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Estado de Minas KUMAMOTO

'Caixa para beb�s' abandonados no Jap�o, uma ideia controversa que salva vidas

Sistema permite que beb� seja abandonado anonimamente. E oferece outros servi�os, como um programa de parto sem identifica��o, tamb�m �nico no Pa�s


22/07/2022 10:45 - atualizado 22/07/2022 12:44

Enfermeira mostra caixa para bebês em hospital
Enfermeira mostra caixa para beb�s em hospital (foto: Philip FONG / AFP)

Quando o alarme soa no hospital Jikei, no sudoeste do Jap�o, as enfermeiras sobem uma escada em espiral para recolher o mais r�pido poss�vel os rec�m-nascidos abandonados na "caixa de beb�s" do centro m�dico, a �nica no pa�s.

Este hospital cat�lico de Kumamoto, na ilha de Kyushu, criou em 2007 este sistema que permite que um beb� seja abandonado anonimamente. E oferece outros servi�os, como um programa de parto sem identifica��o, tamb�m �nico no Jap�o.

Essas iniciativas valeram cr�ticas ao centro m�dico, mas seu respons�vel m�dico, Takeshi Hasuda, argumenta que funcionam como uma rede de seguran�a vital.

"H� mulheres que t�m vergonha e muito medo" pelo sentimento de "ter feito algo horr�vel" por terem engravidado, explica � AFP.

"Um lugar como o nosso, que n�o rejeita ningu�m, (...), � muito importante" para essas jovens m�es angustiadas.

Ao ouvirem o alarme, as enfermeiras tentam chegar em menos de um minuto � "caixa para beb�s", decorada com um par de cegonhas e equipada com uma pequena cama cuidadosamente preparada.

"Se as m�es ainda estiverem por perto, sugerimos que compartilhem sua hist�ria", conta Saori Taminaga, funcion�ria do hospital.

A equipe procura garantir a sa�de das m�es, ouvindo-as e orientando-as, e as incentiva a deixar informa��es que permitir�o � crian�a conhecer suas origens posteriormente.

Ningu�m a quem recorrer 

H� caixas para beb�s abandonados espalhadas pelo mundo h� s�culos e sobrevivem hoje, por exemplo, na Alemanha, B�lgica, Coreia do Sul e Estados Unidos.

Seu retorno em alguns pa�ses europeus no in�cio dos anos 2000 foi criticado pela ONU, que considerou que ia "contra o direito da crian�a de ser conhecida e cuidada por seus pais".

O Hospital Jikei estima, no entanto, que sua caixa � um meio de prevenir os maus-tratos � crian�a no Jap�o. No pa�s, a pol�cia registrou 27 abandonos de crian�as em 2020, e 57 crian�as morreram v�timas de abusos em 2019.

De acordo com o Dr. Hasuda, algumas crian�as acolhidas s�o "frutos de prostitui��o, estupro, ou incesto", e suas m�es n�o t�m a quem recorrer.

Ao todo, 161 beb�s e crian�as pequenas foram deixadas em Jikei desde 2007.

O sistema continua, por�m, a ter problemas para ser aceito no Jap�o, principalmente por causa de uma vis�o tradicional da fam�lia, de acordo com Chiaki Shirai, professora da Universidade de Shizuoka e especialista em quest�es reprodutivas e ado��o.

O pa�s usa um sistema de registro familiar que inclui os nascimentos, �bitos e casamentos de uma fam�lia por gera��es. Esse pilar do aparato administrativo tamb�m molda vis�es sobre a estrutura familiar.

Isso "fixou na sociedade japonesa a ideia de que quem deu � luz um filho deve cri�-lo", a ponto de os filhos serem considerados quase "propriedade" dos pais, explica Shirai.

"As crian�as abandonadas, cujo registro indica que n�o t�m fam�lia, s�o fortemente estigmatizadas", acrescenta.

Mulheres apontadas

Apesar do anonimato oferecido pelo sistema, os servi�os de prote��o � crian�a geralmente tentam encontrar a fam�lia de crian�as abandonadas em Jikei.

Dessa forma, cerca de 80% deles descobriram a identidade de sua fam�lia, e 20% encontraram seus pais, ou parentes.

O hospital tamb�m prop�e um servi�o de atendimento telef�nico � maternidade, que recebe milhares de liga��es por ano, e um programa de parto n�o identificado, visando a evitar partos domiciliares n�o assistidos.

Embora quase n�o tenha sido usado at� agora (apenas dois partos ocorreram dessa maneira), esse sistema tamb�m n�o � aprovado por unanimidade, e o governo, sem declar�-lo ilegal, n�o quis regulariz�-lo.

Chiaki Shirai ressalta que as mulheres que usam a caixa para beb�s, ou d�o � luz sem identifica��o, s�o muitas vezes criticadas por n�o terem escolhido outras alternativas como o aborto, que � legal no Jap�o, mas muito caro.

A sociedade prefere culpar as mulheres, e sua "motiva��o" para simpatizar com elas, ou ajud�-las, "� baixa, ou totalmente inexistente", lamenta o dr. Hasuda.


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