
� seguro e eficaz? O governo do presidente Donald Trump colocou as considera��es pol�ticas � frente da ci�ncia?
Veja o que se sabe sobre este procedimento:
- O que � o plasma convalescente? -
Quando uma pessoa tem COVID-19, seu organismo produz anticorpos que combatem o novo coronav�rus. Estas prote�nas flutuam no plasma, o componente l�quido do sangue.
Os anticorpos podem ser coletados de pacientes que se recuperaram da doen�a e ser injetados no sangue de outros para ajud�-los a combater a mesma infec��o.
Batizada de "imuniza��o passiva", a ideia n�o � nova. J� foi testada antes contra a difteria em 1892 e depois na pandemia de gripe espanhola, em 1918.
- � seguro e eficaz? -
A pesquisa sobre estas quest�es est� em curso, mas alguns ind�cios s�o animadores.
Em junho, a Cl�nica Mayo, com sede em Rochester (Minnesota), analisou a seguran�a do plasma depois de uma transfus�o em um grupo de 20.000 pacientes com COVID-19, e encontrou taxas extremamente baixas de efeitos colaterais, como insufici�ncia card�aca, les�o pulmonar, rea��es al�rgicas e morte.
"Conclu�mos que o uso do plasma convalescente era seguro", disse � AFP o doutor Scott Wright, que conduziu a pesquisa, publicada na Mayo Clinic Proceedings.
� importante destacar que n�o houve sinais de um efeito chamado "potencializa��o dependente de anticorpos", gerado quando os anticorpos que n�o s�o adequados para conter um v�rus na verdade levam a que mais c�lulas se infectem.
Sobre a utilidade do m�todo, todos os especialistas coincidem na necessidade de mais testes cl�nicos para comparar o uso do plasma com o atendimento m�dico padr�o.
O doutor Soumya Swaminathan, cientista-chefe da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), disse que alguns testes menores informaram as descobertas. "Os resultados em alguns casos apontam para algum benef�cio, embora n�o tenham sido conclusivos", relativizou.
Outro estudo da Cl�nica Mayo, que n�o foi um teste cl�nico e ainda n�o foi revisto por pares, sugeriu que o plasma ajudou a reduzir a taxa de letalidade entre os pacientes hospitalizados quando administrado de forma precoce e em um momento em que os n�veis de anticorpos eram altos.
Mas n�o foi usado placebo, o que dificulta a interpreta��o das descobertas.
Participaram deste estudo 35.000 pacientes. Aqueles que receberam transfus�es nos tr�s dias seguintes a seu diagn�stico positivo para a COVID-19 tiveram taxa de mortalidade de 8,7% na semana seguinte.
J� os que receberam plasma depois de quatro ou mais dias tiveram taxa de mortalidade de 11,9%.
Enquanto isso, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins - centro de refer�ncia para a COVID-19 nos Estados Uniods - est�o realizando um teste utilizando plasma para imunizar os pacientes antes de terem a possibilidade de adoecerem.
David Sullivan, que chefia este teste, o comparou a uma "vacina imediata".
Se funcionar, "podemos dizer �s pessoas que se tiverem um alto risco... Podem us�-la e n�o t�m que se preocupar em ir para o hospital", disse � AFP.
Embora cientistas acreditem haver vantagens no uso do plasma, no longo prazo se considera melhor apelar para anticorpos mais espec�ficos.
As vantagens s�o que os m�dicos sabem exatamente o que est�o usando e podem quantificar a dose. Al�m disso, os medicamentos podem ser produzidos em massa.
Ao contr�rio, e visto que o v�rus sofre muta��o cont�nua, os anticorpos produzidos em laborat�rio para combater uma vers�o anterior do v�rus poderiam n�o ser t�o eficazes quanto o plasma rec�m-coletado.
- A autoriza��o foi politizada? -
A Food and Drugs Administration (FDA), ag�ncia que regula os alimentos e os medicamentos nos Estados Unidos, emitiu anteriormente autoriza��es de emerg�ncia para o antiviral remdesivir, ap�s ter sido demonstrado que tem efic�cia moderada contra o novo coronav�rus e tamb�m para o medicamento antimal�ria hidroxicloroquina, o qual posteriormente reverteu devido a preocupa��es com sua seguran�a.
Analistas pol�ticos questionaram que a mais recente resolu��o da FDA ocorre em um momento em que Trump aparece em desvantagem nas pesquisas de inten��o de voto para as elei��es de novembro, nas quais o magnata tentar� a reelei��o.
De fato, ao fazer o an�ncio, tanto Trump quanto o comiss�rio da FDA, Stephen Hahn, distorceram uma estat�stica-chave quando disseram que o plasma reduziu as taxas de mortalidade em 35%.
A porta-voz da FDA, Emily Miller, esclareceu depois em sua conta no Twitter que a cifra se referia � redu��o relativa do risco de morte em pessoas que receberam n�veis altos de anticorpos no estudo da Cl�nica Mayo em compara��o com os que receberam n�veis baixos.
Isto "mina a credibilidade de todo o governo e da administra��o dos Estados Unidos, mas especificamente destas institui��es", avaliou o m�dico Matthew Heinz, profissional do estado do Arizona que trabalhou no Departamento de Sa�de do ex-presidente democrata Barack Obama.