O relato de destrui��o em campo de refugiados ap�s ataque israelense

A atmosfera no campo de refugiados de Jenin parece com a que j� testemunhei em outro lugar — em Gaza, depois das guerras com Israel.

Mas esta � a Cisjord�nia ocupada, onde a din�mica � muito diferente. Agora parece haver uma escalada r�pida para algo muito mais perigoso.

A destrui��o no campo ap�s o maior ataque do ex�rcito israelense em 20 anos � enorme.

Quando centenas de soldados entraram no campo na manh� de segunda-feira (3/7), o Ex�rcito disparou m�sseis a partir de drones — ataques a�reos n�o s�o usados na Cisjord�nia h� duas d�cadas — e destruiu estradas para limp�-las do que argumentou serem bombas de militantes.

Tiroteios come�aram entre as tropas israelenses e os militantes palestinos e continuaram at� a retirada das tropas israelenses na noite de ter�a-feira (4/7).

Agora, pela primeira vez em seguran�a desde domingo (2/7), milhares de moradores vieram �s ruas para ver a destrui��o.

Eles escalam os escombros, tiram fotos dos destro�os com seus celulares e comparam experi�ncias, falando sobre casas invadidas, filhos detidos e mortos na fam�lia.

Um homem se aproxima de mim dizendo que isso o lembra de fotos da Turquia e da S�ria no in�cio deste ano, ap�s o terremoto.

Carros est�o esmagados ao longo do caminho por onde passaram os blindados D9 de Israel. O asfalto est� quebrado, espalhado por toda parte em peda�os enormes.

Caminhamos pelo que havia embaixo das ruas: entulho, areia e poeira.

Muitas casas n�o t�m �gua ou energia. Volunt�rios trazem caixas de �gua engarrafada. Eles se juntam a outros trabalhadores, alguns dirigindo as poucas escavadeiras dispon�veis. Uma delas faz a remo��o de uma �rvore ca�da do alto de um pr�dio residencial. Ela arranca parte da fachada de uma loja no t�rreo, caindo perigosamente perto de n�s.

Os comboios blindados israelenses retiraram-se durante a noite em meio a intensos tiroteios com militantes. Apesar da calmaria de hoje, todos temem que mais coisas estejam por vir. Israel diz que continuar� realizando esse tipo de opera��o "enquanto for necess�rio para erradicar o terrorismo". Grupos militantes palestinos reivindicam "vit�ria" e juram vingan�a.

Continuamos nosso caminho pelo acampamento e as prociss�es f�nebres come�am. Milhares de pessoas em luto cantam enquanto carregam macas com os corpos de alguns dos 12 palestinos mortos desde segunda-feira (3/7). Quatro deles tinham menos de 18 anos. Israel disse que tinha como alvo militantes.

Filas de pessoas se juntam. Enquanto marcham, alguns homens est�o mascarados e armados; outros usam s�mbolos da Jihad Isl�mica. Bandeiras do Hamas tremulam sobre um pr�dio pr�ximo. A raiva toma conta da multid�o enquanto se ela dirige para as casas dos mortos, onde suas m�es e esposas os aguardam.

Mas as exibi��es de poder de fogo — pelo menos em p�blico — parecem menos intensas do que em funerais anteriores.

Tenho visitado Jenin frequentemente no �ltimo ano e meio, quando uma nova gera��o de militantes armados se formou, rejeitando a envelhecida lideran�a palestina e desafiando o ex�rcito israelense durante seus crescentes ataques � cidade.

Esta � uma gera��o que acredita que a Autoridade Palestina (AP) oficial vendeu seu futuro e se tornou pouco mais do que uma empresa de seguran�a para a ocupa��o militar de Israel, que garante a expans�o dos assentamentos israelenses na Cisjord�nia, constru�dos na terra que os palestinos querem para um Estado futuro e ilegal sob o direito internacional.

Hoje h� menos tiros, mas a frustra��o s� aumenta. Durante a noite, jovens palestinos tamb�m entraram em confronto com as for�as de seguran�a formais da Autoridade Palestina. Jenin � uma cidade que j� escapou de seu controle.

Agora, os resqu�cios institucionais de um processo de paz de tr�s d�cadas na Cisjord�nia ocupada est�o sendo testados at� a destrui��o.

Israel diz que continuar� erradicando o que chama de "uma cidade de ref�gio para o terrorismo" em Jenin, mas as fac��es militantes palestinas prometem que intensificar�o suas atividades.

Um ataque com carro e faca em Tel Aviv na ter�a-feira, que feriu sete israelenses, foi descrito pela Jihad Isl�mica como a "primeira resposta" ao que estava acontecendo em Jenin.

A crescente viol�ncia � mais um sinal do colapso de qualquer horizonte pol�tico. Alguns temem que as cidades palestinas na Cisjord�nia sofrer�o ataques militares mais intensivos e medidas de seguran�a — como se v� em Gaza, que � governada pelo Hamas e isolada por Israel.

Mais palestinos rejeitam sua pr�pria lideran�a reconhecida internacionalmente e apoiam a resist�ncia armada. E Israel permanece sob o controle do governo mais extremista j� eleito, que prometeu estender o que chama de direitos exclusivos dos judeus a toda a terra da regi�o.