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Estado de Minas DANOS PELA PANDEMIA

COVID-19: Proposta de a��o na Justi�a j� tem ades�o de 54 mil pessoas na It�lia

Ideia partiu de jovem que perdeu o pai logo no in�cio da epidemia e foi publicada em rede social


postado em 23/05/2020 12:44 / atualizado em 23/05/2020 13:20

Morador de rua com máscara dorme em calçada de Roma(foto: Vincenzo PINTO / AFP)
Morador de rua com m�scara dorme em cal�ada de Roma (foto: Vincenzo PINTO / AFP)

Enquanto a It�lia d� os primeiros passos para tentar voltar � normalidade ap�s mais de dois meses de quarentena, um grupo que j� re�ne cerca de 54 mil pessoas est� se organizando para buscar justi�a para familiares mortos na pandemia do novo coronav�rus.

A ideia partiu de Luca Fusco, morador de Bergamo que perdeu o pai na pandemia e criou, no fim de mar�o, uma p�gina no Facebook chamada "Noi Denunceremo" ("N�s Denunciaremos"). Em cerca de dois meses, o grupo j� re�ne dezenas de depoimentos sobre perdas provocadas pelo v�rus Sars-CoV-2.
  
Em entrevista por telefone, Fusco conta que n�o esperava tanta repercuss�o, mas diz que o grande n�mero de ades�es mostra a import�ncia da iniciativa. "O principal objetivo desse grupo � conhecer a verdade do que aconteceu, e se tiver havido responsabilidade de algu�m, esse algu�m deve pagar", afirma.
  
Seu pai, que motivou a cria��o da p�gina, mal teve tempo de combater a doen�a. Internado em uma cl�nica privada com pneumonia, ele n�o respondia � medica��o e morreu dois dias depois de um exame ter confirmado a infec��o pelo novo coronav�rus.

Com as filas em cemit�rios e cremat�rios de Bergamo, o corpo foi enviado para longe da cidade, e durante 20 dias a fam�lia sequer soube de seu paradeiro. "Depois, finalmente conseguimos recuperar a urna com as cinzas", diz Fusco.

Luto

 
Diego Federici, italiano de 35 anos que vive em Martinengo, na prov�ncia de Bergamo, conta que decidiu entrar no grupo para fazer a It�lia e o mundo conhecerem as "pessoas fant�sticas" que eram seus pais, ambos mortos pela Covid-19.
   
Segundo Federici, os dois eram saud�veis e n�o tinham nenhuma comorbidade, mas n�o conseguiram vencer o novo coronav�rus. "N�o tinham doen�as card�acas, n�o eram diab�ticos, n�o tinham nada.
   
Saud�veis. Duas pessoas de 70 anos, saud�veis", afirma.
   
A m�e, Ida Mattoni, teve uma grave crise respirat�ria em 18 de mar�o e foi levada de ambul�ncia a um hospital, onde ficou internada por uma semana at� falecer, no dia 25 do mesmo m�s.
   
Federici diz que recebia poucas not�cias sobre o estado de sua m�e, at� que, tr�s dias antes do �bito, os m�dicos informaram que iriam sed�-la.
   
"O anestesista havia decidido n�o adotar um tratamento intensivo ou semi-intensivo porque ela n�o resistiria. Come�aram a dar morfina, at� que ela n�o resistiu mais", relata.
   
O pai, Renato Federici, foi internado no mesmo dia que sua esposa, por�m apresentava apenas um pouco de febre e subira na ambul�ncia com as pr�prias pernas. Renato, no entanto, morreria em 21 de mar�o, quatro dias antes de Ida.
   
"Na noite antes de morrer, tomou banho sozinho, comeu sozinho, era aut�nomo, mas nos ligaram no s�bado [21] de manh� dizendo que estava morto", relata Federici. Tanto Renato quanto Ida s� tiveram a infec��o pelo Sars-CoV-2 confirmada no hospital.
   
Federici, apesar de ter perdido os pais para o novo coronav�rus, n�o foi submetido a nenhum exame. "Todos erraram, nunca me disseram a verdade, at� hoje n�o me dizem a verdade. Eles merecem justi�a, eu devo isso a eles. Se eu tivesse morrido, eles teriam movido montanhas, ent�o � justo que eu fa�a o mesmo", acrescenta. 
  

Den�ncias

 
O grupo Noi Denunceremo montou um comit� respons�vel por coletar den�ncias, e algumas delas j� foram levadas aos Minist�rios P�blicos de prov�ncias como Bergamo, Mil�o, Brescia, G�nova e Turim.
   
Entre os alvos est�o �rg�os p�blicos acusados de ter subestimado a crise sanit�ria em seu in�cio. "Eles pensaram que era uma coisa muito mais administr�vel, mas n�o conseguiram cont�-la.
   
Por isso, tivemos uma corrida aos hospitais, que n�o conseguiram dar conta do n�mero de pessoas. Tivemos um m�s em que as pessoas morriam no pronto-socorro", relata Fusco.
   
No fim de fevereiro, quando surgiram os primeiros casos de transmiss�o interna na It�lia, as principais lideran�as pol�ticas do pa�s deram declara��es que seriam derrubadas pelos fatos poucos dias depois. O primeiro-ministro Giuseppe Conte chegou a dizer que a vida precisava "continuar", e o governador da Lombardia, Attilio Fontana, afirmou que a Covid-19 era "pouco mais que uma gripe normal".
   
J� o prefeito de Mil�o, Giuseppe Sala, virou exemplo no mundo inteiro ao apoiar uma campanha defendendo que a cidade n�o podia parar e depois pedir desculpas. No auge da crise, hospitais da regi�o da Lombardia ficaram � beira do colapso, e caminh�es militares foram enviados para remover corpos que aguardavam sepultamento ou crema��o em Bergamo.
   

Esperan�a 

Processos ligados a outras trag�dias recentes na It�lia, como o terremoto de Amatrice, em 2016, e a avalanche no Hotel Rigopiano, em 2017, caminham a passos lentos na Justi�a, e Fusco admite sentimentos conflitantes sobre as possibilidades de sucesso das den�ncias relativas � pandemia.
   
Ao mesmo tempo em que sente uma "grande esperan�a" de ir at� o fim, diz ter uma "razo�vel certeza" de que isso n�o acontecer�.
   
"Chegar� um momento em que as responsabilidades estar�o muito no alto", prev�. Ele ressalta, no entanto, que o objetivo n�o � processar m�dicos ou operadores sanit�rios. Segundo Fusco, esses profissionais s�o t�o v�timas como aqueles que morreram, j� que se depararam com uma situa��o "maluca" para a qual n�o haviam sido preparados. "Ningu�m lhes havia dito o que era, eles n�o tinham os instrumentos para intervir, leitos livres, m�scaras, luvas, rem�dios", acrescenta. Desde o in�cio da pandemia, o novo coronav�rus j� matou mais de 160 m�dicos e cerca de 40 enfermeiros na It�lia.
   
O pa�s inteiro contabiliza aproximadamente 230 mil casos e mais de 32 mil �bitos, de acordo com a Defesa Civil. (ANSA)


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