(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas DISPUTA

Briga por templos da Universal em Angola causa conflitos com a pol�cia

H� dois anos e meio, igreja liderada pelo bispo brasileiro Edir Macedo passa por uma tormenta no pa�s africano


25/04/2022 15:27 - atualizado 26/04/2022 12:24


Fachada da Igreja Universal na Angola
Cerca de 100 templos da Universal em Angola foram interditados por autoridades do pa�s devido � batalha judicial envolvendo a igreja (foto: Getty Images)

A disputa entre duas alas da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola tem provocado confrontos entre fi�is e a pol�cia local.

A igreja liderada pelo bispo brasileiro Edir Macedo passa por uma tormenta no pa�s africano h� dois anos e meio.

Fi�is pr�-Macedo, que rivalizam com lideran�as religiosas locais, se mantiveram em vig�lia durante 24 horas por mais de uma semana em protesto contra a decis�o do Estado angolano de manter os templos fechados devido a brigas e processos contra a Universal na Justi�a.

Os fi�is, entre eles mulheres idosas, passaram a noite em frente aos templos. Religiosos foram detidos e quatro pessoas ficaram feridas na madrugada da quarta-feira (20/04), quando a Pol�cia Nacional Angolana tentou retirar fi�is favor�veis a Macedo que ocupavam a catedral do Maculusso, em Luanda.

Cerca de 100 templos da Universal em Angola foram interditados por autoridades do pa�s devido � batalha judicial travada entre os dois grupos que reivindicam o controle da institui��o.

A pol�cia angolana informou que fi�is, "em desobedi�ncia �s autoridades", teriam retirado ilegalmente os selos de veda��o de acesso aos templos do Maculusso e do bairro do Alvalade. Tamb�m teriam sido abertos ilegalmente templos nas localidades de Benfica e Talatona.

"Os pastores t�m partilhado �udios nas redes sociais, motivando os fi�is a deslocarem-se nesses templos para praticarem a viol�ncia com objetivo de retornar os cultos", disse o diretor de Comunica��o Institucional da Pol�cia Nacional em Luanda, Nestor Goubel.

A pol�cia disse que religiosos reabriram os templos sem qualquer mandado que legitimasse a retomada dos im�veis apreendidos. A ala brasileira teria decidido retomar as igrejas por conta pr�pria e, por isso, a pol�cia foi chamada. A� houve o confronto.

Nas redes sociais, religiosos ligados � Reforma - grupo de bispos e pastores angolanos reconhecido pelo governo como respons�vel hoje pela Universal local -, denunciaram que um pastor ligado � ala brasileira teria convocados os fi�is, orientando-os a levarem gasolina e pneus para queimarem em frente aos templos.


Policial em frente a tempo da Universal na Angola
O racha na Universal de Angola come�ou no final de 2019 com o surgimento de grupo que se op�s abertamente � dire��o brasileira (foto: OSVALDO SILVA/AFP via Getty Images)

De acordo com o porta-voz da pol�cia, medidas "severas" poder�o ser tomadas contra os seguidores que insistirem em ter acesso aos templos religiosos, sem a pr�via autoriza��o legal das autoridades.

Na disputa em Angola, est�o os fi�is apoiadores da "Reforma" - que t�m o reconhecimento do Instituto Nacional do Di�logo Religioso (Inar), �rg�o do Minist�rio da Cultura angolano -, e do outro o "movimento dos 7000", que segue a lideran�a de Edir Macedo e continua se considerando a leg�tima dire��o da igreja no pa�s.

Disputa pela posse

O racha na Universal de Angola come�ou no final de 2019 com o surgimento da Reforma, grupo liderado por cerca de 300 bispos e pastores angolanos, que se op�s abertamente � dire��o brasileira e divulgou um manifesto acusando a institui��o por crimes como lavagem de dinheiro, evas�o de divisas, racismo e imposi��o de vasectomia a pastores.

Em junho de 2020, os bispos e pastores angolanos tomaram o comando da igreja, ap�s uma assembleia-geral que destituiu os antigos dirigentes alinhados ao bispo Macedo.

De l� para c�, a disputa se acirrou. Em maio do ano passado, a TV Record �frica teve suas atividades suspensas em Angola. Mais de 50 pastores e obreiros da Universal foram mandados de volta ao Brasil.

A nova confus�o se deu ap�s o juiz Tutri Ant�nio, da 4ª. Se��o de Crimes Comuns do Tribunal de Luanda, determinar, no dia 31 de mar�o, que os templos, o patrim�nio e as contas banc�rias bloqueadas da Igreja Universal deveriam ser devolvidos � sua leg�tima dire��o.

Como o juiz n�o especificou qual seria essa leg�tima dire��o, e h� uma disputa ferrenha entre duas alas, a dire��o brasileira da Universal passou a considerar que teria de volta os seus templos. Em uma nota, a Universal no Brasil afirmou que o tribunal determinou a "devolu��o dos templos e bens � Universal do pa�s".

O juiz Tutri Ant�nio determinou a devolu��o dos templos ao fim do julgamento que condenou o bispo brasileiro Honorilton Gon�alves, ex-todo poderoso da TV Record no Brasil e depois l�der espiritual da Universal em Angola, a tr�s anos de pris�o por imposi��o de vasectomia a pastores. Sua pena foi suspensa por dois anos. Outros tr�s r�us ligados � igreja foram inocentados.

Sobre a disputa pelos templos, o magistrado afirmou que a discuss�o deveria ocorrer numa outra inst�ncia judicial, pois cabia a ele apenas a an�lise de supostos crimes apontados no processo.

"� uma quest�o que deve ser resolvida em outro tribunal. As pessoas que est�o a disputar o controle da igreja t�m advogados e sabem onde devem se dirigir para poder determinar com quem vai ficar a gest�o e quem vai receber de volta os bens que o tribunal mandou restituir", disse o juiz. "Essa parte j� n�o me compete, j� n�o compete aos meus colegas. Por esta raz�o, n�o nos pronunciamos".

Para a ala angolana da Universal, n�o h� d�vidas de que a institui��o no pa�s � comandada pelo bispo angolano Valente Bezerra Lu�s, pois a assembleia-geral que o elegeu, em 2020, teria sido reconhecida pelo Instituto Nacional de Di�logo Religioso.


O bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal
O bispo Edir Macedo, l�der da Igreja Universal (foto: ALAN SANTOS/PR)

Por�m, uma publica��o de altera��es no estatuto da igreja no Di�rio da Rep�blica (o Di�rio Oficial angolano), em outubro de 2021, encaminhada pela ala brasileira, reacendeu a discuss�o e gerou confus�o. O governo angolano alega n�o ter recebido esse pedido de altera��o.

O diretor-geral adjunto do Inar, Ambr�sio Micolo, disse que hoje j� n�o existem alas na Igreja Universal, mas sim uma dire��o reconhecida e n�o teria sido ela a reabrir os templos ilegalmente. "Existe uma dire��o legitimada pelo governo angolano e que vai receber os templos a serem entregues pelo Inar. O Inar apenas aguarda a notifica��o do tribunal", informou. "Os fi�is devem manter a calma, que ser� reposta a legalidade".

Em um v�deo nas redes sociais, o bispo Alberto Segunda, o l�der da igreja de acordo com a ala brasileira, disse que seus seguidores est�o sendo "injusti�ados e perseguidos".

Em nota divulgada na sexta-feira (22/04), o bispo Segunda afirma ainda que a igreja n�o tem qualquer rela��o com incita��o de atos de viol�ncia, seja "direta ou indiretamente".

A nota prossegue afirmando que h� uma "persegui��o feroz por um grupo de indiv�duos que buscam a qualquer custo atingir seus objetivos escusos", mas que "nunca iremos compactuar com qualquer ato de resist�ncia violenta".

A BBC News Brasil entrou em contato com a IURD no Brasil para mais esclarecimentos, mas n�o recebeu resposta at� o momento da publica��o desta reportagem.

Segunda j� prev� a possibilidade de um resultado desfavor�vel � ala brasileira. O bispo afirmou que, caso o Estado angolano decida "tirar" o patrim�nio da igreja de Edir Macedo, "n�s come�aremos novamente do zero". O bispo pediu que, nesse caso, o governo ao menos n�o retire a marca IURD (Igreja Universal do Reino de Deus).

Um outro porta-voz do grupo pr�-Macedo, Ol�vio Alberto, disse que os "dissidentes da Igreja Universal" teriam tido o apoio da Pol�cia Nacional Angolana. Para ele, policiais estariam ocupando as igrejas para depois "entregarem aos supostos pastores protegidos pelas autoridades angolanas". O Inar, na avalia��o de Ol�vio Alberto, tamb�m estaria apoiando os bispos e pastores da Reforma.

Os religiosos que se op�em a Edir Macedo, em contrapartida, apoiaram a a��o policial na catedral do Maculusso. Para o bispo Valente Bezerra Lu�s, apontado pelo Inar como o atual presidente da igreja, a opera��o policial garantiu a legalidade.

"Tenho de parabenizar o trabalho da pol�cia. Nossos irm�os invadiram os templos que estavam selados e fizeram os cultos. Foram advertidos que n�o eram os leg�timos representantes e ignoraram o apelo da pol�cia por tr�s vezes. Em �udios, pastores incentivaram a viol�ncia � muito triste", afirmou Lu�s.

Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)