
O encontro entre as delega��es russas e ucranianas, em Gomel, na fronteira entre a Ucr�nia e a Bielorr�ssia, come�a no fim da madrugada (hor�rio de Bras�lia). Na segunda guerra mundial, "a hora antes do amanhecer" era um momento ic�nico para os pilotos brit�nicos da RAF: eles sabiam que muitos poderiam n�o voltar, o que s� aumentava a tens�o.
N�o � o que se espera dessa reuni�o, afinal, a guerra j� causou grandes estragos e uma escalada de san��es contra a R�ssia em primeiro lugar e para a Uni�o Europeia em segundo, pois s�o esses pa�ses os principais parceiros de neg�cios com os russos. Os problemas de pagamentos, via sistema financeiro Swift, v�o trazer preju�zos a ambos os lados. Acima de tudo isso, h� as perdas de vidas, ainda n�o contabilizadas e fora de qualquer sistema de compensa��o.
O comiss�rio europeu para Ajuda Humanit�ria e Gest�o de Crises, Janez Lenarcic, afirmou que a Europa est� diante da maior crise humanit�ria em muitos anos. "As necessidades crescem enquanto falamos", lamentou. A preocupa��o se junta as de organiza��es humanit�rias e ONGs de todo o calibre, para as quais, o importante agora, � n�o deixar passar a oportunidade de tocar nos empedernidos (e mesquinhos) cora��es europeus em rela��o a refugiados.
Quase 400 mil ucranianos passaram as fronteiras at� o domingo. A metade pela Pol�nia, e outros pela Rep�blica Tcheca, Hungria, Rom�nia e Mold�via. Especialistas e correspondentes falam em 5 milh�es de refugiados ao fim de tudo isso. Outros aumentam a cifra para 7 milh�es, que, somados aos existentes, �rabes e africanos, transformaria a essa na quest�o mais explosiva para a Europa depois da pr�pria guerra. Nesse momento, no entanto, o conflito em si � o verdadeiro X do problema e a resolu��o dele � a prioridade maior. At� a reuni�o os dois lados v�o continuar a apontar as armas e dar tiros uns nos outros. Com in�meras d�vidas.
O assessor de Putin Vladimir Medinski disse que a R�ssia est� t�o a fim que convocou a reuni�o. O ministro ucraniano de Neg�cios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, afirmou que vai para ouvir e saber das propostas russas. O presidente Zelensky, que sente-se poderoso com apoio mundial de m�dia, dinheiro e armas europeias que come�am a chegar, diz que n�o acredita em acordo, mas n�o quer passar para a hist�ria como aquele que n�o quer negociar. Esse apoio faz o mundo esquecer que ele � simp�tico ao neonazismo, o que n�o o impede de surfar na onda contra um antidemocr�tico famoso de nome Putin.
O assessor de Putin Vladimir Medinski disse que a R�ssia est� t�o a fim que convocou a reuni�o. O ministro ucraniano de Neg�cios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, afirmou que vai para ouvir e saber das propostas russas. O presidente Zelensky, que sente-se poderoso com apoio mundial de m�dia, dinheiro e armas europeias que come�am a chegar, diz que n�o acredita em acordo, mas n�o quer passar para a hist�ria como aquele que n�o quer negociar. Esse apoio faz o mundo esquecer que ele � simp�tico ao neonazismo, o que n�o o impede de surfar na onda contra um antidemocr�tico famoso de nome Putin.
Assim, o quadro pode n�o ser perfeito, mas h� gestos e sinais positivos. E h�, tamb�m, um conjunto de quebra de paradigmas. "� a primeira vez que isso acontece na Europa depois da Segunda Guerra", passou a ser uma express�o corriqueira. � a primeira vez que Putin admite que seu ex�rcito perde soldados, jovens filhos dos novos russos p�s-sovi�ticos que, depois do Afeganist�o, n�o querem ver seus meninos morrendo de novo. Na R�ssia, as av�s criam os netos, o que s� endurece o jogo contra o presidente. Deter manifestantes n�o resulta, n�o vira apoio. Ajuda a criar m�sculos para o pr�ximo ver�o.
A Uni�o Europeia, que abandonou a Ucr�nia no in�cio, criou coragem, finalmente, e garante que ainda existe e tem for�a. Vai suprir as necessidades de armamento da Ucr�nia. E cresce a lista de "primeiras vezes". A presidente da UE, Ursula von der Leyen, garante que todos os 27 pa�ses-membros do bloco e mais alguns achegados fechar�o seus espa�os a�reos, isolando a R�ssia pelos ares.
O alem�o Olaf Scholz inaugura seu mandato quebrando um paradigma sempre preocupante, aquele do que pode fazer um alem�o armado. Avisou que vai fornecer misseis sting e lan�a-misseis aos ucranianos. Mil de um e quinhentos de outro, para come�ar. A Alemanha tem quase 70% do g�s que consome fornecido pela R�ssia. Ainda n�o houve cortes, mas n�o se sabe como isso ser� pago, depois das san��es Swift e a suspens�o de sete grandes bancos russos.
O alem�o Olaf Scholz inaugura seu mandato quebrando um paradigma sempre preocupante, aquele do que pode fazer um alem�o armado. Avisou que vai fornecer misseis sting e lan�a-misseis aos ucranianos. Mil de um e quinhentos de outro, para come�ar. A Alemanha tem quase 70% do g�s que consome fornecido pela R�ssia. Ainda n�o houve cortes, mas n�o se sabe como isso ser� pago, depois das san��es Swift e a suspens�o de sete grandes bancos russos.
Menos um ponto para Putin no front interno. Quem opera o sistema financeiro de l� s�o jovens empres�rios pitinistas e com �tica especial, muitas vezes duvidosa. A ponto de terem mais de um ter�o dessa grana estocada em offshores mundo afora. Se come�ar a faltar dinheiro, a turma vai gritar e, talvez, reclamar das consequ�ncias das a��es do l�der. O ex�rcito russo � comandado por oficiais jovens. Com carreiras pela frente e ambi��es por todos os lados. A� moram perigos.
Na linha da primeira vez, uma fora da Europa: o velho aliado Cazaquist�o, de maioria �tnica russa, n�o declarou apoio nem mandou um cartucho. Sobrou a vizinha Bielorr�ssia e seu dinossauro presidente Lukashenko. Est� t�o fechado com Putin que corre o risco de ver anexado o pa�s dele. � tudo o que gostaria, mas muito pouco para Putin, um l�der que dormiu sonhando ser Napole�o e est� acordando na condi��o de maior p�ria russo dos tempos modernos. Essa pode ser outra "primeira vez". Nem os czares opressores, nem Lenin, nem o duro St�lin. S� Putin. Outro ponto a menos.