
A americana Darnella Frazier, de 17 anos, que filmou George Floyd sendo sufocado pela pol�cia, vai receber um pr�mio pela coragem de ter registrado a cena.
"Com nada al�m de um celular e muita coragem, Darnella mudou o curso da hist�ria deste pa�s", afirma Suzanne Nossel, presidente da Pen America, associa��o de defesa da liberdade de express�o e dos direitos humanos que vai homenagear a jovem. "[Seu v�deo] acendeu as chamas de um corajoso movimento que pede pelo fim do racismo sist�mico e da viol�ncia praticada pela pol�cia."
A homenagem a Darnella ser� feita no in�cio de dezembro em uma cerim�nia virtual que vai substituir o tradicional baile de gala que a institui��o oferece para entregar o pr�mio "PEN/Benenson Courage Award" (pr�mio de coragem da Pen/Benenson).O assassinato de George Floyd pela pol�cia gerou enorme revolta nos EUA e impulsionou o movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam, em ingl�s), que luta pelo fim do racismo e da viol�ncia policial contra negros no pa�s.
Inicialmente, nenhum policial havia sido responsabilizado pela morte de Floyd. Mas quando o v�deo gravado por Darnella — que mostrava o policial sufocando Floyd — se tornou p�blico, manifesta��es do Black Lives Matter se espalharam pelos EUA e pelo mundo e a pol�cia demitiu os oficiais envolvidos no caso. Hoje eles respondem criminalmente pela morte de Floyd.

Vidas Negras Importam
Darnella estava levando seu primo de nove anos para a Cup Foods, uma loja perto de sua casa em Minneapolis, Minnesota, quando viu Floyd sofrendo com a abordagem da pol�cia. Ela parou, pegou o telefone e come�ou a gravar. Filmou por 10 minutos e nove segundos, at� que os policiais e Floyd deixaram a cena — Chauvin em p�, Floyd em uma maca.
"Ela sentiu que tinha que documentar aquilo", disse � BBC o advogado de Darnella, Seth Cobin.
Quando Darnella come�ou a gravar, George Floyd j� estava com falta de ar, implorando repetidamente: "por favor, por favor, por favor". A c�mera estava filmando havia segundos quando Floyd, 46, pronunciou mais tr�s palavras que depois se tornaram um grito de guerra para os manifestantes. "N�o consigo respirar", disse Floyd.

Ele se esfor�ou para falar enquanto estava deitado, preso ao ch�o por tr�s policiais. Um desses policiais, Derek Chauvin, 44 anos, pressionou um joelho contra o pesco�o de Floyd.
Depois da revolta gerada pelo v�deo e da onda de protestos do Black Lives Matter pelos EUA e pelo mundo, as autoridades retomaram as investiga��es. Chauvin perdeu o emprego, foi preso e formalmente acusado pelo homic�dio de Floyd. Ele foi solto sob fian�a em outubro e ser� julgado pelo epis�dio ao lado de outros tr�s policiais envolvidos na morte de Floyd.
"� como se o movimento pelos direitos civis tivesse renascido de uma maneira totalmente nova, por causa desse v�deo", disse Cobin, o advogado de Darnella, � BBC.
As consequ�ncias de filmar a brutalidade policial
Os meses subsquentes � grava��o do v�deo n�o foram f�ceis para Darnella. No Facebook, onde ela postou o v�deo, a rea��o foi uma mistura de choque, indigna��o, elogios e cr�ticas.
Em uma postagem no Facebook, compartilhada em 27 de maio, Darnella respondeu �s acusa��es de que teria filmado o v�deo "para obter audi�ncia na internet" e que "n�o fez o suficiente para impedir a morte de Floyd."
"Se n�o fosse por mim, quatro policiais ainda teriam seus empregos, causando outros problemas. Meu v�deo foi divulgado em todo o mundo para que todos vissem e soubessem", escreveu a aluna do ensino m�dio.

Darnella n�o quis dar entrevista — seu advogado disse que a jovem ficou traumatizada. Foi, segundo ele, "a coisa mais terr�vel que ela j� viu". Desde ent�o, ela tem ido ao terapeuta e "est� indo muito bem", disse Cobin.
A rea��o ao v�deo da adolescente resume o dilema enfrentado pelos espectadores que registram imagens de incidentes de viol�ncia policial. Outros casos semelhantes mostraram que � uma posi��o muito dif�cil.
Darnella vai dividir o pr�mio por coragem da Pen America com Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucr�nia e figura central no impeachment sofrido pelo presidente Donald Trump na C�mara dos Representantes (Trump n�o foi deposto pois seu impedimento n�o foi aprovado no Senado).
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