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Estado de Minas ELEI��ES NO PA�S VIZINHO

Brasileiros que moram na Argentina temem propostas de Milei sobre estrangeiros

Entre as propostas est�o a privatiza��o do sistema de educa��o e a sa�da da Argentina do Mercosul; mudan�as dificultariam a vida dos turistas brasileiros e de quem estuda no pa�s vizinho


26/10/2023 05:00 - atualizado 26/10/2023 08:32
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O libertário Javier Milei atrai a repulsa de setores da direita, que o associam ao fascimo
O libert�rio Javier Milei atrai a repulsa de setores da direita, que o associam ao fascimo (foto: (Luis Robayo/AFP))

Os brasileiros que vivem na Argentina est�o apreensivos com as mudan�as que o pa�s pode sofrer ap�s o resultado do segundo turno da elei��o presidencial, marcada para o pr�ximo dia 19 de novembro. A disputa ficar� entre o governista S�rgio Massa, atual ministro da Economia, e o deputado Javier Milei, candidato da extrema-direita com propostas e posicionamentos "hostis" aos estrangeiros.

Com apenas dois anos de participa��o pol�tica como deputado, o candidato da Coliga��o La Libertad Avanza acumula propostas pol�micas e tem como s�mbolo de campanha uma motosserra, a qual levou nos com�cios para o primeiro turno. Segundo ele, trata-se uma analogia aos cortes que pretende fazer no sistema tribut�rio do pa�s.

Entre os principais pontos defendidos por Milei est�o a dolariza��o da Argentina, a aboli��o da reforma constitucional de 2020 — que legalizou o aborto no pa�s —, a promessa de retirar a Argentina do Mercosul e a privatiza��o do sistema de educa��o, que deixaria de ser obrigat�rio e p�blico.

"O sistema obrigat�rio n�o funciona. Se voc� quiser estudar, ter� um voucher e poder� estudar. O dinheiro que o Estado separa para isso seria dividido entre as crian�as em idade escolar e um voucher seria entregue aos pais, para que eles possam escolher a escola que querem para os seus filhos”, defendeu o candidato durante a campanha para o primeiro turno.

De acordo com estimativa do Minist�rio das Rela��es Exteriores do Brasil, cerca de 90,3 mil brasileiros vivem na Argentina. Um dos atrativos no pa�s vizinho � a oportunidade de uma gradua��o p�blica e de qualidade, principalmente para quem sonha em cursar medicina. L�, n�o � preciso passar pelo vestibular para ingressar na universidade e as vagas para alguns cursos chegam a ser ilimitadas.

Natural de Curitiba (PR) e moradora da Argentina h� um ano e oito meses, a estudante de medicina Amanda Caetano sente receio com a poss�vel vit�ria de Milei. “Eu acho que o Milei � uma c�pia um pouco pior que o Bolsonaro, todo brasileiro que vive aqui sente um d�j� vu estranho, j� vimos esse filme no Brasil em 2018. Infelizmente, ele tem ideias ainda piores e o povo nunca sofreu tanto, a maioria do pessoal jovem aqui t� com ele.…Eu tenho medo sim, ele fala absurdos e ele fala que vai cobrar coisas dos estrangeiros”, diz.

 

"Milei representa o argentino que � contra os direitos que os estrangeiros t�m"

Os brasileiros na Argentina temem que uma poss�vel vit�ria de Milei alimente o �dio da popula��o contra estrangeiros. “Eu fiquei bem apreensiva porque o Milei representa muito o argentino que � contra os direitos que os estrangeiros t�m hoje aqui”, conta a brasileira Diele Scholl, estudante de medicina na Universidade de Buenos Aires (UBA).“Assusta bastante, o Milei tem muito apoio entre os argentinos e � bem radical quando fala dos estrangeiros”, completa.

Uma poss�vel sa�da da Argentina do Mercosul tamb�m resultaria em uma s�rie de problemas para os brasileiros que vivem ou viajam para o pa�s vizinho — e vice-versa. Hoje, brasileiros podem cruzar a fronteira somente com o documento de identidade. Em um cen�rio em que Milei seja eleito e consiga retirar a Argentina do Mercosul, existir� dificuldades no tr�nsito de pessoas entre os dois pa�ses. Sem o acordo, passaria a ser necess�rio o uso do passaporte para o controle de entrada.

“O passaporte � um documento que tem um certo custo. Nem todo brasileiro tem. Especialmente para vir para um pa�s t�o pertinho quanto a Argentina”, afirma Ana Luisa Cardoso, doutoranda em ci�ncias da educa��o em Ros�rio, cidade localizada a 300 quil�metros de Buenos Aires. Ela tem o documento argentino de resid�ncia, mas reconhece que a situa��o complicaria a vinda de familiares e amigos.

Isla Montalier, m�dica natural de Aracaju (SE) e residente de Buenos Aires h� 11 anos, diz que a vis�o de Milei para o Brasil � "muito limitada". "A gente seria afetado n�o s� pelo que ele faria, mas pelo que ele fala com rela��o aos estrangeiros. O que os argentinos est�o vendo hoje a gente j� vivenciamos h� quatro”, afirma.

Milei n�o ter� facilidade para implementar propostas

Ao contr�rio do que previam as pesquisas, Javier Milei recebeu menos votos que S�rgio Massa no primeiro turno das elei��es. O ministro da Economia totalizou 36,64% dos votos, contra 30,01% do candidato da extrema-direita. No entanto, a margem de cinco pontos percentuais deixa incerto o resultado da disputa, que ser� decidida a partir dos votos que foram para os candidatos derrotados — que somaram um ter�o dos votos. 

Mesmo que ven�a o pleito, Milei precisaria ainda do aval do Congresso argentino para implementar as propostas. A participa��o do partido dele no legislativo apresentou um aumento nesta elei��o, com a conquista de 38 deputados e oito senadores — o que ainda est� longe de representar uma maioria nas Casas legislativa, j� que a C�mara tem 257 cadeiras e o Senado tem 72.

Com a maior absten��o desde a retomada da democracia no pa�s, apenas 74% dos eleitores aptos a votar compareceram �s urnas no primeiro turno das elei��es gerais no �ltimo domingo (22). Os argentinos decidem os futuros governantes no dia 19 de novembro. At� l�, o cen�rio segue incerto para a popula��o e a apreens�o quanto � vit�ria de Milei permanece no radar.

 

 


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