
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (27) que o l�der do grupo extremista Estado Isl�mico (EI), Abu Bakr al Bagdadi, morreu "como um cachorro" em uma opera��o de agentes especiais americanos durante a noite no noroeste da S�ria.
Trump fez um pronunciamento televisionado ao pa�s da Casa Branca, no qual informou que os agentes americanos mataram "um grande n�mero" de militantes do EI durante a opera��o, que culminou no encurralamento de Bagdadi em um t�nel, onde ele acionou um colete suicida.
"Ele acionou seu colete, se matando", disse Trump. "Ele morreu ap�s correr para um t�nel sem sa�da, solu�ando, chorando e gritando por todo o caminho", declarou, acrescentando que tr�s de seus filhos tamb�m morreram com a explos�o.
O presidente americano disse que a opera��o, que demandou mais de uma hora de voo de helic�ptero em v�rias dire��es vindo de uma base n�o revelada, foi poss�vel gra�as � ajuda da R�ssia, da S�ria, da Turquia e do Iraque.
As for�as especiais "executaram uma incurs�o noturna perigosa e ousada no noroeste da S�ria e alcan�aram sua miss�o em grande estilo".
No seu auge, o EI controlou vastos territ�rios no Iraque e na S�ria, onde proclamou um califado marcado pela imposi��o brutal de uma vers�o puritana do Isl�.
Al�m da opress�o da popula��o sob seu comando, o EI planejou ou inspirou ataques terroristas na Europa, usando t�cnicas de propaganda nas redes sociais para atrair um n�mero amplo de volunt�rios estrangeiros.
Foram v�rios anos de guerra, nos quais o EI ficou famoso pelas execu��es em massa e assassinatos de ref�ns, antes de o �ltimo territ�rio do califado na S�ria ser retomado, em mar�o.
A morte de Bagdadi � uma grande conquista para Trump, cuja decis�o abrupta de retirar tropas da S�ria despertou temor que o remanescentes do EI pudessem se reagrupar.
O mandat�rio recebeu uma salva de cr�ticas, inclusive de seu pr�prio Partido Republicano.
- Popula��o em p�nico -
De acordo com o Observat�rio S�rio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de informantes no terreno, comandos americanos foram deixados de helic�pteros na prov�ncia de Idlib (noroeste s�rio), em uma �rea onde estavam "grupos pr�ximos ao EI".
A opera��o matou nove pessoas, incluindo um l�der do EI chamado Abu Yamaan, al�m de uma crian�a e duas mulheres, segundo a ONG.
Um morador contactado pela AFP na zona de Barisha disse ter ouvido helic�pteros e ataques de avi�es poucos minutos depois da meia-noite.
"Os avi�es voavam a uma altura muito baixa, provocando grande p�nico entre as pessoas", relatou � AFP Ahmed al Hassaui, deslocado instalado em um dos acampamentos informais perto do Barisha. Segundo ele, "a opera��o durou pelo menos at� as 3h30" de domingo.
"Tem uma casa destru�da, barracas de campanha e um ve�culo civil danificado, com dois mortos dentro", contou � AFP Abdelhamid, outro morador da Barisha.
Na manh� deste domingo, combatentes do grupo Hayat Tahrir Al Sham (HTS), outrora o bra�o s�rio da Al Qaeda, tomaram posi��es em torno de uma casa em ru�nas, situada no meio de um olival em Barisha, perto da fronteira turca, onde a opera��o teria ocorrido nesta madrugada.
Alguns jornalistas, entre eles um correspondente da AFP, puderem se aproximar brevemente das ru�nas desta casa, totalmente destru�da.
- Trabalho conjunto de intelig�ncia -
A Turquia, que tem praticado uma ofensiva contra as For�as Democr�ticas S�rias (FDS), apoiadas pelos EUA, no nordeste da S�ria nas �ltimas semanas, tinha "conhecimento antecipado" sobre o ataque, disse uma autoridade turca.
"At� onde eu sei, Abu Bakr al Bagdadi chegou a esse local 48 horas antes do ataque", disse o oficial � AFP.
O comandante em chefe das FDS, que luta contra o EI na S�ria, afirmou que a opera��o ocorreu ap�s "trabalho conjunto de intelig�ncia" com as for�as americanas.
Trump tamb�m disse que o Iraque tinha sido "muito bom" durante o ataque.
Ele disse que nenhum soldado dos EUA foi ferido, apesar de "disparar muitos tiros" e "muitas explos�es". A �nica v�tima americana foi um c�o militar no t�nel com o l�der do Estado Isl�mico preso.
Perseguido pela coaliz�o liderada pelos Estados Unidos contra o EI h� muitos anos, Bagdadi j� foi erroneamente relatado morto v�rias vezes.
- Apari��o p�blica em 2014 -
Abu Bakr al Bagdadi n�o deu sinais de vida desde uma grava��o de �udio divulgada em novembro de 2016, ap�s o in�cio da ofensiva iraquiana para retomar Mossul, na qual pediu para seus homens lutarem at� se tornarem m�rtires.
Foi em Mossul a �nica apari��o p�blica do l�der do EI da qual se tem conhecimento, em julho de 2014, na mesquita Al Nuri.
Vestido de preto e com turbante, o extremista pediu para todos os mu�ulmanos lhe jurarem lealdade, ap�s ser nomeado chefe do califado proclamado pelo EI nos extensos territ�rios que tinha conquistado no Iraque e na vizinha S�ria.
Bagdadi, cujo verdadeiro nome � Ibrahim Awad al Badri, teria nascido em 1971 em uma fam�lia pobre da regi�o de Bagd�. Apaixonado por futebol, fracassou em sua tentativa de ser advogado e militar, e come�ou a estudar teologia.
Durante a invas�o americana do Iraque em 2003, criou um pequeno grupo jihadista sem muito impacto, antes de ser detido na gigantesca pris�o de Bucca.
Liberado por falta de provas contra ele, se uniu a um grupo de guerrilha sunita vinculado � Al Qaeda, e liderou-o anos depois. Aproveitando o caos da guerra civil, seus combatentes se instalaram na S�ria em 2013 e, de l�, lan�aram uma ofensiva no Iraque.
O grupo, que mudou seu nome para Estado Isl�mico, ocupou o lugar da Al Qaeda. Seus sucessos militares iniciais e a propaganda eficaz levaram milhares de pessoas a se alistarem em suas filas. O EI reivindicou diversos atentados violentos no mundo todo.