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Estado de Minas COVID-19

M�xico tem presidente de esquerda que rejeita m�scara e maior taxa de mortes do continente

Pa�s latino-americano tem a maior propor��o de mortos a cada 100 infectados, segundo conta da Universidade Johns Hopkins; negacionismo e caos na sa�de t�m se destacado no enfrentamento ao coronav�rus.


19/02/2021 08:40 - atualizado 19/02/2021 09:33

Médicos se queixam de que hospitais mexicanos estão sem insumos para tratar pacientes de covid-19(foto: Reuters)
M�dicos se queixam de que hospitais mexicanos est�o sem insumos para tratar pacientes de covid-19 (foto: Reuters)

Filas de pessoas em busca de cilindros de oxig�nio, pacientes de covid-19 vivendo um calv�rio ao serem transportados de hospital em hospital, em busca de leitos vagos, e m�dicos desesperados pela sobrecarga no sistema de sa�de.


As cenas, vistas aqui no Brasil em cidades como Manaus, tamb�m t�m afligido o M�xico neste in�cio de ano: o pa�s chegou a registrar um recorde de 1.803 mortes por covid-19 em 24 horas, em 21 de janeiro.

O Brasil registrou mortes nesse patamar (1.841 em 24h) em 7 de janeiro, mas vale lembrar que o pa�s tem popula��o quase 40% maior do que a mexicana.

Em n�meros absolutos, o M�xico s� � hoje superado por Brasil e Estados Unidos no triste ranking de mortes por covid-19.

At� esta quinta-feira (18/2), o pa�s acumulava 177 mil mortes por covid-19 e o Brasil, 243,4 mil.

N�meros relativos apontam um cen�rio ainda mais macabro.

Com a maior quantidade de mortos em rela��o a cada 100 pessoas infectadas nos 20 pa�ses mais afetados pela pandemia em todo o mundo, o M�xico � hoje o pa�s com a mais alta taxa de fatalidades por covid-19: essa taxa � de 8,8%, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

Para efeitos comparativos, o Peru, cujos sistema de sa�de tamb�m foi devastado pela pandemia, tem taxa de fatalidade de 3,5%, ao lado da It�lia (3,4%). O Brasil aparece em 11° lugar, com taxa de 2,4%.

Esse dado tem de ser visto com cautela: como o pa�s tem baixo �ndice de testagem para o coronav�rus, a propor��o de mortes por casos confirmados acaba ficando muito alta.

Mas outro levantamento refor�a a percep��o de que a taxa de mortalidade mexicana supera a de todo o continente.

Nas contas da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, o M�xico � hoje o pa�s do continente americano com a maior quantidade de mortos di�rios por covid-19, por cada milh�o de habitantes do pa�s e levando-se em conta a m�dia m�vel da �ltima semana.

A "lideran�a" desse ranking neste ano intercalava entre EUA e M�xico desde meados de janeiro. Na �ltima semana, por�m, o M�xico descolou - e em 11 de fevereiro chegou a registrar um pico de 11,07 mortes a cada milh�o de habitantes, mais que o dobro das 4,98 mortes registradas no Brasil, por exemplo.

Al�m disso, o M�xico � o s�timo pa�s do mundo com a mais alta taxa de mortes por 100 mil habitantes.

"A situa��o atual � algo que eu jamais tinha visto. N�o h� espa�o, n�o h� oxig�nio, n�o h� medicamentos", disse, em v�deo publicado recentemente pela BBC News Mundo (servi�o em espanhol da BBC), a m�dica mexicana Mar�a de los �ngeles Bola�os.

"Quando chegam pacientes e n�o temos espa�o (leitos), temos de mand�-los embora a outros hospitais. (...) E �s vezes temos de escolher: tirar o oxig�nio de um paciente menos grave para (dar a) um com mais gravidade."

Observadores veem no pa�s uma combina��o de baixa testagem, muita gente sendo tratada em casa com medo de ir aos hospitais e, n�o menos importante, uma enorme sobrecarga no sistema de sa�de, levando os hospitais ao colapso.

Quest�es pol�ticas


AMLO em cerimônia em 9 de fevereiro, depois de se declarar curado da covid-19; presidente não costuma usar máscaras(foto: Reuters)
AMLO em cerim�nia em 9 de fevereiro, depois de se declarar curado da covid-19; presidente n�o costuma usar m�scaras (foto: Reuters)

Ao mesmo tempo, existem quest�es pol�ticas que, � semelhan�a do caos na sa�de e do enorme n�mero de mortos, tamb�m soar�o familiares para os brasileiros.

O presidente mexicano, o esquerdista Andres Manuel Lopez Obrador, ou AMLO, chegou a fazer um v�deo, em mar�o de 2020, pedindo que as pessoas ficassem em casa e se mantivessem distantes, para evitar o avan�o da doen�a e a superlota��o dos hospitais.

Mas, depois disso, passou meses minimizando a pandemia, evitando decretar quarentenas mais rigorosas, dizendo que o pa�s estava prestes a vencer a batalha contra o v�rus e recusando-se a endossar o uso de m�scaras.

Em julho passado, um grupo de parlamentares apresentou uma den�ncia judicial contra ele, na tentativa de obrig�-lo a usar m�scaras.

Conhecido por seu estilo populista — e desfrutando at� agora de �ndices elevados de popularidade —, AMLO falou que s� usaria m�scaras "quando n�o houvesse mais corrup��o" no pa�s. "Fa�amos esse acordo, vamos acabar com a corrup��o para que eu ponha minha m�scara e n�o fale", declarou na �poca.

"O regime populista do M�xico entrou na crise de sa�de da covid-19 com um sistema de sa�de p�blica enfraquecido e uma sociedade levada a uma polariza��o, no antagonismo entre as pessoas comuns e a elite", destacam em artigo publicado na Revista de Administra��o P�blica da FGV os pesquisadores Cesar Renteria e David Arellano-Gault, do Centro de Pesquisa e Doc�ncia Econ�micas da Cidade do M�xico.

Em um momento em que o combate � pandemia exigia coordena��o, as divis�es pol�ticas entre o governo federal de AMLO e governadores da oposi��o solidificaram essa fragmenta��o na popula��o, dizem os autores.


Fila de parentes de pacientes de covid-19 por oxigênio, em Guadalajara, em 29 de janeiro; escassez intensificou crise de saúde no país(foto: EPA)
Fila de parentes de pacientes de covid-19 por oxig�nio, em Guadalajara, em 29 de janeiro; escassez intensificou crise de sa�de no pa�s (foto: EPA)

Em 24 de janeiro, AMLO anunciou que havia contra�do o coronav�rus e que passaria por tratamento. Ele disse que teve sintomas leves, como dores no corpo e febre, e duas semanas depois, declarou ter vencido a covid-19.

Como de costume, n�o usou m�scara nesse pronunciamento, afirmando que j� n�o estava mais contagioso - o que tamb�m despertou cr�ticas, por desencorajar a popula��o a usar m�scaras.

Em ranking de como os pa�ses lideram o combate � pandemia, o instituto australiano Lowy colocou o M�xico em pen�ltimo lugar no mundo - atr�s apenas do Brasil, considerado o pior no enfrentamento � covid-19. O pa�s mais bem colocado no levantamento � a Nova Zel�ndia.

Vacina��o

Agora, como boa parte do mundo, o M�xico est� na disputa por conseguir vacinas contra a covid-19. O pa�s come�ou sua imuniza��o antes do Brasil, em 24 de dezembro, mas at� esta semana havia conseguido aplicar apenas 0,90 dose a cada 100 habitantes, segundo a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford.

O Brasil, onde o ritmo de vacina��o tamb�m tem sido lento, e onde cidades j� come�am a interromper suas campanhas por terem esgotado seus imunizantes, aplicou 2,77 doses a cada 100 habitantes.


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