
O Ita� encerrou, com preju�zo, uma hist�ria de mais de 40 anos na Argentina. A sa�da do maior banco brasileiro do pa�s vizinho se d� em meio a infla��o descontrolada, crise social e corrida presidencial.
O an�ncio da venda da opera��o foi feita na noite de quarta-feira (23/8). O Ita� chegou � Argentina em 1979. � �poca, as atividades eram voltadas � �rea de atacado, no financiamento de empresas multinacionais no com�rcio exterior.
Em 1995, o banco deu in�cio �s opera��es com foco na pessoa f�sica e abriu a primeira ag�ncia. Tr�s anos depois, refor�ou a atua��o com a compra do Banco Del Buen Ayre. Em 2008, nasceu o Ita� Argentina.
As atividades na regi�o, contudo, nunca alcan�aram um patamar considerado relevante para o tamanho do banco. A opera��o do Ita� na Argentina estava entre as menores na Am�rica Latina.
Em junho deste ano, a carteira de cr�dito do banco no pa�s somava R$ 9,1 bilh�es, apenas � frente do Panam� (R$ 1,4 bilh�o) na Am�rica Latina e bem atr�s de Chile (R$ 145,6 bilh�es) e Col�mbia (R$ 27,1 bilh�es).
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S�o 67 ag�ncias e PABs (postos de atendimento banc�rio) e 145 caixas eletr�nicos no pa�s.
Com opera��es restritas, somaram-se ao ambiente de neg�cios do Ita� na Argentina, segundo analistas, a infla��o acima de 100% ao ano e a desvaloriza��o cambial, al�m da recente onda de saques, bem como o risco eleitoral.
O peso desabou e os juros argentinos saltaram no dia 14, na esteira do candidato ultraliberal Javier Milei se tornar o mais votado nas elei��es prim�rias.
"A sa�da da opera��o do Ita� na Argentina foi debatida entre os analistas. A corrente majorit�ria acredita que o Ita� considerou o risco pol�tico e de dolariza��o do pa�s vizinho", afirma Jo�o Frota Salles, analista da Senso Investimentos.
Ao anunciar a venda do neg�cio na Argentina para o Banco Macro por R$ 250 milh�es, o Ita� afirmou que a opera��o vai gerar um impacto negativo de R$ 1,2 bilh�o.
Segundo o banco, o preju�zo decorre do fato de o valor cont�bil da opera��o na Argentina ser superior ao valor recebido pela venda. "Como o banco na Argentina foi vendido abaixo desse valor, pode-se interpretar que houve um des�gio na opera��o", diz Salles.
O analista acrescenta que geralmente o que ocorre � o contr�rio. Um banco compra o outro pelo valor de mercado, que � maior do que o valor cont�bil, via de regra, afirma Salles.
No dia seguinte ao an�ncio da venda, as a��es do Ita� tiveram queda de cerca de 1,2% na Bolsa brasileira, fato que o analista da Senso atribui ao preju�zo na venda do neg�cio.
"Dadas as perspectivas macroecon�micas dos hermanos, essa pode ter sido a melhor sa�da poss�vel do pa�s, mesmo com o preju�zo na venda", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus. Ela assinala que a venda libera foco e recursos para outras opera��es mais relevantes do banco na Am�rica Latina.
Analista da Guide, Mateus Haag avalia como neutro o impacto da venda para o Ita�. "A transa��o j� estava no radar do mercado, uma vez que o banco j� havia informado em junho que estava em negocia��o preliminar com o Banco Macro", diz.
Haag afirma que o neg�cio � pouco representativo para o balan�o do Ita�. As opera��es de cr�dito na Argentina correspondem a menos de 1% do total da carteira de cr�dito do banco.
O Ita� afirmou que tem a inten��o de continuar atendendo clientes corporativos locais e regionais, al�m de indiv�duos de wealth e private banking por meio de suas unidades internacionais e que ir� buscar a aprova��o para abrir um escrit�rio de representa��o no pa�s vizinho.
"Depois de mais de 40 anos, temos n�o apenas orgulho da nossa hist�ria argentina, mas a clareza de que nossa jornada no pa�s n�o termina aqui", afirmou Andr� Gailey, CEO regional do Ita� na Argentina, Paraguai e Uruguai, em comunicado.
Com a aquisi��o das opera��es na Argentina, o Macro se consolida como o maior banco privado de capital argentino no pa�s, com 565 ag�ncias e 9.400 funcion�rios e atendendo diariamente 6 milh�es de clientes.
"Somos uma empresa argentina que cresce a cada dia e, com a compra do Ita� Argentina, ratificamos nosso compromisso de continuar investindo no pa�s", disse Jorge Brito, presidente do Banco Macro.
Brito assinalou que, com ativos superiores a US$ 2 bilh�es, o Macro � o banco argentino com maior capilaridade no interior do pa�s, com cerca de 80% das ag�ncias fora da capital. "Agora, dobraremos nossa presen�a na �rea metropolitana de Buenos Aires."