
Em entrevista ao tabloide The Sun, a jovem, que mora na Inglaterra, contou que, quando foi ao m�dico, ela foi encaminhada a um especialista para saber do que se tratava.
Testes acabaram revelando que Dani tinha cromossomos XY — que s�o geralmente encontrados em homens — e n�o apresentava nenhum �rg�o reprodutor feminino, como um �tero. Nesse momento, ela descobriu ser intersexual.
A jovem disse que, � �poca, a not�cia a deixou "devastada", por�m n�o surpresa. "Quando eu tinha 10 anos, percebi mudan�as no meu corpo que eram mais t�picas do que acontece no desenvolvimento masculino. Minha voz abaixou o tom e minha menstrua��o nunca veio. Foi uma �poca extremamente confusa e solit�ria", contou ao jornal.
Ela explica que a descoberta foi "tardia" porque o corpo n�o respondeu � testosterona produzida pelos test�culos da jovem. "Por isso, nasci, pareci e fui criada como uma menina. O que � uma sorte, pois sempre me identifiquei como mulher", relatou. "Quando descobri que era intersexual, tive medo de que ningu�m me amaria. Eu estava com raiva das probabilidades. 'Por que eu?'.
Os m�dicos ent�o sugeriram que ela passasse por tratamento de reposi��o hormonal e cirurgias.
Test�culos no est�mago
Dani foi submetida a ultrassonografias de pelve para entender as dores de est�mago, que revelaram que ela tinha test�culos dentro do est�mago, al�m de estarem em est�gios iniciais de c�ncer.
Em 2009, ent�o, Dani passou por uma cirurgia para a retirada dos test�culos cancer�genos e uma outra para alterar a apar�ncia da vulva. Sobre essa �ltima, a jovem confessa que se sentiu "obrigada" a fazer o procedimento por receio de seu corpo n�o ser aceito.
"Disseram-me e acreditei que era um segredo que ningu�m precisava saber, ent�o rapidamente me submeti � cirurgia para remover meus test�culos e normalizar minha apar�ncia externa, exatamente como os m�dicos e cirurgi�es recomendaram", lembrou ela.
Al�m disso, Dani tamb�m fez terapia hormonal e hoje ela diz perceber como o tratamento que lhe foi apresentado no passado era tendencioso e representava uma sociedade preconceituosa.
"Agora, eu sinto que essas cirurgias foram apresentadas como a �nica op��o vi�vel, como se eu tivesse sido enganada por m�dicos preconceituosos que trabalham dentro de um sistema preconceituoso que causou um incomensur�vel trauma mental", contou.
Ativista
Atualmente, a jovem de 25 anos luta pelos direitos das pessoas intersexuais, principalmente de crian�as, que, segundo ela, n�o t�m a op��o de escolher se submeterem ou n�o a procedimentos para defini��o de g�nero.
"Essas cirurgias s�o for�adas em beb�s intersex todos os dias, muitos dos quais acabam com uma identidade de g�nero que n�o se alinha com a apresenta��o de seu corpo porque foi escolhido para eles por outra pessoa. Mesmo agora, tenho problemas de intimidade e dismorfia corporal devido ao trauma de ser cutucada tanto quando crian�a. Foi incrivelmente traum�tico", afirma.
"Quero ver uma educa��o representativa nas escolas que cubra todo o espectro da biologia humana", completa Dani.