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Estado de Minas MUDAN�A

COVID-19: como a Argentina se tornou um dos cinco pa�ses com mais casos no mundo

Em quest�o de dias, o pa�s galgou v�rias posi��es no ranking dos mais afetados pelo coronav�rus. Especialistas apontam que propaga��o da doen�a pelo interior e falta de cuidados dos mais jovens contribu�ram para surto se agravar


16/10/2020 17:46 - atualizado 16/10/2020 18:20

Argentina é o 5º país do mundo com mais casos e o 12º em óbitos(foto: EPA)
Argentina � o 5� pa�s do mundo com mais casos e o 12� em �bitos (foto: EPA)

At� o m�s passado, a Argentina era um dos pa�ses com menos casos de coronav�rus, segundo o levantamento da Universidade Johns Hopkins. Mas a situa��o mudou radicalmente desde ent�o.

 

 

 

Em quest�o de dias, o pa�s galgou v�rias posi��es no ranking e ultrapassou v�rias na��es, como Espanha, M�xico, Chile, Peru e Col�mbia.

Hoje, a Argentina � o quinto pa�s com mais registros de coronav�rus no mundo, com 949 mil, embora seja o 12º no total de �bitos, com 25,3 mil.

Em um discurso transmitido pela TV, o presidente Alberto Fern�ndez disse que, apesar da curva de cont�gio na regi�o metropolitana da capital Buenos Aires, que j� chegou a concentrar 85% dos infectados, ter se estabilizado, o coronav�rus "se espalhou por toda a Argentina".

O m�dico argentino Oscar Cingolani, professor da Johns Hopkins, destaca que a Argentina est� hoje entre os pa�ses com os maiores �ndices de novos casos por milh�o de habitantes.

Ele ressalta ainda que a din�mica da epidemia argentina foi diferente de outros pa�ses que hoje est�o entre os mais afetados pelo coronav�rus.

"Ao contr�rio do Brasil e dos Estados Unidos, a Argentina n�o teve um pico inicial", diz Congolani.

"Agora, os casos est�o caindo no Brasil, e na Argentina, observamos um crescimento lento e constante."

Quarentena nacional e obrigat�ria


Argentinos foram às ruas para protestar contra o presidente e a quarentena(foto: Reuters)
Argentinos foram �s ruas para protestar contra o presidente e a quarentena (foto: Reuters)

Poucos dias ap�s a confirma��o do primeiro caso do novo coronav�rus na Argentina, Fern�ndez implementou, em 20 de mar�o, uma quarentena nacional e obrigat�ria.

Tamb�m agrupou uma equipe de infectologistas e passou a falar quase semanalmente aos argentinos sobre a import�ncia da preven��o da COVID-19.

O uso de m�scaras foi logo popularizado e tornou-se raro ver algu�m sem uma nas ruas do pa�s.

O governo espalhou cartazes pedindo que as pessoas ficassem em casa, suspendeu voos dom�sticos e internacionais e restringiu o uso de transporte p�blico, que passou a ser exclusivo de trabalhadores essenciais, como profissionais de sa�de e funcion�rios de supermercados.

Nos primeiros meses, as medidas contaram com a ades�o de grande parte da popula��o. Governadores e prefeitos seguiram as orienta��es do presidente, mesmo aqueles que fazem oposi��o do seu governo.

"A quarentena ajudou o pa�s a refor�ar seu sistema de sa�de e a evitar v�rias mortes", Congolani.

Recordes de casos e mortes


As escolas reabriram recentemente no país, em meio a agravamento da epidemia(foto: Reuters)
As escolas reabriram recentemente no pa�s, em meio a agravamento da epidemia (foto: Reuters)

Mas os dados oficiais mostram que a pandemia no pa�s nunca esteve t�o grave quanto agora, quase oito meses depois da pandemia atingir a Argentina.

Na quinta-feira (15/10), foi registrado o maior n�mero di�rio de novos casos: foram 17,09 mil. O recorde de mortes se deu e 8 de outubro, com 515 �bitos registrados em um �nico dia.

Um dos motivos para esse agravamento foi a propaga��o do coronav�rus pelo interior do pa�s, diz Omar Sued, presidente da Sociedade Argentina de Infectologia.

At� pouco tempo atr�s, praticamente n�o havia casos da doen�a no interior. Mas a reabertura no in�cio de setembro foi feita sem os mesmos protocolos de preven��o contra o v�rus que foram aplicados na Cidade Aut�noma de Buenos Aires, a capital do pa�s, e na Prov�ncia de Buenos Aires.

A falta de precau��o tornou o interior um terreno f�rtil para o avan�o da COVID-19. "Hoje, a situa��o � delicada", diz Sued.

No interior, as condi��es para a realiza��o de testes de coronav�rus s�o, muitas vezes, mais limitadas. A isso se soma o fato de as pessoas j� estarem cansadas de cumprir o confinamento.

Para Sued, que faz parte da equipe de infectologistas que assessora a Presid�ncia, outro fator que dificulta ainda mais o combate da epidemia agora � que os governadores da oposi��o j� n�o demonstram a mesma disposi��o de agir em sintonia com as orienta��es sanit�rias do governo federal.

"Alguns estimulam at� o uso de rem�dios que ainda n�o tiveram seu efeito comprovado", diz.

'Dois pa�ses'


O coronavírus se espalhou por toda a Argentina, disse o presidente Alberto Fernández(foto: Reuters)
O coronav�rus se espalhou por toda a Argentina, disse o presidente Alberto Fern�ndez (foto: Reuters)

O m�dico Marcelo Nahin, coordenador de transplantes do Hospital de Alta Complexidade El Cruce, diz que a Argentina se comportou como se fosse na verdade dois pa�ses.

"Enquanto os casos estavam concentrados na regi�o metropolitana de Buenos Aires, as pessoas no interior do pa�s levavam vida quase normal. Sa�am para jantar e faziam encontros familiares", diz Nahin.

O m�dico avalia que isso contribuiu para a circula��o do v�rus. Ao mesmo tempo, as barreiras em estradas e aeroportos, criadas por v�rios munic�pios e Prov�ncias para impedir ou limitar a entrada de quem n�o morava nestes locais, parecem n�o ter surtido os efeitos esperados.

Nahin observa que a m�dia de idade dos infectados na Argentina � de 36 anos, o que indica que os mais jovens relaxaram na preven��o por acreditarem que seriam menos afetados pelo v�rus.

Enquanto os idosos tomaram mais cuidados, os mais jovens continuaram saindo de casa normalmente e podem ter passado o v�rus para familiares, diz Nahin.

Os cr�ticos da longa quarentena realizada no pa�s dizem ainda que, ao longo desse tempo, a popula��o perdeu o medo de contrair a COVID-19.

Junto com isso, a necessidade de sair para trabalhar, em um pa�s onde a informalidade atinge mais de 40% da popula��o economicamente ativa, tamb�m falou mais alto, observa Adolfo Rubinstein, que foi ministro da Sa�de do governo de Mauricio Macri, opositor de Fern�ndez.

Rubinstein disse que a quarentena "foi muito longa" e que, na pr�tica, deixou de ser respeitada dois ou tr�s meses depois de seu in�cio.

"Confinamento tem limites. Se a Argentina tivesse realizado mais testes de coronav�rus, poderia ter isolado os que deram positivo e evitado a prolifera��o do v�rus. O recurso da quarentena, como medida preventiva, foi exagerado e ainda afetou a economia do pa�s", diz ele.

Por sua vez, Sued afirma que, com a quarentena, o pa�s pode construir doze hospitais e ampliou a realiza��o de testes nos �ltimos meses de 300 para 25 mil exames di�rios.

"Para um pa�s com limita��es financeiras, n�o estamos fazendo pouco. Ao contr�rio", diz Sued.

Por�m, at� aqui, os especialistas concordam que apesar de preocupante, o sistema de sa�de argentino n�o tende a "colapsar".



(foto: BBC)
(foto: BBC)

(foto: BBC)
(foto: BBC)

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