
No entanto, � s� a partir de 14 de dezembro que ele ser�, de fato, presidente eleito, segundo o calend�rio eleitoral de 2020 dos EUA. � neste dia que o Col�gio Eleitoral vai se reunir e os representantes dos Estados votar�o nos candidatos mais votados em seus territ�rios.
O motivo est�, novamente, nas particularidades do processo eleitoral americano.
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At� o dia 14, os Estados devem finalizar suas apura��es. Os governadores t�m de preparar, "assim que pratic�vel", documentos conhecidos como Certificados de Averigua��o dos votos, com os nomes dos candidatos eleitos e o n�mero de votos populares que receberam, bem como o nome dos candidatos derrotados.
Esses documentos s�o timbrados e costumam ser assinados pelos pr�prios governadores.
Antes disso, at� 8 de dezembro � outro prazo importante: � a data limite para os Estados nomearem seus eleitores do col�gio eleitoral, que s�o quem, de fato, votam para presidente (entenda por que abaixo).
Mas esse prazo pode ser amea�ado, neste ano, pelas tentativas j� em curso do atual presidente, Donald Trump, de contestar judicialmente os resultados eleitorais ou pedir recontagens de votos.
Se tudo for resolvido no prazo, � em 14 de dezembro que os eleitores do col�gio eleitoral v�o oficializar seus votos para presidente e vice. Os votos s�o contabilizados, certificados e assinados.
Em 6 de janeiro de 2021, uma sess�o do Congresso faz a contagem dos votos e declara oficialmente os resultados eleitorais.
A posse de Joe Biden, por sua vez, est� agendada para 20 de janeiro.
Mas por que o sistema eleitoral americano � assim?

Por que esse sistema foi escolhido?
Quando a Constitui��o dos EUA estava sendo elaborada, em 1787, era praticamente imposs�vel a realiza��o de uma vota��o popular nacional para eleger um presidente. Isso por causa do tamanho do pa�s e das dificuldades de comunica��o.
Ao mesmo tempo, havia pouco entusiasmo em permitir que o presidente fosse escolhido pelos legisladores da capital, Washington DC.
Assim, os criadores da Constitui��o inventaram o Col�gio Eleitoral, com cada Estado escolhendo delegados para comp�-lo.
Os Estados menores gostaram do sistema porque eles ganhavam, assim, uma voz mais forte na escolha do presidente do que no voto popular nacional.
O Col�gio Eleitoral tamb�m era preferido pelos Estados do sul, onde os escravos constitu�am grande parte da popula��o. Mesmo que os escravos n�o votassem, eles eram contados no censo dos EUA (como tr�s quintos de uma pessoa).
Como o n�mero de delegados no Col�gio era determinado pelo tamanho da popula��o de um Estado, os Estados do sul tinham mais influ�ncia na elei��o do presidente do que teriam em uma vota��o direta.

Como funciona o col�gio eleitoral?
Quando os americanos v�o �s urnas nas elei��es presidenciais, est�o na verdade escolhendo um grupo de delegados que representar� a decis�o do Estado no Col�gio Eleitoral.
A palavra "col�gio" aqui simplesmente se refere a um grupo de pessoas com uma tarefa comum. Essas pessoas s�o chamadas de "electors" (eleitores) e sua fun��o � nomear o presidente e o vice-presidente.
O Col�gio Eleitoral se re�ne a cada quatro anos, algumas semanas ap�s o dia das elei��es, para cumprir essa tarefa.
O n�mero de delgados/eleitores de cada Estado � aproximadamente correspondente ao tamanho de sua popula��o — e proporcional ao n�mero de parlamentares no Congresso dos EUA (deputados na C�mara e senadores).
A Calif�rnia tem o maior n�mero de delegados — 55 — enquanto alguns lugares com baixa densidade populacional, como Wyoming, Alasca, Dakota do Norte e Washington DC, t�m o m�nimo de tr�s.
Mas o sistema n�o � proporcional ao tamanho das popula��es estaduais, o que gera distor��es no peso de cada voto: enquanto o Estado da Calif�rnia, por exemplo, tem uma popula��o quase 70 vezes maior que a do Estado de Wyoming (quase 40 milh�es de pessoas, contra 580 mil pessoas), seu n�mero de delegados no col�gio eleitoral � apenas 18 vezes maior do que o de Wyoming (55 contra 3).
No total, o Col�gio tem 538 delegados.
Cada delegado representa um voto eleitoral, e um candidato precisa obter a maioria dos votos — 270 ou mais — para ganhar a Presid�ncia.
Geralmente, o candidato que conquista maioria simples na vota��o do Estado, ganha todos os delegados deste Estado no Col�gio Eleitoral.
Por exemplo, se um candidato ganha 50,1% dos votos no Texas, ele recebe todos os 38 votos eleitorais do Estado no Col�gio. Se o mesmo candidato vencesse de forma esmagadora, com, digamos, 70%, ele continuaria levando apenas os 38 votos.
Portanto, � poss�vel que um candidato se torne presidente vencendo uma s�rie de disputas acirradas em certos Estados, apesar de ter menos votos em todo o pa�s.
Existem apenas dois Estados (Maine e Nebraska) que dividem os votos do Col�gio Eleitoral de acordo com a propor��o de votos que cada candidato recebe.
� por isso que os candidatos presidenciais t�m como alvo os chamados Estados-p�ndulo — lugares sem prefer�ncia clara por Democratas ou Republicanos, onde tanto pode dar um como o outro — em vez de tentar conquistar o maior n�mero poss�vel de eleitores em todo o pa�s.
Cada Estado em que ganham os aproxima dos 270 votos necess�rios no Col�gio Eleitoral.

Um candidato j� perdeu o voto nacional, mas se tornou presidente?
Sim. Na verdade, duas das �ltimas cinco elei��es foram vencidas por candidatos com menos votos no total nacional do que seus rivais.
� poss�vel que uma pessoa seja o candidato mais popular entre os eleitores em todo o pa�s, mas ainda assim n�o consigam conquistar delegados suficientes para obter os 270 votos no Col�gio Eleitoral.

Em 2016, Donald Trump teve quase tr�s milh�es de votos a menos do que Hillary Clinton, mas obteve mais votos no Col�gio Eleitoral.
Em 2000, George W. Bush venceu com 271 votos eleitorais, embora o candidato democrata Al Gore tenha vencido o voto popular com mais de meio milh�o de votos de vantagem.
Apenas tr�s outros presidentes foram eleitos sem ganhar o voto popular, todos eles no s�culo 19: John Quincy Adams, Rutherford B. Hayes e Benjamin Harrison.
Nesta elei��o de 2020, at� este s�bado Biden contava com vit�rias o suficiente em Estados para obter 279 votos no col�gio eleitoral, mas tamb�m vencia no voto popular, por uma margem de cerca de 4 milh�es de votos.

Os delegados t�m de votar no candidato que venceu?
Em alguns Estados, n�o h� uma obrigatoriedade expressa, mas, na pr�tica, esses delegados sempre votam no candidato que ganha mais votos em seu Estado.
Se um delegado votar contra a escolha presidencial de seu Estado, � considerado "infiel". Em 2016, sete delegados votaram contrariando a vontade do Estado, mas nenhum resultado at� hoje foi alterado por eleitores "infi�is".


O que acontece se nenhum candidato obtiver a maioria?
Nesse caso, a C�mara dos Representantes, a c�mara baixa dos legisladores dos EUA, vota para eleger o presidente.
Isso aconteceu apenas uma vez, em 1824, quando quatro candidatos dividiram o voto eleitoral, negando a qualquer um deles a maioria.
Com dois partidos dominando o sistema americano, � improv�vel que isso aconte�a atualmente.
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