
Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 que cobria a rota Rio de Janeiro-Paris caiu no meio do Atl�ntico, matando 216 passageiros e 12 tripulantes.
A trag�dia come�ou com a forma��o de gelo em pleno voo nas sondas Pitot da aeronave, o que levou � interrup��o das medi��es de velocidade do Airbus A330 e desorientou os pilotos, at� que o avi�o parasse.
As duas caixas-pretas do AF447 foram resgatadas ap�s quase dois anos submersas a 3.900 metros de profundidade no local onde a aeronave afundou.
A investiga��o provocou uma verdadeira batalha entre especialistas para estabelecer as responsabilidades na queda da aeronave.
Ap�s dez anos de processo, os ju�zes de instru��o encerraram o caso em 2019, argumentando que a investiga��o n�o permitiu estabelecer "uma viola��o culposa da Airbus, ou da Air France, em conex�o (...) com as falhas de pilotagem (...) que provocaram o acidente".
Esta decis�o inicial, que chocou fam�lias e sindicatos de pilotos, foi finalmente anulada em recurso em maio de 2021, abrindo caminho para este julgamento.
O Tribunal de Apela��o de Paris considerou que a companhia a�rea "se absteve de implementar um treinamento adequado (...) e de informar as tripula��es" sobre a falha t�cnica encontrada, "o que impediu os pilotos de reagirem da maneira necess�ria", segundo uma fonte pr�xima ao caso.
A corte tamb�m considerou que a Airbus "subestimou a gravidade dos problemas nas sondas anemom�tricas (...) ao n�o tomar todas as medidas necess�rias para informar as tripula��es com urg�ncia (...) e ajud�-las a treinar efetivamente", relatou a mesma fonte.
Considerado o gatilho para o desastre, o gelo nessas sondas estava no centro das batalhas de per�cia. Acreditando que n�o haviam cometido "culpa criminal", a companhia a�rea e o fabricante apelaram do encaminhamento para a corte correcional, mas o Tribunal de Cassa��o considerou esses recursos inadmiss�veis em agosto passado.
Em 2012, a primeira per�cia mostrou erros da tripula��o, problemas t�cnicos e falta de informa��es dos pilotos no caso de congelamento das sondas, apesar dos incidentes anteriores relatados � empresa Airbus.
A fabricante pediu ent�o uma segunda per�cia, que se concentrou, principalmente, em uma "rea��o inadequada da tripula��o" e nas defici�ncias da Air France.
Considerando este segundo relat�rio muito favor�vel � Airbus, parentes das v�timas e a companhia a�rea recorreram � Corte de Apela��o de Paris, atacando a "contra-per�cia", que ordenou sua anula��o e a reabertura da investiga��o.
Estimando que n�o cometeram "culpa penal", a companhia a�rea e a fabricante ent�o apelaram do encaminhamento do caso para julgamento, o que foi rejeitado pelo Tribunal de Cassa��o.