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Estado de Minas P�NICO NO PAC�FICO

O caso de 1989 em que passageiros foram sugados para fora de avi�o

Porta de compartimento de carga se abriu em pleno voo abrindo buraco na fuselagem de Jumbo 747 da United Airlines em 1989; ou�a dram�tico relato de sobreviventes em epis�dio de podcast 'Que Hist�ria!'.


04/06/2021 07:12 - atualizado 04/06/2021 11:29


Lampert: 'Dava para ver, ali de fora, os assentos do outro lado do buraco'
Lampert: 'Dava para ver, ali de fora, os assentos do outro lado do buraco' (foto: Cortesia de Bruce Lampert)

Oito passageiros foram arrancados com seus assentos para fora do avi�o em que viajavam, em um voo do Hava� para a Nova Zel�ndia, depois que um enorme buraco se abriu na fuselagem. Um nono passageiro foi engolido por uma turbina.

O acidente ocorreu dois meses ap�s uma bomba ter derrubado um Boeing 747 sobre a cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas. Por isso, passageiros e membros da tripula��o acharam que tinham sido v�timas de um atentado, e que o avi�o estava caindo, indo na dire��o das �guas do Oceano Pac�fico.

Dois sobreviventes d�o seu relato dram�tico no podcast Que Hist�ria!, da BBC News Brasil, apresentado por Thomas Pappon.

'Vi um lustre sedo arrancado'

� 01h52 do dia 24 de fevereiro de 1989, um Boeing 747 da companhia americana United Airlines decolou do aeroporto de Honolulu, no Hava�, com 337 passageiros e 18 membros da tripula��o, em dire��o a Auckland, na Nova Zel�ndia. O trajeto era parte do voo 811, entre Los Angeles e Sydney, na Austr�lia.


Relatório concluiu que a porta de carga abriu por causa de uma falha elétrica
Relat�rio concluiu que a porta de carga abriu por causa de uma falha el�trica (foto: National Transportation Safety Board (NTSB))

Entre os passageiros, estava Bruce Lampert, um advogado americano que representava justamente v�timas de acidentes a�reos. Ele estava a caminho da Nova Zel�ndia para suas primeiras f�rias em 3 anos.

"Eu estava animado com esse voo noturno", disse ele em 2012 ao programa Witness History, da BBC. "Minha ideia era tirar os sapatos, botar fones de ouvido, desligar a luz, baixar o assento e dar uma boa dormida at� a chegada a Auckland."

No mesmo voo estava o australiano Ben Mohide, que voltava para casa com a esposa, Barbara, ap�s f�rias em Las Vegas.

"A gente n�o podia sentar um ao lado do outro na classe executiva, eles n�o tinham assentos dispon�veis", disse ele ao Witness History. "Ent�o fomos sentar juntos em poltronas na classe econ�mica. A gente estava ali sentado, esperando a decolagem, com a tripula��o demostrando os usuais procedimentos de seguran�a."

Como ouvir o podcast

A segunda temporada de Que Hist�ria!, produzida e apresentada por Thomas Pappon, ter� dez epis�dios, que s�o disponibilizados semanalmente nas principais plataformas de podcast, como Apple, Spotify, Overcast e Castbox.

Al�m dessas h� v�rias plataformas e apps que oferecem assinaturas do podcast — o que permite que cada novo epis�dio seja baixado automaticamente em seu dispositivo ou computador assim que for disponibilizado (toda sexta-feira, �s 06h00 em Bras�lia).

H� tamb�m apps leitores de c�digos RSS.

Alguns links para o Que Hist�ria! em plataformas de podcast:

Para acessar feeds RSS em dispositivos m�veis, � preciso baixar um app leitor de RSS; para acess�-los em desktop, � preciso instalar uma extens�o para navegadores como Chrome ou Mozilla Firefox.

Tudo ia bem, nos primeiros 17 minutos de voo. "A decolagem e a subida ocorreram normalmente", disse Lampert.

"Mas, de repente, a gente passou de uma situa��o em que tudo estava perfeitamente normal para tudo terrivelmente errado. Em um nanossegundo houve uma explos�o, uma descompress�o, e tudo o que n�o estava preso ao ch�o ou a um assento estava suspenso no ar. Eu lembro de ver o lustre que ficava pendurado em cima da escada que levava para a primeira classe, no andar superior, sendo arrancado."

A porta da frente do compartimento de carga, na parte de baixo do avi�o, tinha se aberto em pleno voo. Ela abriu com tanta viol�ncia para o lado de cima que causou um enorme rombo na fuselagem no lado direito, onde estavam sentados passageiros da classe executiva. A cabine tem um mecanismo de pressuriza��o, que mant�m a temperatura e a press�o do ar semelhantes �s do n�vel do mar. Por causa do buraco, o ar de dentro do avi�o, com press�o bem mais alta que o ar do lado de fora, saiu de uma s� vez, com consequ�ncias terr�veis.


Lampert: 'Você tinha de lidar, ao mesmo tempo, com a alegria de ter sobrevivido e o conhecimento de que que outros não sobreviveram'
Lampert: 'Voc� tinha de lidar, ao mesmo tempo, com a alegria de ter sobrevivido e o conhecimento de que que outros n�o sobreviveram' (foto: BBC)

"O bloco da cozinha estava entre nossos assentos e o buraco, e foi o que nos salvou do impacto da descompress�o", contou Mohide.

"Mas a gente ouviu esse incr�vel barulho. Voc� nem imagina, CLANG! BANG!...E isso junto com o barulho dos motores do avi�o, que estava entrando pelo buraco. Eu sabia que est�vamos em apuros. Ficamos de m�os dadas. A gente esperava pelo pior. Que fosse uma bomba e que o avi�o estivesse caindo no mar."

"Eu olhei para um casal sentado � minha direita", disse Lampert. "O homem estava abra�ando a mulher, puxando ela para o seu assento com toda sua for�a, pra manter ela longe da janela que tinha rachado. Olhei para a comiss�ria de bordo. Ela estava completamente apavorada, com olhos esbugalhados, abra�ando a si mesma. Comecei a pensar no meu filho, de tr�s anos, no que ele pensaria. Ele sempre ficava preocupado, vivia me dizendo para tomar cuidado quando ia viajar. Fiquei imaginando o que ele pensaria quando recebesse a not�cia."

Lampert, sentado na primeira classe, no andar de cima, e Mohide, na classe econ�mica, n�o conseguiam enxergar o buraco, mas testemunhas relataram o que viram em depoimentos dados mais tarde � r�dio New Zealand.

"Eu vi a pessoa sentada na minha frente simplesmente sumir, desaparecer com o assento, que foi simplesmente arrancado pra fora", disse um.

"A gente estava lutando apenas para conseguir ficar dentro do avi�o, porque o vento estava circulando com for�a dentro dos corredores", disse outra passageira.

Pouso de emerg�ncia

Na cabine de comando, o primeiro pensamento foi de que o barulho e o rombo no avi�o tinham sido causados por uma bomba. Todos tinham na mem�ria o voo do Boeing 747 da Pan Am derrubado por uma bomba sobre a cidade escocesa de Lockerbie apenas dois meses antes, matando todas as 259 pessoas � bordo e mais 11 em terra.

O piloto do voo 811, David Cronin, tinha 35 anos de experi�ncia de voo e estava a poucos meses da aposentadoria. Ele rapidamente baixou a altitude do avi�o para 4 mil metros, para garantir que os passageiros pudessem respirar. Sabendo que apenas dois dos quatro motores estavam funcionando, deu meia volta, com a ideia de fazer um pouso de emerg�ncia em Honolulu.


Tragédia foi recontada em documentário da BBC; imagem mostra como passageiros dentro do avião veriam o buraco
Trag�dia foi recontada em document�rio da BBC; imagem mostra como passageiros dentro do avi�o veriam o buraco (foto: BBC)

"O barulho diminuiu", relatou Lampert. "E ap�s algum tempo, o aeronave parecia estar estabilizada. Ent�o, olhando pela janela, vi algumas luzes, em terra. Tive uma sensa��o de esperan�a..., de que o capit�o, de algum jeito, poderia pousar esse avi�o."

Mohide disse que "quando vimos as luzes, pensamos 'opa, h� uma chance de voltarmos'. E a gente tava ali, quietinho, de m�os dadas, quando o copiloto veio avisar que o pouso seria em dois minutos."

O aeroporto estava de sobreaviso, preparado o pouso de emerg�ncia do avi�o jumbo, com 355 pessoas a bordo. Alguns flaps, as abas m�veis na parte posterior das asas, tinham sido danificados, e apenas os dois motores do lado esquerdo estavam funcionando. Mesmo entrando na pista com uma velocidade mais alta do que o normal, o experiente piloto conseguiu manter o controle sobre a aeronave e fazer um pouso seguro.

"Foi uma tarefa e tanto", contou Lampert. "Mas ele conseguiu levar o avi�o, 21 minutos ap�s o acidente, de volta a Honolulu. Queimou alguns pneus, mas fez uma bela fa�anha. � um senhor piloto. Todos n�s, os passageiros do voo 811, devem sua vida ao capit�o Cronin e sua equipe."

Para Mohide, "foi a maior sensa��o de al�vio que senti na vida".

"Foi um pouso tranquilo, ele n�o teve problema algum em botar todas as rodas no ch�o ao mesmo tempo. Voc� n�o imagina...em um momento voc� est� no ar e de repente est� em terra."

"Deixa eu te contar uma coisa incr�vel: o piloto me contou que todos os passageiros deixaram o avi�o em apenas 45 segundos."

Na pista, do lado de fora, Lampert conseguiu finalmente ver o estrago no avi�o.

"Eu dei a volta at� o outro lado e vi o buraco. Era enorme, de nove por 12 metros. Come�ava na parte de baixo, onde ficava o bagageiro, e subia at� as janelas do andar superior. Dava para ver, ali de fora, os assentos do outro lado do buraco."

"Depois n�s soubemos que oito passageiros, foram sugados, com assento e tudo, para fora do avi�o, e lan�ados no oceano Pac�fico. Um passageiro foi arrancado do assento, e engolido por um dos motores."

"Voc� tinha de lidar, ao mesmo tempo, com a alegria de ter sobrevivido e saber que outros n�o sobreviveram", disse Lampert.

"Me lembro de me sentir como se estivesse sendo afundado num tanque de �gua gelada. E, aos poucos, essa sensa��o de frio g�lido ia subindo, dos p�s � cabe�a. A constata��o de como o destino � imprevis�vel. De que se voc� sentou no lugar 13 F, voc� morreu, mas se sentou no 8B, est� vivo."

O capit�o David Cronin foi homenageado como her�i pelo governo americano. Ele morreu em 2010, aos 81 anos.

Um relat�rio concluiu que a porta de carga abriu por causa de uma falha el�trica. O problema foi consertado, e em menos do um ano, o avi�o estava levando passageiros novamente.

Apesar de intensas buscas, os corpos das v�timas que ca�ram no oceano nunca foram encontrados.

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