia, Domingo Cavallo, para deter a hiperinfla��o), durante o governo de Carlos Menem, se mostrou ineficiente. A d�vida externa, p�blica e privada, havia disparado: de US$ 4,5 bilh�es em 1991 para US$ 146 bilh�es 10 anos depois.
O pa�s estava quebrado. No come�o de 2001, Cavallo ordena o congelamento dos dep�sitos. Em um gesto desesperado ap�s os saques dos poupadores que somaram US$ 22 bilh�es em menos de tr�s meses, o ministro decide que durante 90 dias os saques di�rios n�o poderiam ultrapassar os 250 pesos ou US$ 250, na �poca. A decis�o provoca violentos protestos reprimidos pela pol�cia, deixando 33 mortos.
Os supermercados s�o saqueados e a popula��o manifesta sua revolta com “panela�os”. Em 19 de dezembro, o presidente Fernando De la Rua decreta estado de s�tio. No dia seguinte, cercado por milhares de manifestantes reunidos na Casa Rosada, ele assina sua ren�ncia e abandona a sede de governo de helic�ptero. No dia 23, seu sucessor, o presidente interino Adolfo Rodriguez Sa�, declara a morat�ria e, uma semana depois, renuncia.
Nos anos seguintes o governo realizou v�rios planos de reestrutura��o e, ap�s as ofertas de 2005 e de 2010, a maior parte dos credores aceitou uma troca da d�vida. Contudo, uma minoria dos credores, chamada de “fundos abutres”, foi � Justi�a exigir o pagamento integral. Ap�s a chegada de Mauricio Macri ao poder, no come�o de 2016, o pa�s chegou a um acordo com os �ltimos donos de b�nus e p�de voltar aos mercados internacionais depois de 15 anos.