
- � poss�vel navegar pela dark web? -
Nascida dos movimentos libert�rios, esta rede paralela tem o anonimato como principal objetivo. Seus sites n�o s�o registrados por mecanismos de busca, como Google e Bing. Para acess�-la, o navegador TOR permite, desde 2004, consultar uma p�gina, desde que saiba o endere�o em 48 caracteres.
Na dark web n�o h� motores de busca p�blicos. N�o � poss�vel escrever uma palavra aleatoriamente para encontrar um nome.
A estrutura tem 110.000 portais ativos, um n�mero que se multiplicou nos �ltimos cinco anos. A internet aberta, "clear web", registra 1,6 bilh�o de sites.
"Assistimos, no entanto, a uma grande massifica��o, uma vez que, h� cinco anos, havia apenas 10.000 sites ativos", explicou Nicolas Hern�ndez, chefe da Aleph Networks, empresa francesa que desenvolveu um dos �nicos motores de busca do mundo que funcionam na dark web.
- Auge da pornografia infantil -
A expans�o da dark web deve-se, principalmente, � pornografia infantil, que representa entre 30% e 70% dos sites, estimou Hern�ndez. "H�, tamb�m, muitos sites de com�rcio de drogas, que s�o bastante ativos. Para as vendas de armas, contavam com dez sites h� tr�s anos. Hoje, s�o mais de 200", detalhou.
Os dados roubados tamb�m configuram um importante mercado. A Aleph Networks registra atualmente mais de 1,4 milh�o de n�meros de cart�es de cr�dito ativos � venda, bilh�es de e-mails com suas senhas e 12 milh�es de carteiras de Bitcoin roubadas.
Podem-se encontrar, tamb�m, acessos a contas do Facebook e Twitter e programas para hackear uma conta do Gmail.
- M�fia cibern�tica -
A dark web hospeda um ambiente estruturado de organiza��es de criminosos cibern�ticos. Os sites que vendem dados b�sicos que permitem criar e-mails de "phishing" (fraude eletr�nica) s�o oferecidos a usu�rios, que os compram para hackear um sistema.
Tamb�m h� programas de pirataria prontos para uso, que s�o vendidos ou entregues em troca de uma porcentagem sobre os lucros.
Nesta rede, h� ofertas de trabalho que recrutam hackers "aut�nomos" e plataformas que publicam os pedidos de resgate ap�s roubos de dados, divulgando parte da informa��o a t�tulo de "prova". Se a v�tima n�o realizar o pagamento, os dados s�o colocados � venda.
As transa��es s�o pagas em criptomoedas ou usando contas do Paypal roubadas.
- Neonazistas e cr�ticos dos Jogos Ol�mpicos -
"Quanto mais um Estado pressionar, mais atores ir�o entrar na dark web, como no caso da pornografia infantil ou do grupo Estado Isl�mico. Quando o Estado afrouxa a press�o, eles retornam � web cl�ssica, que lhes d� mais audi�ncia", explicou o diretor-geral da Aleph Newtworks, Victor Raffour.
"� o que ocorre atualmente com os movimentos neonazistas franc�fonos, ultraviolentos, que se comunicam na dark web. Vemos f�runs e comunidades que est�o sendo criados", comentou Raffour, preocupado.
A dark web � o local de encontro dos "hacker ativistas", que defendem a��es violentas e ciberataques. "Observamos discuss�es sobre planos de ataques aos Jogos Ol�mpicos de Paris que atraem todo tipo de hacker ativista. Falam em ataques �s c�meras, roubos de dados dos provedores, est�o se articulando", advertiu Nicolas Hern�ndez.
- Opera��o ef�mera -
As 288 pris�es efetuadas na ter�a-feira pela Interpol e Europol contra traficantes de drogas na internet permitiu a queda de uma grande plataforma, a Monopoly Market.
"Mas ter�amos que saber se se tratam de administradores do sistema. Isto pode n�o deter a sua atividade, porque, no geral, os fundadores se protegem. � dif�cil declarar vit�ria, sobretudo se a plataforma for russa", explicou Hern�ndez.
"Em quatro meses, as plataformas se reconstroem. A dark web foi criada para o anonimato. Se n�o cometerem erros, ser� muito dif�cil identific�-los. � necess�rio que os Estados estejam conscientes do que se encontra na dark web e se ocupem disto, porque esta zona se torna perigosa", afirmou o executivo.
A dark web, no entanto, tamb�m � um espa�o de liberdade. Denunciantes, dissidentes, jornalistas e todos aqueles que fogem da repress�o de certos Estados se encontram ali, protegidos pelo anonimato.