(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MU�UM

Inunda��es no Brasil, prova dos efeitos mais violentos das mudan�as clim�ticas

"Vidas humanas est�o sendo afetadas por esse contexto de aquecimento excessivo da atmosfera planet�ria, o que se traduz em eventos extremos", diz especialista


12/09/2023 22:05 - atualizado 13/09/2023 09:13
436

Casa submersa pela enchente no Rio Grande do Sul
Casa submersa pela enchente no Rio Grande do Sul (foto: Handout / RIO GRANDE DO SUL FIRE DEPARTMENT / AFP)
Chuvas intensas inundaram em poucas horas localidades inteiras do Rio Grande do Sul, causando morte e destrui��o, um cen�rio que evidencia os efeitos do aquecimento "excessivo" e a lentid�o dos governos em se adaptarem � crise clim�tica, afirma um especialista.

Os moradores de Mu�um e de outras cidades ga�chas enlutadas pela passagem de um ciclone asseguram que nunca haviam visto o rio Taquari transbordar como na semana passada, atingindo regi�es elevadas e distantes de seu curso.

"Desde que nasci - nasci aqui, em uma casa velha, - e nunca tinha uma enchente que tivesse que sair de casa por causa da �gua. S� depois que me tornei velho, depois que constru� esse bar novo aqui, s�o diversas vezes que saio de casa [...] Eu n�o sei porque, de repente, come�ou a dar enchentes t�o grandes. Esta [�ltima] foi a maior de todas da hist�ria que j� se ouviu falar", disse � AFPTV Humberto Simonaio, propriet�rio da sorveteria "Keko", presente h� mais de 50 anos na cidade de 4.600 habitantes.

Uma semana depois da trag�dia, os trabalhos de limpeza continuavam nas ruas enlameadas de Mu�um, onde foram encontrados 16 dos 47 mortos pelo ciclone. O n�mero de desaparecidos foi reduzido de 46 para nove, segundo o �ltimo balan�o oficial desta ter�a-feira.

Alertado pelas previs�es de forte chuva, Simonaio, de 74 anos, enviou algumas m�quinas da sorveteria ao galp�o de um amigo em uma �rea elevada, que saiu ilesa das cheias anteriores do rio.

Mas o dep�sito tamb�m foi inundado.

J� Selmar Klunk ajudava os vizinhos da cidade pr�xima de Encantado a recolher suas coisas durante a emerg�ncia clim�tica. J� de madrugada, este diretor de uma associa��o regional de turismo, de 38 anos, recebeu a not�cia de que as �guas haviam alcan�ado o estacionamento onde havia deixado seu carro, a dois quil�metros do rio.

Em Mu�um, casas aparentemente s�lidas tamb�m ficaram em ru�nas.
Especialistas atribuem essas trag�dias aos eventos clim�ticos "extremos", cada vez mais recorrentes no mundo, como as chuvas torrenciais que atingiram outros lugares como Hong Kong, Gr�cia e L�bia neste mesmo m�s.

"Vidas humanas est�o sendo seriamente afetadas por esse contexto de aquecimento excessivo da atmosfera planet�ria, o que se traduz em eventos extremos que v�o acometer v�rios lugares ao redor do mundo", disse � AFP Dakir Larara Machado Silva, professor de climatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Morador de Muçum (RS) tenta recuperar objetos pessoais atingidos pelo ciclone
Morador de Mu�um (RS) tenta recuperar objetos pessoais atingidos pelo ciclone (foto: SILVIO AVILA / AFP)

E exemplifica: "Chuvas intensas - o que acontecia em um m�s inteiro, acontece em 24 horas -, ondas de calor recordes completamente fora dos padr�es, per�odos de estiagem prolongados...".

"S�o uma bomba-rel�gio", que altera os padr�es de chuva e temperatura. "�reas que n�o eram afetadas [pelas inunda��es] come�am ser a partir de agora".

No bairro de F�tima, o mais afetado de Mu�um, a casa onde Ana Lu�sa Batiuci, uma professora de 56 anos, vive com seu marido e sua filha, ficou alagada por mais de um metro de �gua, apesar de estar constru�da no alto de um morro.

"Sim, a gente at� � acostumado com isso, cada chuvarada que d� a gente fica se preocupando, erguendo coisas, mas num n�vel mais baixo, n�. N�o esse n�vel t�o alto que atingiu essa vez, nessa propor��o.", disse � AFPTV, enquanto limpava a lama em frente � sua casa.

- "Veio para ficar" -

Alguns habitantes argumentam que as represas de tr�s hidrel�tricas pr�ximas agravaram as inunda��es.

Mas, na opini�o de Machado Silva, essas represas, sem comportas para liberar a �gua, "n�o influenciaram em nada".

Para especialista, Mu�um foi atingida por um "evento clim�tico raro e altamente desafiador em termos de previs�o". E que provavelmente se repetir�.

Casa destruída pelo ciclone em Muçum
Casa destru�da pelo ciclone em Mu�um (foto: Silvio AVILA / AFP)

"� o in�cio de algo que veio para ficar".

Durante a c�pula do G20 sediada em Nova D�lhi, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva tamb�m relacionou a trag�dia � "emerg�ncia clim�tica sem precedentes" que o planeta vive.

Machado da Silva afirma, ainda, que "a aus�ncia de protocolos claros (como de evacua��o, por exemplo), bem fundamentados (...) corrobora com a dificuldade do poder p�blico, em suas distintas esferas e escala, no enfrentamento �s mudan�as clim�ticas".

Tamb�m enumera tarefas pendentes mais ambiciosas, como planejamento urbano, sistema de alertas e uma pol�tica de gest�o sustent�vel da �gua.

O ciclone afetou mais de 330.000 pessoas em 100 locais do estado, com mais de 1,3 bilh�o de reais em perdas estimadas.

Enquanto isso, Simonaio respira aliviado.

A corrente empurrou uma de suas m�quinas para apenas alguns metros da loja. Ficou s� danificada. Planeja voltar a vender sorvetes em breve.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)