
Pelo menos 50 civis morreram, e outros 100 ficaram feridos, nesta sexta-feira (8), em um ataque com foguetes contra a esta��o de Kramatorsk, cidade do leste da Ucr�nia, onde centenas de pessoas aguardavam um trem para deixar a regi�o.
Kramatorsk � a capital do Donbass, ainda sob controle ucraniano.
Este foi um dos mais sangrentos ataques destas seis semanas de conflito e se d� em um momento de grande indigna��o internacional com rec�m-descobertas atrocidades cometidas na Ucr�nia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, classificou o ataque desta sexta como um ato de "maldade sem limites" por parte da R�ssia.
Para o diretor da empresa ferrovi�ria ucraniana Ukrzaliznytsia, Oleksander Kamyshin, foi "um ataque deliberado".

Em Moscou, o Minist�rio da Defesa negou, contudo, ser o autor do ataque e denunciou uma "provoca��o" por parte de Kiev.
"Todas as declara��es dos representantes do regime nacionalista em Kiev sobre o suposto 'ataque com foguete' realizado pela R�ssia em 8 de abril na esta��o de trem da cidade de Kramatorsk s�o uma provoca��o e s�o absolutamente falsas", declarou o Minist�rio, conforme comunicado divulgado pela ag�ncia de not�cias RIA Novosti.

"O objetivo deste ataque orquestrado pelo regime de Kiev contra a esta��o de trem de Kramatorsk era impedir que a popula��o civil deixasse a cidade para poder us�-la como escudo humano", denunciou.
"Ressaltamos, de maneira particular, que os m�sseis t�ticos Tochka-U, cujos fragmentos foram encontrados nos arredores da esta��o de Kramatorsk e (cujas imagens) foram divulgadas por testemunhas, s�o usados apenas pelas For�as Armadas ucranianas", completou a nota.
Mais cedo nesta sexta, um rep�rter da AFP esteve na esta��o. Naquele momento, centenas de pessoas estavam � espera de um trem para deixar a regi�o, amea�ada por uma ofensiva russa de grande envergadura.
Em frente � esta��o de Kramatorsk, havia v�rios carros carbonizados e os restos de um m�ssil. Por toda a parte, viam-se malas abandonadas, estilha�os de vidro e escombros. O interior da esta��o estava coberto de sangue, que se espalhava pela rua, devido ao movimento dos corpos.
"Estou procurando meu marido. Estava aqui, mas n�o consigo encontr�-lo", disse uma mulher, sem coragem de se aproximar dos corpos alinhados do lado de fora da esta��o.
- "Escapar do inferno" -

H� dias, as for�as russas concentram suas opera��es no leste e no sul da Ucr�nia, no desejo de criar um corredor entre a Crimeia - ocupada e anexada em 2014 por Moscou - e as regi�es separatistas pr�-russas de Donetsk e Luhansk, no Donbass ucraniano. Isso obriga milhares de civis a fugir para o oeste e para o norte. Em muitos casos, as retiradas s�o interrompidas por bombardeios.
"N�o � nenhum segredo. A batalha por Donbass ser� decisiva. O que j� vivemos, todo esse horror, pode se multiplicar", alertou o governador de Luhansk, Sergii Gaidai.
Analistas consideram que o presidente russo, Vladimir Putin, quer assumir o controle de Donbass antes do desfile militar de 9 de maio. Data muito importante e simb�lica na R�ssia, � quando se celebra o fim da Segunda Guerra Mundial.
Em Donetsk, o oficial militar regional Pavlo Kyrylenko disse que tr�s trens foram temporariamente bloqueados por um ataque a�reo russo em uma esta��o.
"Cada dia � pior e pior. Chovem (bombas) de todos os lados. N�o aguento mais", desabafou Denis, um homem magro e p�lido que parecia bem mais velho do que seus 40 anos, em Severodonetsk, outra cidade no leste da Ucr�nia.
"Quero escapar deste inferno", acrescentou, enquanto esperava sua vez de fugir de �nibus.
- "Mais horr�vel que Bucha" -

Em paralelo, novos relatos de atrocidades surgem em �reas at� ent�o ocupadas pelos russos perto de Kiev, dias depois da descoberta de dezenas de cad�veres de civis na cidade de Bucha, �s portas da capital. As imagens geraram uma repulsa mundial.
"Come�aram a procurar nas ru�nas de Borodianka" a noroeste de Kiev, disse Zelensky na noite de quinta-feira.
"� muito mais horr�vel do que em Bucha. H�, inclusive, mais v�timas dos ocupantes russos", denunciou.
A procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, informou que, at� agora, 26 corpos foram descobertos nos escombros de dois im�veis e alertou que se trata da "cidade mais destru�da da regi�o".
"Apenas a popula��o civil foi alvo dos ataques: n�o tem nenhuma base militar aqui", escreveu Venediktova, no Facebook.
Tamb�m surgiram den�ncias de outras �reas, como Obukhovychi, a noroeste de Kiev. Seus habitantes disseram � AFP que eram utilizados como escudos humanos pelos russos.
Na sitiada Mariupol, no sudeste do territ�rio, at� o respons�vel pr�-R�ssia proclamado como o novo "prefeito" reconheceu a morte de 5.000 civis na cidade portu�ria.
Moscou negou ataques a civis nas zonas sob seu controle, mas as crescentes evid�ncias de suas supostas atrocidades levaram o Conselho de Direitos Humanos da ONU a suspender o pa�s, ontem, deste �rg�o.
- Mais san��es -

Tamb�m na quinta-feira (7), a Uni�o Europeia (UE) aprovou uma nova bateria de san��es contra Moscou, que inclui um embargo ao carv�o russo e o fechamento dos portos europeus �s embarca��es russas. Al�m disso, o bloco decidiu aumentar em 500 milh�es de euros o financiamento para entrega de armas � Ucr�nia, elevando este total para mais de 1,5 bilh�o de euros desde o in�cio da invas�o.
Para demonstrar seu apoio � Ucr�nia contra a invas�o russa, a presidente da Comiss�o Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, re�nem-se nesta sexta com o presidente Zelensky, em Kiev.
Mais cedo nesta sexta, Borrell condenou "com firmeza" o ataque de Kramatorsk e acusou a R�ssia de querer "fechar as rotas de retirada" de civis.
"Condeno com firmeza o ataque cego desta manh� a uma esta��o em #Kramatorsk por parte da R�ssia, que matou dezenas de pessoas e deixou muitos feridos", tuitou Borrell.
"Trata-se de uma nova tentativa de fechar as rotas de retirada para aqueles que fogem desta guerra injustificada e de causar sofrimento humano", acrescentou.
Na mesma rede social, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que � "horr�vel ver a R�ssia atacar uma das principais esta��es usadas pelos civis que deixam a regi�o onde a R�ssia intensifica seu ataque".
Ainda sobre as san��es, o grupo dos sete pa�ses mais industrializados do mundo (G7) decidiu proibir novos investimentos em setores-chave, restri��es �s exporta��es e veto ao carv�o russo.
Nesta sexta (8), o Reino Unidos anunciou, por sua vez, san��es �s filhas do presidente russo, Vladimir Putin, e � de seu ministro das Rela��es Exteriores, Serguei Lavrov, atacando o "luxuoso estilo de vida do c�rculo pr�ximo ao Kremlin".
Katerina Tikhonova e Maria Vorontsova, filhas de Putin, e Yekaterina Vinokurova, filha de Lavrov, agora est�o proibidas de entrarem no Reino Unido, onde seus ativos ser�o congelados, informou a Chancelaria brit�nica, que emula medidas similares adotadas por Washington e Bruxelas contra as filhas do presidente russo.
Segundo balan�o parcial divulgado hoje pela Comiss�o Europeia, a UE congelou pelo menos 29,5 bilh�es de euros (US$ 32 bilh�es) em ativos russos e bielorrussos, no �mbito das san��es impostas pela guerra na Ucr�nia.
As repercuss�es do conflito se fazem sentir no mundo todo.
Nesta sexta, a Organiza��o da ONU para a Alimenta��o e a Agricultura (FAO) anunciou que os pre�os mundiais dos alimentos alcan�aram, em mar�o, "um n�vel nunca registrado", devido � guerra.