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Estado de Minas TRAG�DIA

'A�ougueiro dos Andes': v�timas s�o enterradas ap�s 37 anos no Peru

Dezenas de pequenos caix�es brancos com os restos mortais das v�timas, com crucifixos de prata em cima, foram velados por dois dias na igreja da cidade


20/05/2022 16:13 - atualizado 20/05/2022 16:38

Vítimas sendo veladas em valas comuns
Dezenas de pequenos caix�es brancos com os restos mortais das v�timas, com crucifixos de prata em cima, foram velados por dois dias na igreja da cidade por seus parentes (foto: ERNESTO BENAVIDES / AFP)

 

Accomarca, Peru- Os restos mortais de dezenas de v�timas do "a�ougueiro dos Andes ser�o enterrados nesta sexta-feira (20/5) em um pequeno cemit�rio em um vilarejo remoto no Peru, 37 anos ap�s um massacre emblem�tico da guerra interna (1980-2000).

 

 

 

Na pra�a do povo de Accomarca, na regi�o andina de Ayacucho (sudeste), ser� dado o �ltimo adeus �s v�timas do massacre perpetrado por uma patrulha do Ex�rcito em 14 de agosto de 1985, entre elas vinte crian�as.

 

Dezenas de pequenos caix�es brancos com os restos mortais das v�timas, com crucifixos de prata em cima, foram velados por dois dias na igreja da cidade por seus parentes.

 

"Perdi minha m�e e meus cinco irm�os", disse � AFP Te�fila Ochoa, que tinha 11 anos e se salvou correndo para o campo no fat�dico dia.

 

Os soldados comandados pelo subtenente Telmo Hurtado mataram e queimaram quase todos os habitantes de Accomarca, alegando que eram membros da guerrilha mao�sta Sendero Luminoso.

 

Hurtado, "o a�ougueiro dos Andes", cumpre uma pena de 23 anos de pris�o pelo massacre ap�s ser extraditado dos Estados Unidos. Dos 10 soldados condenados pelo crime, cinco est�o foragidos.

 

"Eles os colocaram em fileiras, os colocaram em tr�s casas com tiros, bombas e ent�o come�ou a arder em chamas. Todo mundo estava gritando, foi um momento terr�vel", disse Ochoa, de 49 anos, que carrega uma foto em preto e branco da sua m�e.

 Missa e cerim�nia 

Uma missa ser� celebrada pela manh� na igreja onde as v�timas foram veladas na quarta e quinta-feira. Depois, os pequenos caix�es ser�o levados para a pra�a, em frente ao templo, onde foi erguido um palco de fundo branco com imagens das exuma��es das v�timas em uma vala comum.

 

Uma dezena de moradores varreu a pra�a pela manh�, onde se espera a chegada do chefe do gabinete ministerial, An�bal Torres, e do chefe da Justi�a, F�lix Chero, para uma cerim�nia. Em seguida, os caix�es ser�o levados ao pequeno cemit�rio no morro de San Crist�bal, de cujo topo se avista um f�rtil vale.

 

A pra�a era vigiada desde o amanhecer por agentes uniformizados e civis.

Sob o lema "nunca mais", cerca de 25 estudantes entre 7 e 14 anos da escola p�blica "Fe y Alegr�a" encenaram o massacre na pra�a na noite de quinta-feira.

 

A apresenta��o, que incluiu uma fogueira, arrancou aplausos e l�grimas das 150 pessoas presentes. Em seguida, um coral de 10 meninas, com trajes e chap�us t�picos andinos, executou uma m�sica em qu�chua.

 

Os familiares receberam durante o tempo decorrido o apoio do Comit� Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para a busca de seus entes queridos, assim como para o enterro.

Em janeiro, a promotoria informou que "identificou 42 v�timas entre os mais de 69 moradores executados em Accomarca, cujos restos �sseos e roupas foram enterrados em uma vala comum em 2007.

 

"Muitos filhos poder�o dar a seus pais um enterro crist�o, mas h� filhos que continuar�o esperando, porque h� partes [ossos] que ainda n�o foram identificadas", disse � AFP o prefeito de Accomarca, Fernando Ochoa.

 

O chefe municipal, de 37 anos, perdeu sua av� no massacre.

 

Segundo um relat�rio divulgado em 2003 pela Comiss�o da Verdade e Reconcilia��o, existiam cerca de 4.000 valas comuns no Peru com v�timas do conflito.

 

O confronto deixou cerca de 70.000 mortos e 21.000 pessoas desaparecidas, 40% delas em Ayacucho, segundo dados oficiais. 


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