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Estado de Minas GUERRA NA UCR�NIA

Beb� de 2 anos com estilha�os no est�mago: as crian�as v�timas da guerra

Em um hospital infantil perto da cidade sitiada, � poss�vel entender o verdadeiro impacto das t�ticas da R�ssia


22/03/2022 14:08 - atualizado 22/03/2022 15:34

*ATEN��O: Esta reportagem cont�m detalhes que podem ser considerados perturbadores por alguns leitores.

Em sua cama de hospital, o pequeno Artem olha para o nada. Ele segura um pequeno trator amarelo de brinquedo, mas n�o fala nada enquanto enfermeiras especializadas monitoram sua condi��o. O proj�til russo cujos estilha�os se alojaram em sua barriga tamb�m feriu gravemente seus pais e av�s quando a fam�lia tentava fugir de Mariupol. O menino sequer completou tr�s anos de idade e j� � uma v�tima da guerra de Vladimir Putin.

 

 

 

Na cama ao lado de Artem est� Masha, de 15 anos, tamb�m de Mariupol. Sua perna direita foi amputada depois de ter sido dilacerada pela explos�o de um proj�til russo na semana passada.

O Hospital Infantil de Zaporizhzhia, cidade vizinha a Mariupol, revela o que h� de pior da guerra de Putin na Ucr�nia e o que o implac�vel bombardeio russo est� causando na vida das pessoas presas na cidade sitiada.


Masha na cama de hospital
A jovem Masha est� entre as centenas de civis feridos em bombardeios russos nas �ltimas tr�s semanas (foto: BBC)

Centenas de pessoas foram evacuadas e trazidas para c�. Suas feridas f�sicas s�o �bvias e podem, at� certo ponto, cicatrizar. Mas o trauma psicol�gico viver� com elas para sempre.

Os m�dicos daqui e os pais que perderam filhos nos pediram para contar suas hist�rias, entre elas o Dr. Yuri Borzenko, chefe do Hospital Infantil. Ele n�o consegue esconder seu �dio pelo que a R�ssia est� fazendo.

"Odeio a R�ssia", diz o Dr. Borzenko, sem um lampejo de emo��o em seu rosto. "A menina que perdeu a perna (Masha) ficou t�o traumatizada que n�o comeu nem bebeu por dias. Ela n�o conseguia lidar mentalmente com o que havia acontecido. Tivemos que aliment�-la por via intravenosa."

"Outro menino, de seis anos, com estilha�os no cr�nio descreveu — sem nenhuma l�grima ou emo��o — ver sua m�e queimar at� a morte em seu carro depois de ser atingido. Dois dias depois, ele disse: 'pai, compra para mim uma nova m�e, preciso de algu�m para me levar para a escola'."

O que est� acontecendo em Mariupol � um desastre humanit�rio, ou at� mesmo um poss�vel crime de guerra. Estima-se que 90% dos edif�cios da cidade foram danificados ou destru�dos. Ap�s a destrui��o na semana passada de um teatro onde mais de mil pessoas estavam abrigadas, h� relatos agora de que uma escola de artes, com 400 pessoas dentro, tamb�m foi atacada.


Dr Yuri Borzenko falando com a BBC
Dr Yuri Borzenko chefia um hospital infantil em tempos de guerra (foto: BBC)

Aqueles que conseguiram escapar de Mariupol contam hist�rias inimagin�veis de terror. Relatos de corpos ca�dos nas ruas, de casas destru�das. Com essas mem�rias pesando na mente, eles tentam colocar a maior dist�ncia f�sica poss�vel entre o que passaram e para onde est�o indo.

Em um caf� na cidade central de Dnipro, que est� sendo atacada pelos russos, encontramos Oksana Gusak. Com seu marido Andrii e seus pais, Oksana fugiu de Mariupol na semana passada por estradas minadas e uma d�zia de postos de controle do ex�rcito russo.

Beber um copo de �gua agora parece um luxo para Oksana, depois que eles ficaram sem nada em Mariupol. Todos recusaram educadamente nossa oferta de caf�, dizendo que aceitar seria um insulto aos familiares que ficaram para tr�s em Mariupol.

Andrii conta que n�o havia mais abastecimento de �gua, energia, aquecimento e comunica��es — e que eles n�o tiveram escolha a n�o ser ir embora.


Oksana Gusak com a família em um café
Oksana Gusak e sua fam�lia est�o entre as 35 mil pessoas que foram for�adas a fugir de Mariupol (foto: BBC)

"N�s certamente est�vamos correndo um risco, mas naquele momento eu n�o me importava se morresse em Mariupol ou morresse tentando sair", diz Oksana.

"N�s sab�amos que havia uma chance de que vir�ssemos alvos, mas percebemos que t�nhamos que arriscar. Se tiv�ssemos ficado, as chances de sobreviver eram zero."

Andrii e Oksana t�m a sorte de terem conseguido escapar ilesos e juntos. Eles sabem disso.

No Hospital Infantil de Zaporizhzhia, eu conheci um pai aflito e inconsol�vel cuja fam�lia havia sido dilacerada.

Sua filha Natasha, de 26 anos, e sua neta Dominica, de 4 anos, morreram quando uma bomba russa caiu perto do abrigo onde toda a fam�lia buscava ref�gio do bombardeio.

"Olhei para o ch�o e l� estava minha netinha com a cabe�a completamente despeda�ada", conta Vladimir. "Ela ficou l� sem respirar e bem ao lado dela estava minha filha com as pernas fraturadas, fraturas expostas."


Vladimir com sua família antes da guerra
Vladimir com sua fam�lia antes da guerra (foto: Family handout/BBC)

Dominica — cujas fotos seu av� acaricia na tela de seu telefone — foi morta instantaneamente. Sua m�e morreu de seus ferimentos no dia seguinte.

Por mais quebrado que esteja, Vladimir est� tentando se manter forte para apoiar sua segunda filha, Diana. Ela tamb�m ficou gravemente ferida na explos�o e estava prestes a passar por uma cirurgia de emerg�ncia.

Mas ele n�o consegue esconder sua dor. "Deus, por que voc� jogou tudo isso em cima de mim? Eu n�o deveria enterrar meus filhos, minhas lindas meninas. Eu fracassei em proteg�-las."

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