
O estudo, publicado online na ter�a-feira, mas ainda n�o revisado por especialistas, tamb�m sugere que qualquer pessoa que se recupere da infec��o pode voltar ao trabalho com seguran�a - embora n�o esteja claro quanto tempo sua prote��o pode durar.
"S�o not�cias muito boas", disse Angela Rasmussen, virologista da Universidade Columbia, em Nova York, que n�o estava envolvida no estudo.
Anticorpos s�o mol�culas imunol�gicas produzidas pelo organismo para combater pat�genos. A presen�a de anticorpos no sangue geralmente confere pelo menos alguma prote��o contra o invasor.
Autoridades de sa�de de v�rios pa�ses, incluindo os Estados Unidos, t�m depositado suas esperan�as em testes que identificam anticorpos para o coronav�rus para decidir quem � imune e pode voltar ao trabalho. Pessoas imunes podem substituir indiv�duos vulner�veis, especialmente em ambientes de alta transmiss�o, como hospitais, construindo o que os pesquisadores chamam de "shield immunity" (imunidade de escudo, em tradu��o livre) na popula��o.
Mas a maioria dos testes de anticorpos � repleta de falsos positivos. O novo estudo contou com um teste desenvolvido por Florian Krammer, virologista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, com menos de 1% de chance de produzir resultados falso-positivos.
V�rios pequenos estudos deram motivos para esperar que as pessoas que tiveram a covid-19, a doen�a causada pelo novo coronav�rus, ganhem alguma imunidade. O novo estudo �, de longe, o maior, com resultados de 1.343 pessoas em torno da cidade de Nova York.
O estudo tamb�m diminuiu a preocupa��o de que apenas algumas pessoas - s� aquelas que estavam gravemente doentes, por exemplo - pudessem produzir anticorpos. Na verdade, o n�vel de anticorpos n�o diferiu por idade ou sexo, e mesmo pessoas que apresentaram apenas sintomas leves produziram uma quantidade saud�vel deles.
Ter anticorpos n�o � o mesmo que ter imunidade ao v�rus. Mas em pesquisas anteriores, a equipe de Krammer mostrou que os n�veis de anticorpos est�o intimamente ligados � capacidade de desarmar o v�rus, a chave para a imunidade.
A equipe testou 624 pessoas cujos exames deram positivo para o novo coronav�rus e se recuperaram. No in�cio, apenas 511 delas tinham altos n�veis de anticorpos, 42 apresentaram baixos n�veis e 71 n�o tinham anticorpos. Quando 64 dos indiv�duos com n�veis fracos ou inexistentes foram testados novamente mais de uma semana depois, no entanto, todos, exceto tr�s, tinham pelo menos alguns anticorpos.
Isso sugere que o momento dos testes para anticorpos pode afetar muito os resultados, disseram os pesquisadores. "N�o est�vamos examinando exatamente isso, mas tivemos suficientes (resultados) para dizer que 14 dias provavelmente seja (um prazo) um pouco cedo demais (para fazer os testes)", disse Ania Wajnberg.
Houve at� uma diferen�a entre os n�veis de 20 dias versus os de 24 dias, disse ela, sugerindo que o momento ideal para um teste de anticorpos � muito depois do in�cio dos sintomas. "O que estamos dizendo �s pessoas agora � (os testes devem ser feitos) ao menos tr�s semanas ap�s o in�cio dos sintomas", disse Ania.
Como os testes para diagnosticar a infec��o por coronav�rus n�o estavam dispon�veis para a maioria das pessoas na cidade de Nova York em mar�o, os pesquisadores inclu�ram outras 719 pessoas em seu estudo que suspeitavam ter tido a covid-19 com base nos sintomas e pela exposi��o ao v�rus, mas que n�o haviam sido diagnosticadas com a doen�a.
Nesse grupo, os pesquisadores encontraram um resultado completamente diferente. A maioria dessas pessoas - 62% - n�o pareciam ter anticorpos.
Algumas delas podem ter sido testadas muito cedo para detectar anticorpos ap�s terem adoecido. Mas muitas provavelmente confundiram os sintomas de uma gripe, outra infec��o viral ou at� alergias com a covid-19, disse Ania.
Outra descoberta do estudo - que os testes de diagn�stico por PCR podem ser positivos at� 28 dias ap�s o in�cio da infec��o - tamb�m � importante, disse Taia Wang. Esses testes procuram fragmentos gen�ticos, n�o anticorpos, e sugerem uma infec��o ativa ou que est� diminuindo.
"Entre tudo que sabemos sobre a SARS-CoV-2, este (estudo) realmente se destaca", disse ela. “N�s realmente precisamos saber quanto tempo o corpo leva para eliminar o v�rus? Quanto tempo as pessoas s�o contagiosas? N�o sabemos a resposta para isso.
Ela e outros cientistas disseram que � altamente improv�vel que um teste positivo tanto tempo ap�s o aparecimento dos sintomas represente uma nova infec��o pelo v�rus. Pesquisadores da Coreia do Sul anunciaram recentemente, por exemplo, que v�rios casos suspeitos de "reinfec��o" foram resultado de testes de PCR que captaram restos de v�rus mortos.
O material gen�tico do v�rus do sarampo pode aparecer nos testes seis meses ap�s a doen�a, observou Krammer. Sabe-se que os fragmentos gen�ticos dos v�rus Ebola e Zika persistem ainda mais no corpo.
Ainda assim, Taia disse: "At� que tenhamos certeza, � prudente que todos procedam como se um teste de PCR positivo significasse a presen�a do v�rus contagioso". Os Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC, na sigla em ingl�s) recomenda que as pessoas se isolem por 10 dias ap�s o in�cio dos sintomas, mas esse per�odo pode precisar ser maior.
Especialistas disseram que o pr�ximo passo seria confirmar que a presen�a de anticorpos no sangue significa prote��o contra o coronav�rus. O corpo depende de um subgrupo de anticorpos, chamados anticorpos neutralizantes, para proteg�-lo do coronav�rus.
"A quest�o agora � at� que ponto esses anticorpos s�o neutralizantes e se isso leva � prote��o contra infec��es - todas as quais devemos supor que sim", disse Sean Whelan, virologista da Universidade Washington em St. Louis.