
J� no Brasil, a experi�ncia � totalmente diferente.
Nas �ltimas elei��es, os brasileiros foram dormir sabendo quem era o presidente eleito do pa�s: os resultados do 2º turno da disputa foram conhecidos antes das 22h.
- Elei��es Municipais 2020: Apenas 1% dos candidatos possui algum tipo de defici�ncia
- qO que acontece com quem n�o votar e como justificar a aus�ncia
A urna eletr�nica, introduzida nos anos 1990, � a respons�vel por essa mudan�a. Nas �ltimas elei��es, brasileiros no exterior e em comunidades remotas da floresta amaz�nica tiveram seus votos contabilizados com poucas horas de diferen�a em rela��o a quem vota numa grande cidade do pa�s.
Mas como � o processo entre o eleitor na cabine de vota��o e o an�ncio em rede nacional?
A BBC News Brasil responde �s principais perguntas sobre o processo.
Como os votos s�o transmitidos t�o rapidamente?
A apura��o � r�pida porque as urnas n�o precisam necessariamente viajar at� as capitais dos Estados, onde est�o os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Os dados s�o transmitidos online, numa rede privativa da Justi�a Eleitoral.
Neste ano, excepcionalmente, o hor�rio da vota��o foi ampliado por conta da pandemia de covid-19. Os eleitores poder�o votar das 7h �s 17h.
Logo depois do fim da vota��o, os computadores presentes em cada urna eletr�nica fazem a apura��o dos votos e produzem um arquivo chamado Registro Digital de Voto (RDV). Ele � inserido numa esp�cie de pen-drive, chamado de "mem�ria de resultado". Esse pequeno objeto � ent�o levado at� algum ponto onde haja acesso � rede privativa da Justi�a Eleitoral.
Dessa forma, n�o � necess�rio transportar a urna para que o resultado produzido por ela seja totalizado, bastando apenas transportar a mem�ria at� um ponto de acesso. Para aumentar a seguran�a, o arquivo � assinado digitalmente, numa cerim�nia p�blica.
Os resultados s�o transmitidos online, mas, na maioria dos casos, n�o viajam pela mesma rede mundial de computadores que voc� est� usando para ler este texto: a Justi�a Eleitoral conta com uma estrutura de comunica��o pr�pria, privativa, fornecida pelas operadoras de telefonia.
Locais de vota��o, cart�rios eleitorais, TREs dos Estados e o TSE passam a estar conectados por uma intranet (rede privada de computadores), pela qual os resultados s�o transmitidos.
O �nico ponto de encontro entre essa intranet eleitoral e a internet que todos usamos fica no TSE, em Bras�lia. O tribunal controla o acesso: nos dias de vota��o, a internet fica praticamente inacess�vel no local.
Em Estados pequenos e com facilidade de transporte, as "mem�rias de voto" viajam fisicamente at� os cart�rios eleitorais ou o Tribunal Regional Eleitoral do Estado.
Onde isso n�o � poss�vel (como em alguns locais na Amaz�nia), s�o usados computadores com acesso � internet via sat�lite. Nesses casos, por�m uma rede privada virtual (VPN) � usada, para aumentar a seguran�a.
No caso da elei��o presidencial, a contagem final � realizada nos servidores do TSE, a partir dos dados recebidos dos outros pontos da rede. Para os demais cargos (deputados, senadores, governadores), a conta � feita nos TREs.
Em toda elei��o, fiscais dos partidos pol�ticos fazem a checagem dos votos usando os boletins de urna dispon�veis nos locais de vota��o. "E n�o h� relatos de diverg�ncia nessa contagem dos votos", diz ele.
Como � o processo de prepara��o das urnas?
As fotos e os nomes s�o de responsabilidade dos partidos pol�ticos, que podem entregar esse material presencialmente, num cart�rio eleitoral, ou via internet, num aplicativo da Justi�a Eleitoral. Mas a prepara��o das urnas eletr�nicas � um processo bem mais complexo, que envolve diversas institui��es.
O software usado para a vota��o � desenvolvido pelo TSE, em Bras�lia, que fica dispon�vel para os Tribunais Regionais Eleitorais fazerem a instala��o.
A prepara��o das urnas � uma cerim�nia p�blica, aberta aos partidos pol�ticos, Minist�rio P�blico e imprensa. Pode ocorrer no TRE ou em cada cart�rio eleitoral. Essas cerim�nias ocorrem sempre simultaneamente.
Distribuir as urnas � um pouco mais complicado: na Amaz�nia, pode levar at� cinco dias. No exterior, o processo pode demorar at� mais de uma semana.

Como era o processo antes da urna eletr�nica?
A primeira coisa a se lembrar � que, at� o ano de 1932, n�o existia Justi�a Eleitoral - as vota��es eram organizadas e controladas pelos chefes pol�ticos locais, e depois validadas pelo Congresso Nacional.
Al�m disso, o voto n�o era secreto (o eleitor tinha de dizer em voz alta em quem desejava votar, facilitando a coa��o e a compra de votos).
S� uma parcela muito pequena da popula��o votava: mulheres, analfabetos e pobres estavam exclu�dos do processo. Especialistas dizem que esse processo favorecia as fraudes.
Embora as fraudes tenham diminu�do depois da cria��o da Justi�a Eleitoral, problemas continuaram ocorrendo - antes de 1964, por exemplo, as c�dulas de vota��o eram fornecidas pelos partidos aos eleitores, que deveriam coloc�-las na urna. S� durante o regime militar (1964-1985) a Justi�a Eleitoral passou a confeccionar as c�dulas, onde o eleitor deveria marcar um X nos nomes escolhidos.
O �ltimo grande incidente de fraude eleitoral no Brasil ocorreu em 1982. A empresa Proconsult,
encarregada da contagem de votos na disputa pelo governo do Rio de Janeiro, teria tentado transferir votos para o ent�o candidato apoiado pelos militares, Moreira Franco, em detrimento de Leonel Brizola.
A urna eletr�nica � mesmo segura?
O TSE adota uma s�rie de procedimentos, rotinas e verifica��es abertas a todos os interessados para garantir a seguran�a do processo de vota��o.
A maior parte dos especialistas concorda que a seguran�a das vota��es aumentou desde a ado��o da urna eletr�nica, e as �ltimas elei��es n�o foram atingidas por nenhuma alega��o s�ria de fraude.
O TSE realiza duas auditorias nas urnas antes do pleito.
Na auditoria de funcionamento em condi��es normais de uso, urnas eletr�nicas j� preparadas para a vota��o oficial s�o sorteadas aleatoriamente em todo o pa�s para que sejam submetidas - em local p�blico e sob a fiscaliza��o de partidos, entidades e qualquer cidad�o interessado - a uma vota��o simulada, com as mesmas condi��es de uma se��o eleitoral oficial.
J� a auditoria de verifica��o da autenticidade e integridade dos sistemas possibilita que partidos, entidades e cidad�os interessados verifiquem se as assinaturas digitais dos sistemas instalados nas urnas eletr�nicas conferem com as assinaturas digitais dos sistemas lacrados em cerim�nia p�blica no TSE.
Essa auditoria � realizada imediatamente antes da vota��o oficial, em se��es eleitorais sorteadas na v�spera da elei��o.
J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!