'Esse n�o � um pa�s de merda', diz Massa em discurso ap�s vota��o

BOA VISTA, SP (FOLHAPRESS) - O discurso de Sergio Massa ap�s a vota��o do primeiro turno na Argentina mirou em Javier Milei sem que o advers�rio fosse citado. A contraposi��o de propostas do peronista �s do ultraliberal e at� a manh� deste domingo favorito ao pleito foi a t�nica adotada por Massa, que saiu na frente no primeiro turno neste domingo (22).

Em alguns momentos do discurso, o peronista fez refer�ncia tamb�m a falas de Milei que, se por um lado ajudaram o rival a se popularizar, tamb�m s�o usadas por advers�rios para apontar seu lado radicalizado.

"Estou convencido de que esse n�o � um pa�s de merda como t�m dito, mas que esse � um grande pa�s", disse, relembrando fala em que Milei recomenda a jovens que tenham condi��es para "deixar esse pa�s de merda".

O atual ministro da Economia tamb�m adotou um tom conciliador em que acenou a eleitores que votaram em branco ou em outros candidatos e que "compartilham conosco valores como educa��o p�blica e a independ�ncia de Poderes".

"Vamos convocar um governo de unidade nacional para construir uma ind�stria argentina forte, frente �queles que querem a abertura indiscriminada das importa��es. Quero convocar a construir um governo �queles que querem mais educa��o p�blica, gratuita, de qualidade e inclusiva, contra aqueles que querem vouchers para nossos filhos", afirmou Massa.

Com diferen�a de cerca de 6 pontos percentuais, Massa largou na frente de Milei na disputa presidencial, que ter� seu segundo turno no dia 19 de novembro. A surpresa nas prim�rias, com a lideran�a do ultraliberal, converteu-se em novo resultado inesperado no primeiro turno, com a revers�o a favor do peronista.

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Assim, Massa vai fortalecido ao segundo turno, mas ainda sob o risco de que a terceira colocada com cerca de 23,8%, a macrista Patricia Bullrich, alie-se a Milei --foi o que indicou o pr�prio libert�rio em sua fala depois da consolida��o dos resultados para a segunda volta.

"No dia 19 de novembro teremos que decidir se constru�mos um pa�s que abrace a todos ou o pa�s do salve-se quem puder. Vou abra�ar a cada argentino e argentina, n�o importa como pensem, n�o importa sua religi�o e sua condi��o social", disse Massa.

O ministro da Economia mudou recentemente seus discursos, centrados mais em chamar a aten��o para o medo do avan�o da extrema direita no pa�s e em um resgate da narrativa peronista mais nacionalista, refor�ando que Milei representaria uma amea�a � soberania argentina com suas propostas de acabar com o peso, por exemplo. A mudan�a veio na reta final da campanha, ap�s publicit�rios ligados ao PT refor�arem a equipe eleitoral do peronista.

Apesar de ter sa�do na frente e demonstrado a for�a de sua m�quina ideol�gica e partid�ria, o peronismo registrou sua pior vota��o em 40 anos de democracia.

Para o analista pol�tico Gustavo C�rdoba, diretor da empresa de pesquisas Zurban C�rdoba, a atua��o de governadores e militantes peronistas espalhados pelo pa�s pode ter pesado. "A territorialidade ainda tem um valor importante na Argentina", afirma ele, que, apesar disso, v� os resultados do primeiro turno com cautela.

"Todo segundo turno � uma elei��o completamente diferente. Em 2015, Mauricio Macri [PRO] ficou em segundo, mas terminou triunfando por tr�s pontos. Agora � preciso ver como se reconfigura o cen�rio da representa��o pol�tica do pa�s, o que vai acontecer com o Juntos pela Mudan�a e os eleitores de Bullrich."