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Estado de Minas TIBETE

A expedi��o secreta dos nazistas aos Himalaias em busca da 'ra�a ariana'

Pouco antes do in�cio da Segunda Guerra Mundial, cinco pesquisadores foram enviados pelos nazistas ao Tibete para descobrir origens da ra�a ariana


25/09/2021 14:13 - atualizado 27/09/2021 10:36


Ernst Schafer (terceiro a partir da esquerda) no Tibete em 1939
Ernst Schafer (terceiro a partir da esquerda) no Tibete em 1939 (foto: ullstein bild Dtl/Getty Images)

Em 1938, uma equipe de cinco pesquisadores foi enviada aos Himalaias pelo nazista Heinrich Himmler, o principal arquiteto do Holocausto (como ficou conhecido o assassinato em massa de judeus e de outras minorias durante a Segunda Guerra Mundial). O autor Vaibhav Purandare conta a fascinante hist�ria desta expedi��o que passou pela �ndia.

Pouco mais de um ano antes do in�cio da Segunda Guerra Mundial, um grupo de alem�es desembarcou secretamente nas fronteiras orientais da �ndia.

Sua miss�o era descobrir a "fonte de origem da ra�a ariana".

Adolf Hitler acreditava que os n�rdicos "arianos" haviam entrado na �ndia pelo norte cerca de 1,5 mil anos antes e cometido o "crime" de se misturar com os povos "n�o-arianos" locais, perdendo os atributos que os "tornavam racialmente superiores" a todos os outros povos da terra.

Hitler regularmente expressava profunda antipatia pelo povo indiano e sua luta pela liberdade, recorrendo a tais ideias em seus discursos, escritos e debates.

No entanto, Himmler, que era muito pr�ximo do l�der nazista, estava convencido de que o subcontinente indiano merecia um olhar mais atento.

Os partid�rios da teoria da superioridade da ra�a ariana acreditavam na lenda da cidade perdida imagin�ria de Atl�ntida, onde aparentemente pessoas do "sangue mais puro" haviam vivido.

A m�tica ilha, que se acredita estar localizada em algum lugar entre a Inglaterra e Portugal no Oceano Atl�ntico, teria afundado ap�s ser atingida por um raio divino. Todos os arianos que sobreviveram teriam se mudado para lugares mais seguros, incluindo a regi�o dos Himalaias, especificamente o Tibete, que era famoso por ser "o telhado do mundo".


Adolf Hitler, à direita, e o chefe da polícia nazista Heinrich Himmler acreditavam na teoria da superioridade da raça ariana
Adolf Hitler, � direita, e o chefe da pol�cia nazista Heinrich Himmler acreditavam na teoria da superioridade da ra�a ariana (foto: Keystone/Getty Images)

O interesse foi t�o grande que em 1935 Himmler criou a Ahnenerbe Forschungs- und Lehrgemeinschaft, mais conhecida como Ahnenerbe (do alem�o, Comunidade para a Investiga��o e Ensino sobre a Heran�a Ancestral).

A organiza��o, mais tarde integrada � SS (Schutzstaffel, unidade paramilitar ligada ao Partido Nazista e comandada por Himmler), foi fundada para realizar e divulgar investiga��es em apoio � ideologia e �s teorias de superioridade da ra�a ariana.

Uma de suas miss�es era descobrir para onde os habitantes da Atl�ntida haviam ido e em que locais ainda permaneciam vest�gios da outrora considerada "grande ra�a".

Tr�s anos depois, Himmler enviou uma equipe de cinco alem�es ao Tibete para realizar essa "opera��o de busca".

Dois dos membros da equipe se destacaram dos demais. Um deles era Ernst Schafer, um zo�logo talentoso de 28 anos que j� estivera duas vezes na fronteira �ndia-China-Tibete.

Schafer ingressou na SS logo ap�s o triunfo nazista de 1933 e muito antes de Himmler t�-lo escolhido para participar da expedi��o ao Tibete. Ele era louco por ca�a e adorava colecionar trof�us em sua casa em Berlim.

O gosto por essa atividade acabou arrebatando sua esposa. Em uma de suas expedi��es, ao tentar atirar em um pato de um barco em que ele e sua esposa estavam, Schafer escorregou enquanto mirava e acidentalmente atirou na cabe�a da mulher, matando-a.

O segundo homem-chave foi Bruno Beger, um jovem antrop�logo que ingressou na SS em 1935. Beger tirou medidas dos cr�nios e detalhes faciais dos tibetanos e fez m�scaras para, como ele mesmo disse, "coletar material em propor��es, origens, import�ncia e desenvolvimento da ra�a n�rdica nesta regi�o".


Navio que transportava os cinco alemães atracou em Colombo no início de maio de 1938
Navio que transportava os cinco alem�es atracou em Colombo no in�cio de maio de 1938 (foto: ullstein bild Dtl/Getty Images)

Viagem turbulenta

O navio que transportava os cinco alem�es atracou em Colombo, capital do Ceil�o (atual Sri Lanka), no in�cio de maio de 1938. De l�, os cientistas tomaram outra embarca��o rumo � �ndia, onde entraram por Madras (atual Chennai) para finalmente chegar a Calcut�.

A chegada n�o foi f�cil. As autoridades brit�nicas na �ndia desconfiavam dos alem�es viajantes e os consideravam espi�es.

A passagem do grupo de pesquisadores pelo pa�s foi acompanhada at� pelo ent�o jornal brit�nico Times of India (na �poca a �ndia ainda era uma col�nia brit�nica), que chegou a publicar uma manchete bastante inflamada: "Um agente da Gestapo na �ndia".

Na tentativa de entrar no Tibete, eles tamb�m se depararam com a recusa de um oficial pol�tico brit�nico em Gangtok, no estado de Sikkim, no nordeste da �ndia, um reino montanhoso independente na �poca e a �ltima etapa antes de chegar ao destino desejado.

Mas a determina��o da equipe nazista venceu.

No fim daquele ano, os cinco alem�es, carregando bandeiras com a su�stica presas �s mulas e � bagagem, entraram no Tibete.

A su�stica era um s�mbolo muito difundido no Tibete e conhecido localmente como "yungdrung".

� prov�vel que Schafer e sua equipe tamb�m o tenham visto durante sua estada na �ndia, onde, entre os hindus, era considerado um sinal de boa sorte.

Ainda hoje o s�mbolo � vis�vel fora das casas, dentro dos templos, nas esquinas e na parte traseira de carros e caminh�es.

Bem recebido s

Enquanto isso, o Tibete estava em plena transforma��o.

O d�cimo terceiro Dalai Lama morrera em 1933 e o novo tinha apenas tr�s anos de idade, ent�o o reino budista tibetano estava sendo controlado por um regente.

Os alem�es foram tratados excepcionalmente bem pelos regentes e tibetanos comuns, e Beger, que fazia m�scaras faciais, at� agiu como uma esp�cie de m�dico substituto para os habitantes locais por um tempo.


Bruno Beger, segundo a partir da esquerda, e outros em uma reunião em Lhasa, Tibete, em 1939
Bruno Beger, segundo a partir da esquerda, e outros em uma reuni�o em Lhasa, Tibete, em 1939 (foto: ullstein bild Dtl/Getty Images)

O que os budistas tibetanos n�o sabiam � que, na imagina��o perversa dos nazistas, o budismo, assim como o hindu�smo, era uma religi�o que enfraqueceu os arianos que vieram para o Tibete e tamb�m causou a perda de seu esp�rito e de sua for�a.

O plano estava funcionando e todos achavam que os estrangeiros estavam fazendo pesquisas cient�ficas em �reas como zoologia e antropologia.

Mas na �poca, quando parecia que Schafer e os outros poderiam dedicar mais tempo ao seu trabalho de campo, a expedi��o alem� foi abruptamente interrompida em agosto de 1939 pela eclos�o da Segunda Guerra Mundial.

�quela altura, Beger havia medido os cr�nios e caracter�sticas de 376 tibetanos, tinha cerca de 2 mil fotografias, algumas "moldes de cabe�as, rostos, m�os e orelhas de 17 pessoas" e havia coletado "as impress�es digitais e manuais de outros 350".

Ele tamb�m coletou 2 mil "artefatos etnogr�ficos" e outro integrante da equipe registrou 18 mil metros de filme preto e branco e mais de 40 mil fotografias.

Assim que a pesquisa foi interrompida, Himmler interveio pessoalmente para tirar a equipe de Calcut� o mais r�pido poss�vel e esteva presente para receb�-los quando o avi�o pousou em Munique, no sul da Alemanha.

Schafer, o amante da ca�a, levou a maior parte de seus "tesouros" tibetanos para um castelo em Salzburgo, na �ustria, para onde se mudou durante a guerra. Mas assim que as for�as aliadas chegaram � cidade em 1945, o local foi invadido e a maioria das pinturas e outros materiais foram destru�dos.

Os outros chamados "resultados cient�ficos" da expedi��o sofreram o mesmo destino na guerra: foram perdidos ou depredados. Al�m disso, a vergonha do passado nazista fez com que ningu�m, depois da guerra, tentasse rastrear o material.

Vaibhav Purandare � o autor de Hitler And India: The Untold Story of His Hatred For the Country And Its People (Hitler e a �ndia: A hist�ria n�o contada de seu �dio pelo pa�s e seu povo), publicado pela editora Westland Books

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