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Estado de Minas COVID-19

Coronav�rus: quatro sinais de alerta que indicam surgimento de variantes perigosas

Enquanto as taxas de cont�gio estiverem altas, novas variantes do coronav�rus devem surgir. Saiba que situa��es acendem a luz amarela para muta��es perigosas.


10/02/2021 06:06 - atualizado 10/02/2021 08:04


Reino Unido foi um dos países afetados por variantes que parecem ser mais contagiosas - e portanto perigosas - do coronavírus(foto: PA Media)
Reino Unido foi um dos pa�ses afetados por variantes que parecem ser mais contagiosas - e portanto perigosas - do coronav�rus (foto: PA Media)

O Reino Unido estava em sistema de lockdown em novembro de 2020. Ningu�m podia sair de casa, a n�o ser para atividades essenciais, como ir ao mercado. Pouco a pouco, as taxas de infec��o come�aram a baixar no pa�s, menos em Kent.

Apesar das regras r�gidas contra a circula��o de pessoas, a covid-19 continuava a avan�ar naquele condado do sudeste da Inglaterra, rapidamente lotando os hospitais com infectados.

Na �frica do Sul, em outubro de 2020, uma nova onda de covid-19 come�ou a invadir de repente a prov�ncia de Cabo Oriental. A taxa de infectados era muito maior que a das outras �reas do pa�s, onde o n�mero de casos estava se estabilizando depois do primeiro surto da covid-19.

Em Manaus, uma crise sem precedentes alcan�ou seu pico no dia 15 de janeiro, quando hospitais superlotados ficaram sem oxig�nio. A cidade, j� muito castigada pela primeira onda de covid-19, vivia uma nova explos�o da doen�a.

Nos tr�s casos acima, novas variantes, mais contagiosas, tiveram papel importante no caos provocado pela alta em infec��es e interna��es. E a tend�ncia � que outras muta��es continuem a ocorrer enquanto o v�rus estiver em circula��o.

Segundo pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil, quatro sinais de alerta s�o particularmente importantes no monitoramento de novas variantes:

1. Surto de hospitaliza��es;

2. Evid�ncias de reinfec��o;

3. Mudan�as em sintomas e gravidade da doen�a;

4. Altera��es nas faixas et�rias mais infectadas.

Ficar atento a esses ind�cios para identificar o quanto antes muta��es perigosas � essencial para impedir que variantes se espalhem e para mitigar o dano que elas podem provocar.

Os principais riscos s�o o v�rus se tornar mais letal, mais contagioso e mais resistente a vacinas e ao sistema imunol�gico humano.

1) Surto de hospitaliza��es

Um dos principais alertas para a possibilidade de uma nova variante na �rea � a ocorr�ncia de um aumento repentino de interna��es e mortes por covid-19.

Nesse caso, pesquisadores primeiro verificam se h� uma explica��o humana. Por exemplo, se o governo local flexibilizou regras de contato social nas semanas que antecederam ao surto ou se ele ocorreu pouco ap�s per�odo de festividades, como Natal ou Ano Novo.

Se n�o h� uma explica��o razo�vel para uma localidade vivenciar, de repente, uma disparada das infec��es, trata-se de um sinal de alerta para a possibilidade de variante mais contagiosa circulando naquela regi�o.

Foi esse "sinal amarelo" que impulsionou cientistas da �frica do Sul a mobilizar esfor�os para identificar mudan�as gen�ticas no coronav�rus em circula��o na prov�ncia de Cabo Oriental.

Enquanto todo o pa�s vivenciava um "plat�" de infec��es no in�cio de outubro de 2020, quase tr�s meses ap�s o pico da primeira onda de covid-19 l�, a cidade de Nelson Mandela Bay sofria um aumento exponencial de hospitaliza��es.

Em novembro, pesquisadores da Universidade KwaZulu-Natal, em Durban, na �frica do Sul, sequenciaram o v�rus de pessoas infectadas naquela cidade e verificaram que se tratava de uma variante com 20 muta��es — um n�mero considerado alto para o Sars-CoV-2.

Logo, a covid-19 voltou a se espalhar pelo pa�s, provocando uma nova onda com pico de infec��o maior que a primeira. A alta taxa de infec��o levou os cientistas a desconfiarem que seria uma vers�o mais contagiosa do v�rus.

Eles, ent�o, identificaram duas muta��es particularmente preocupantes e que depois tamb�m seriam encontradas na variante descoberta em Manaus: a N501Y e a E484K. Ambas se localizam na spike do Sars-CoV-2, como � chamada a prote�na que serve de ponto de liga��o entre o coronav�rus e as c�lulas do corpo humano.

A N501Y torna o v�rus mais contagioso, enquanto a E484K dribla a a��o dos anticorpos neutralizantes, que se colocam entre a spike e as c�lulas humanas para impedir a fixa��o do v�rus.

Essa �ltima muta��o preocupa particularmente os cientistas porque parece reduzir a efic�cia de vacinas e h� suspeitas de que facilitem reinfec��o por pessoas que j� se contagiaram pelo v�rus original.


Aumento repentino em hospitalizações é um dos sinais de uma possível nova variante em circulação; acima, hospital na África do Sul(foto: Reuters)
Aumento repentino em hospitaliza��es � um dos sinais de uma poss�vel nova variante em circula��o; acima, hospital na �frica do Sul (foto: Reuters)

� a� que entra o segundo sinal de alerta para a presen�a de novas variantes.

2) Incid�ncia de reinfec��es

Se uma localidade come�a a perceber uma alta na infec��o de pessoas que dizem j� terem contra�do covid-19 antes, esse � outro fator de alerta para a poss�vel presen�a de variantes, especialmente se o novo cont�gio tiver ocorrido num curto espa�o de tempo.

Pesquisa feita pela ag�ncia governamental de Sa�de P�blica da Inglaterra, a Public Health England, apontou que a maioria das pessoas que j� contra�ram covid-19 (83%) tem imunidade por pelo menos cinco meses.

Se um n�mero consider�vel de pessoas que j� se contagiaram come�ar a testar positivo para covid-19, pode ser que esteja em circula��o uma variante capaz de driblar os anticorpos produzidos pelo sistema imune ap�s uma primeira infec��o.

A reinfec��o por variante � uma das hip�teses pesquisadas para explicar o surto de hospitaliza��es e mortes ocorrido em janeiro em Manaus, no Amazonas. A cidade j� havia sofrido duramente com a primeira onda da doen�a. E uma pesquisa publicada na revista Science em 9 de dezembro estimava que 76% da popula��o j� teria contra�do covid-19.

Em tese, esse n�mero (caso esteja correto) seria um percentual suficiente para gerar a chamada imunidade de rebanho, quando o n�mero elevado de pessoas com anticorpos � capaz de frear a circula��o da doen�a porque ela passa a ter dificuldade para encontrar pessoas vulner�veis e perde for�a. Mas, em janeiro, os hospitais da capital amazonense come�aram a lotar rapidamente a ponto de a estrutura p�blica de sa�de entrar em colapso e dezenas de pessoas morrerem por falta de oxig�nio.

Uma hip�tese para esse novo pico casos de covid-19 � que parte deles seja de reinfec��es pela variante P.1, que circulava em Manaus naquela ocasi�o.

O virologista Felipe Naveca, que participou do sequenciamento dessa variante, explica que � dif�cil confirmar casos maci�os de reinfec��o, porque � preciso que o paciente passe por dois testes de covid-19 com testagem positiva num intervalo de 90 dias, al�m do sequenciamento de duas linhagens diferentes do v�rus.

"Muitas vezes n�o se consegue isso porque a pessoa procura o sistema de sa�de no final da infec��o. Mas acredito que h� v�rios casos de reinfec��o. Temos alguns para serem confirmados", disse o pesquisador, que integra o Instituto Le�nidas & Maria Deane (ILMD/FioCruz).


Se um número considerável de pessoas que já se contagiaram começar a testar positivo para covid-19, pode ser que esteja em circulação uma variante capaz de driblar os anticorpos produzidos pelo sistema imune após uma primeira infecção(foto: Science Photo Library)
Se um n�mero consider�vel de pessoas que j� se contagiaram come�ar a testar positivo para covid-19, pode ser que esteja em circula��o uma variante capaz de driblar os anticorpos produzidos pelo sistema imune ap�s uma primeira infec��o (foto: Science Photo Library)

3) Mudan�a de sintomas e gravidade

Outro sinal de poss�vel surgimento de variante � uma altera��o consistente nos sintomas de quem testa positivo para covid-19 ou uma eleva��o significativa de casos graves da doen�a.

Esses fatores indicariam a presen�a de muta��es que interagem de maneira diferente com as c�lulas humanas, provocando rea��es que destoam das causadas pela cepa original do coronav�rus.

Por enquanto, n�o h� evid�ncias conclusivas de que as variantes encontradas em Manaus, na �frica do Sul e no Reino Unido provoquem sintomas diferentes ou sejam mais agressivas.

Mas, por serem mais transmiss�veis, elas podem aumentar rapidamente o n�mero de infectados, provocando superlota��o de hospitais e mais mortes.

Al�m disso, por garantirem um "encaixe" mais eficaz de part�culas do v�rus na c�lula humana e driblarem a a��o de anticorpos, as muta��es N501Y e E484K acabam produzindo cargas virais mais altas nos infectados.

E cargas virais elevadas est�o relacionadas a quadros mais graves da doen�a.

"Estudos indicam que essas variantes permitem que o v�rus se conecte � c�lula de maneira mais eficaz, mais s�lida. E que maior quantidade de v�rus consiga aderir a cada c�lula. Ent�o, temos um ritmo maior de reprodu��o do v�rus no corpo", explica o virologista Julian Tang, da Universidade de Leicester, no Reino Unido.

Pesquisa preliminar divulgada pelo governo brit�nico em 22 de janeiro estimou que a variante achada em Kent (Reino Unido) pode ser at� 30% mais mortal que o v�rus original.

Conforme o estudo, entre mil pessoas de 60 anos infectadas pela variante antiga, 10 possivelmente morrer�o. Com a variante identificada em Kent, esse n�mero sobe para 13 em mil.

4) Mudan�a na faixa et�ria infectada

Por fim, outro sinal a ser observado � um eventual cont�gio mais acelerado de pessoas em grupos et�rios pouco atingidos pela cepa original do coronav�rus.

Ou seja, se mais crian�as e adolescentes come�arem a se infectar ou apresentar casos mais graves de covid-19, isso seria um indicativo de variante com muta��es capazes de melhorar a conex�o entre a prote�na spike do v�rus e os receptores das c�lulas de jovens.

Estudos indicam que crian�as s�o afetadas menos gravemente pelo coronav�rus por possu�rem menos receptores no pulm�o capazes de reconhecer e se conectar � prote�na spike.


"Sem medidas de conten��o e sem uma ampla cobertura vacinal, pode ser que surja uma variante que v� burlar completamente as vacinas. Isso � uma preocupa��o", diz especialista; acima, vacina��o no Amazonas, onde uma variante ajudou a fazer colapsar o sistema de sa�de de Manaus (foto: EPA)

Por enquanto, n�o h� estudos conclusivos sobre o impacto das variantes em crian�as. Mas o governo brit�nico j� afirmou haver ind�cios de uma transmiss�o maior da variante do Reino Unido entre crian�as.

Isso ajudaria a explicar a rapidez com que essa variante se espalhou por todo o territ�rio, se tornando o v�rus dominante na Inglaterra.

Por causa da desconfian�a de que o v�rus estaria contagiando mais crian�as e jovens, o primeiro-ministro Boris Johnson determinou o fechamento das escolas na Inglaterra pelo menos at� o dia 8 de mar�o. A reabertura depender� das taxas de vacina��o entre a popula��o mais vulner�vel.

Como parar o surgimento de novas variantes?

Enquanto o v�rus estiver circulando com taxas significativas de transmiss�o, h� risco de novas variantes surgirem, destaca a microbiologista Ana Paula Fernandes, pesquisadora do Centro de Tecnologia em Vacinas e Diagn�stico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

"Quanto mais pessoas infectadas numa popula��o, maior a chance de aparecer variante", diz Fernandes, que tamb�m � coordenadora da rede nacional de diagn�sticos, que une diferentes universidades e institutos de pesquisa do Brasil para responder � pandemia.

"Sem medidas de conten��o e sem uma ampla cobertura vacinal, pode ser que surja uma variante que v� burlar completamente as vacinas. Isso � uma preocupa��o."

Entre as recomenda��es de Fernandes e do virologista da FioCruz Felipe Naveca para reduzir a transmiss�o est�o: usar m�scaras profissionais, como N95, em ambientes fechados, tentar circular apenas ao ar livre ou em ambientes ventilados, abrir o vidro do carro, principalmente se estiver em t�xi ou Uber, evitar frequentar bares, restaurantes e outros locais de lazer que concentrem pessoas em local fechado, usar m�scaras mesmo ao ar livre, lavar as m�os constantemente e usar �lcool em gel.


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O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. 

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

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