
A aura de novidade deste ator e comediante que entrou para a pol�tica em 2019 j� havia desaparecido e sua popularidade estava baixa em raz�o dos problemas econ�micos e sociais da Ucr�nia.
Seus rivais estavam cientes de suas fraquezas e come�ava a surgir d�vidas entre a popula��o se ele era a pessoa certa para liderar o pa�s.
"Mas tudo mudou em 24 de fevereiro", diz o cientista pol�tico ucraniano Volodimir Fesenko, em declara��es � AFP.
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Naquela quinta-feira fat�dica, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o in�cio da interven��o do ex�rcito russo na Ucr�nia.
Estamos todos aqui
A invas�o russa representou um momento hist�rico em um espa�o p�s-sovi�tico marcado por tens�es entre a R�ssia e seus vizinhos, tr�s d�cadas ap�s o colapso da URSS.Foi tamb�m um momento crucial na trajet�ria de Zelensky, que passou de um presidente em dificuldades a l�der da resist�ncia militar ucraniana.
No primeiro dia da invas�o, "correu o boato de que Zelensky fugiria, pois dava a impress�o de ser um presidente fraco, que n�o conseguiria resistir � press�o militar ou encarnar um l�der em tempos de guerra", lembra Fesenko.
Mas o presidente ucraniano n�o fugiu. Pelo contr�rio, apareceu em um v�deo nas primeiras horas do conflito: "Estamos todos aqui, defendendo nossa independ�ncia e nosso pa�s", declarou olhando diretamente para a c�mera.
Desde o in�cio da invas�o, que j� causou milhares de v�timas e milh�es de refugiados, Zelensky discursa todas as noites.
Costuma pedir em seus discursos um esfor�o maior dos Estados Unidos e dos pa�ses europeus no envio de ajuda militar � Ucr�nia e na ado��o de mais san��es econ�micas contra a R�ssia.
Mudan�a radical
"Antes da guerra, a Ucr�nia era tratada por muitos como um Estado falido e Zelensky como um l�der fraco, que n�o era totalmente competente", explica Fesenko.
"A guerra mudou radicalmente a atitude das pessoas em rela��o a Zelensky. Mas ele tamb�m mudou", acrescenta este cientista pol�tico.
Zelensky nasceu em uma fam�lia judia na cidade de Kryvyy Rih, no sul, em um dos territ�rios de l�ngua russa do sul da Ucr�nia.
Em 2015, um ano ap�s o in�cio das tens�es na Ucr�nia com a revolta de Maidan e a anexa��o russa da Crimeia, Zelensky ficou famoso gra�as � s�rie "Servo do Povo".
Nessa com�dia, ele interpretou um professor de hist�ria bastante ing�nuo que conseguiu ser eleito presidente ap�s uma discuss�o com um colega sobre corrup��o que se tornou viral.
Alguns anos depois, Zelensky decidiu concorrer � presid�ncia em 2019, vencendo com ampla vantagem (73% dos votos no segundo turno) gra�as � sua imagem "de um homem comum que queria sacudir o sistema".
Cansa�o pela guerra
Sua bagagem como ator o ajuda na batalha de comunica��o durante os nove meses de conflito.
"Ele n�o usa linguagem diplom�tica ou politicamente correta. Ele pede sem rodeios o que a Ucr�nia precisa para sobreviver � guerra", comenta � AFP Sergiy Leshchenko, ex-jornalista e pol�tico ucraniano.
Por exemplo, depois que o ex�rcito russo foi acusado em setembro de bombardear civis na cidade de Zaporizhzhia, o presidente ucraniano classificou os soldados inimigos como "esc�ria" e a R�ssia como "Estado terrorista".
Outro momento ic�nico foi quando ele visitou a cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, onde civis foram encontrados mortos com balas na cabe�a e as m�os amarradas nas costas, poucos dias depois que as tropas russas se retiraram da cidade.
Ap�s esse epis�dio, o presidente endureceu sua posi��o em rela��o a poss�veis negocia��es de paz com a R�ssia e garantiu que n�o seriam poss�veis enquanto Putin continuasse como presidente.
No entanto, Zelensky tamb�m protagonizou alguns momentos pol�micos, como no dia 15 de novembro, quando um m�ssil caiu sobre uma cidade polonesa perto da fronteira com a Ucr�nia, causando duas mortes.
O presidente ucraniano culpou o ex�rcito russo pelo incidente, mas a Pol�nia e a OTAN disseram que "provavelmente" foi um m�ssil da defesa a�rea ucraniana.
Sua postura firme contra a R�ssia lhe rendeu elogios do p�blico ucraniano, mas alimentou a incerteza sobre uma guerra sem fim � vista.
"Ele precisa manter o esp�rito de resist�ncia na sociedade ucraniana, mas ao mesmo tempo fortalecer o apoio dos pa�ses ocidentais", explica Fesenko.
"O cansa�o da guerra � um verdadeiro desafio" para Zelensky, acrescenta.