
A culpabilidade das empresas "parece-nos imposs�vel de provar. Sabemos que esta posi��o muito provavelmente ser� inaud�vel �s partes civis, mas n�o estamos em condi��es de solicitar a condena��o da Air France e da Airbus", declarou em sua conclus�o o promotor do caso.
Ap�s oito semanas de audi�ncias, o julgamento pelo acidente entrou em sua reta final nesta quarta, com os �ltimos argumentos do Minist�rio P�blico.
Em 1º de junho de 2009, o avi�o AF447 caiu no Oceano Atl�ntico, quase quatro horas ap�s decolar do Rio de Janeiro. Seus 216 passageiros e 12 tripulantes morreram nesta trag�dia.
"Este tr�gico acidente foi, sobretudo, uma trag�dia humana que marcou para sempre os familiares das v�timas", cujo "sofrimento tem sido constantemente revivido ao longo destes treze anos", um "tempo longo demais", declarou mais cedo a promotora Marie Duffourc em uma sala lotada no Tribunal Correcional de Paris.
"Representar a sociedade em tal julgamento significa preservar a ordem social (e) lembrar que o respeito � vida humana n�o admite qualquer compromisso", alertou.
O segundo promotor, Pierre Arnaudin, come�ou ent�o a detalhar todos os "fatores contribuintes" do acidente, a fim de estabelecer se uma "culpa" poderia ser imputada � Airbus e � Air France em "conex�o" com o desastre.
As duas empresas, que incorrem a uma multa de 225 mil euros cada, contestam qualquer falha.
Embora os ju�zes de instru��o tenham arquivado o caso em 2019, os familiares das v�timas e os sindicatos dos pilotos apelaram e, em maio de 2021, os tribunais enviaram as duas empresas a julgamento por homic�dio doloso.
Segundo laudos periciais, o congelamento das sondas de velocidade Pitot causou altera��o nas medi��es de velocidade do Airbus A330, o que desorientou os pilotos at� perderem o controle do avi�o.
Para o tribunal de apela��o, que reverteu o arquivamento do caso, a Air France n�o implementou o "treinamento adaptado", nem forneceu as "informa��es" necess�rias para que os pilotos pudessem "reagir" a essa falha t�cnica.
A Airbus, por sua vez, � acusada de "subestimar a gravidade" das falhas das sondas de velocidade, por n�o tomar as medidas necess�rias para informar com urg�ncia as tripula��es ou trein�-las de forma eficaz.
Na audi�ncia de hoje, o promotor Arnaudin considerou que, nos momentos dos fatos, "havia por um lado a impossibilidade t�cnica de compreender este fen�meno de forma��o de gelo e, por outro lado, de determinar com certeza qual sonda deveria ser utilizada".
"� claro que face aos dados cient�ficos da �poca, nenhuma culpa criminal me parece suscet�vel de ser retida", concluiu.
Duffourc ent�o voltou �s consequ�ncias da pane na cabine de controle, considerando que nenhum "defeito no projeto da aeronave" tinha "liga��o certa com a perda de trajet�ria" e, portanto, n�o poderia ser retida contra a Airbus.
Ap�s tais declara��es, membros da associa��o Entraide et Solidarit� AF447, que representa as fam�lias das v�timas, abandonaram a sala, antes da suspens�o da audi�ncia.
"Voltamos a 2019, quando os ju�zes de instru��o desestimaram efetivamente todo o caso. Temos um promotor que deveria defender o povo e que acaba defendendo a multinacional Airbus", lamentou Dani�le Lamy, presidente da associa��o, denunciando um "julgamento contra os pilotos".
As falhas nessas sondas se multiplicaram nos meses anteriores ao acidente. Ap�s a cat�strofe, o modelo foi alterado em todo o mundo.
A trag�dia motivou ainda outras modifica��es t�cnicas no dom�nio da aeron�utica e um treino refor�ado numa situa��o de perda de altitude e de estresse da tripula��o.